Hamas liberta reféns e alivia temores sobre cessar-fogo
15 de fevereiro de 2025
Última troca prevista na 1ª fase do acordo ocorre apesar de temores sobre colapso da trégua entre Hamas e Israel. Islamistas libertam três reféns; Israel envia 369 prisioneiros palestinos de volta à Faixa de Gaza.
Hamas libertou três reféns israelenses em troca da soltura de centenas de prisioneiros palestinosFoto: Eyad Baba/AFP/Getty Images
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O grupo islamista Hamas libertou neste sábado (15/01) três reféns israelenses em troca da soltura de centenas de prisioneiros palestinos detidos em Israel, aliviando os temores de que o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza estivesse próximo de um colapso.
Militantes do Hamas exibiram os reféns em um palco diante de uma multidão na cidade de Khan Yunis, no sul de Gaza. Os israelenses foram obrigados a fazer declarações em um microfone antes de serem entregues à Cruz Vermelha e levados de volta a seu país.
Portando sacolas de presentes dados por seus captores e certificados que marcam o fim de seu cativeiro, os três homens pediram a conclusão de mais trocas de reféns sob o acordo.
Pouco depois, um ônibus com prisioneiros palestinos partiu da prisão de Ofer, em Israel, e foi recebido por uma multidão na cidade de Ramallah, na Cisjordânia. Outros ônibus levaram detentos de uma prisão israelense no deserto de Negev para a Faixa de Gaza.
Fim da primeira fase do acordo
A troca deste sábado, a sexta desde que a trégua entrou em vigor em 19 de janeiro, ocorreu depois de o Hamas ameaçar suspender as libertações de reféns devido a supostas violações israelenses. Por sua vez, Israel ameaçou reiniciar a guerra se os reféns não fosse libertados. A troca deste sábado foi a última da primeira das três fases previstas pelo acordo de cessar-fogo.
Os três reféns – o israelense-americano Sagui Dekel-Chen, o israelense-russo Sasha Trupanov e o israelense-argentino Yair Horn – estavam detidos pelo Hamas desde os ataques terroristas do grupo a Israel, em 7 de outubro de 2023, que deu início à guerra que se estendeu por 16 meses.
Segundo a entidade Clube dos Prisioneiros Palestinos, Israel deveria libertar 333 pessoas que foram presas durante a guerra, bem como 36 prisioneiros que cumprem penas de prisão perpétua, 24 dos quais seriam deportados sob os termos do acordo. As autoridades israelenses, porém, confirmaram a libertação de um total de 369 prisioneiros.
Uma multidão se reuniu no centro comercial israelense de Tel Aviv para assistir a uma transmissão ao vivo da troca. A libertação da semana passada gerou indignação em Israel, após os reféns libertados serem exibidos no palco aparentando péssimas condições de saúde, o que aumentou as preocupações sobre as condições do cativeiro.
Em Gaza também havia temores em relação aos palestinos sob custódia israelense, depois que vários deles tiveram que ser hospitalizados após serem libertados na semana passada. O ONG Crescente Vermelho disse que quatro dos prisioneiros foram transferidos para um hospital na Cisjordânia.
Após o acordo estar aparentemente à beira de um colapso, um oficial do Hamas disse nesta sexta-feira que o grupo espera que as negociações sobre a segunda fase do cessar-fogo comecem no início da próxima semana. As negociações sobre a segunda fase visam estabelecer as etapas para se chegar a um fim permanente da guerra.
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Pressão dos EUA fragiliza trégua
O Secretário de Estado americano, Marco Rubio, cujo país é o principal apoiador de Israel e um dos mediadores da trégua, deve chegar a Tel Aviv neste sábado para conversas com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em torno do cessar-fogo.
A organização israelense Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos alertou em contra o colapso do acordo e pediu que duas partes que "aproveitem o momento para fazer um acordo rápido e responsável para todos".
O cessar-fogo está sob enorme pressão desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, propôs uma "tomada" da Faixa de Gaza, que incluiria a transferência da população do território, de mais de dois milhões de pessoas, para o Egito ou a Jordânia.
Os países árabes se uniram para rejeitar o plano de Trump. A Arábia Saudita reunirá os líderes do Egito, Jordânia, Catar e Emirados Árabes Unidos na próxima quinta-feira para discutir o assunto.
Os ataque terroristas do Hamas em 7 de outubro de 2023 a Israel resultaram na morte de mais de 1.200 pessoas, a maioria, civis. Os militantes também fizeram 251 reféns, dos quais 70 ainda permanecem em Gaza, incluindo 35 que os militares israelenses dizem estarem mortos.
Os ataques aéreos e ofensivas terrestres israelenses nos 16 meses do conflito deixaram mais de 48 mil mortos no enclave palestino, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas.
rc (AFP, AP)
O mês de fevereiro em imagens
Reveja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: John Macdougall/AFP/Getty Images
Hamas entrega corpos de 4 reféns israelenses
Grupo islamista alega que reféns teriam sido mortos em bombardeio de Israel. Vítimas são um bebê de 9 meses, seu irmão de 4 anos, a mãe deles, de 32 anos, e um idoso de 83 anos. O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) acusou o Hamas de ter transformado o ato em palco político. (20/02)
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Irritado ao ouvir de Volodimir Zelenski que vive numa "bolha de desinformação" após ter ecoado a linha oficial do Kremlin e atribuído à Ucrânia a culpa pela invasão russa em 2022, o presidente americano Donald Trump chamou o colega de "ditador" e aconselhou-o a ser "rápido" se não quiser "ficar sem país". A escalada diplomática é mais um passo no estranhamento entre EUA e Ucrânia. (19/02)
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Procuradoria denuncia Bolsonaro e outros 33 ao STF por tentativa de golpe
A Procuradoria-Geral da República denunciou Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas ao Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado. O ex-presidente é acusado de cinco crimes, que juntas somam até 43 anos de prisão: organização criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. (18/02)
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Avião capota no Canadá
Um avião da Delta capotou em acidente ocorrido no Aeroporto Internacional Pearson de Toronto, no Canadá, ficando de barriga para cima na pista e deixando ao menos 15 feridos. O terminal ficou horas paralisado após o acidente. (17/02)
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Candidatos a chanceler federal se enfrentam em debate na Alemanha
Temas como imigração, economia, relação com Estados Unidos e guerra na Ucrânia pautaram o primeiro debate com os quatro principais candidatos a chanceler federal. O evento colocou Olaf Scholz, do SPD, contra seu principal rival, Friedrich Merz, que lidera com folga as pesquisas de intenção de voto. Também participaram Alice Weidel, da AfD, e o vice-chanceler Robert Habeck, dos Verdes. (16/02)
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Tumulto deixa dezenas de mortos em estação de trem na Índia
Pelo menos 15 pessoas morreram e mais de 10 ficaram feridas em um tumulto em uma estação ferroviária na capital da Índia, Nova Délhi, quando uma multidão tentava chegar na maior congregação religiosa do mundo, o Khumba Mela. No mês passado, 30 pessoas morreram em um tumulto no festival hindu de Kumbh Mela, no norte da Índia. (15/02)
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Vice-presidente dos EUA pede resgate de valores europeus e fim do "cordão sanitário"
JD Vance provocou choque entre líderes europeus que acompanharam seu discurso na Conferência de Segurança de Munique. O americano quebrou o protocolo ao focar sua fala na política interna da União Europeia, e disse que os EUA estão preocupados com os valores que os europeus estão defendendo. Ele ainda sugeriu o fim do "cordão sanitário" que isola a ultra direita no parlamento alemão. (14/02)
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Carro avança sobre multidão em Munique, na Alemanha
Um automóvel atropelou um grupo de pessoas no centro de Munique, deixando 30 feridos. As causas do incidente estão sendo investigadas. O governador da Baviera, Markus Söder, falou em "possível atentado". O motorista do automóvel seria um afegão de 24 anos que tinha autorização de permanência no país. Chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, diz que suspeito "tem que deixar o país". (13/02)
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Governo em Berlim prolongou por mais seis meses os controles em todas as suas fronteiras exteriores, a fim de "frear a imigração irregular", segundo o chanceler federal Olaf Scholz. A medida foi adotada em setembro de 2024. (12/02)
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Em torno de 60 países assinaram em Paris uma declaração que pede o uso transparente e sustentável da inteligência artificial e regulamentações internacionais, com EUA e Reino Unido sendo as notáveis ausências na lista de signatários. O vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, expôs na cúpula as várias reservas dos EUA em relação ao tema.(11/02)
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Donald Trump impõe tarifas de 25% sobre a importação de aço e alumínio
Presidente dos EUA, Donald Trump, assina ordem executiva determinando imposição de tarifas de 25% sobre a importação de aço e alumínio, o que poderá afetar as exportações brasileiras. O decreto de Trump cancela isenções e cotas isentas de impostos para os principais fornecedores, em uma medida que pode aumentar o risco de uma guerra comercial multifacetada. (10/02)
Foto: Kyodo/picture alliance
Hamas anuncia retirada do exército israelense do corredor de Netzarim, em Gaza
O corredor de Netzarim é uma faixa de terra que divide o enclave palestino em norte e sul. Ele foi estabelecido por Israel quando o conflito em Gaza começou e até agora era militarizado pelo exército israelense. Como parte da trégua entre Israel e o Hamas, o exército israelense se comprometeu a se retirar do corredor e, assim, permitir que os palestinos retornem ao norte de Gaza. (09/02)
Prisioneiros palestinos libertados são saudados por uma multidão ao chegarem à Faixa de Gaza depois de serem libertados de uma prisão israelense. Israel e o grupo extremista Hamas concluíram neste sábado a quinta troca de reféns e prisioneiros, como parte do acordo de cessar-fogo em curso. (08/02)
Foto: Abdel Kareem Hana/AP/picture alliance
Rio vermelho
A água do rio Sarandí, na província de Buenos Aires, ganhou um tom vermelho vivo. A suspeita é de que o fenômeno tenha sido causado pelo vazamento de corante da indústria têxtil ou de resíduos químicos de uma fábrica próxima ao rio, que atravessa o município de Avellenada, a quase 10 quilômetros de Buenos Aires. (07/02)
Foto: Rodrigo Abd/AP/dpa/picture alliance
Israel prepara plano para saída "voluntária" de Gaza
O ministro da defesa de Israel, Israel Katz, ordenou que o exército prepare um plano para a saída de "qualquer residente de Gaza que deseje sair", após declarações do presidente americano, Donald Trump, sobre um possível deslocamento dos habitantes de Gaza. (06/02)
Foto: Dawoud Abu Alkas/REUTERS
Milei segue passos de Trump e retira Argentina da OMS
Presidente da Argentina, Javier Milei, segue exemplo de seu colega em Washington, Donald Trump, e retira o país da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ele acusou a entidade de "crime de lesa humanidade" ao intervir nas soberanias nacionais e repetiu acusações do líder americano de "má gestão da saúde". (05/02)
Foto: Tomas Cuesta/Getty Images
Atirador deixa mortos em escola na Suécia
Um atirador matou cerca dez pessoas em um ataque a uma escola para adultos em Örebro, na Suécia. A polícia informou que o agressor também estava entre os mortos. A Suécia vem enfrentando uma onda de tiroteios e ataques a bomba resultantes do problema endêmico no país de crimes de gangues. (04/02)
Governo federal regulamenta poder de polícia da Funai
Decreto regulamenta o poder de polícia de agentes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). A função foi prevista na lei que criou o órgão, em 1967, mas nunca havia sido regulamentada. Funcionários poderão usar a força para combater violações como ataques ao patrimônio cultural, invasões e atividades de exploração exercidas por terceiros dentro de terras indígenas. (03/02)
Foto: Reuters/Handout FUNAI
Multidão protesta contra fim do "cordão sanitário" em Berlim
Protestos eclodiram em toda a Alemanha após partido conservador CDU acatar votos da ultradireita em projeto anti-imigração, rompendo o isolamento da sigla AfD no parlamento alemão. Polícia registrou confrontos com manifestantes. Na capital alemã, 160 mil pessoas se reuniram e direcionaram palavras de ordem contra o candidato a chanceler federal Friedrich Merz. (02/02)
Foto: John Macdougall/AFP/Getty Images
Morre Horst Köhler, ex-presidente da Alemanha
O ex-presidente da Alemanha Horst Köhler morreu aos 81 anos em Berlim. Ele foi o nono presidente alemão do pós-guerra, entre 2004 e 2010. Enquanto esteve no cargo, ele se dedicou a temas voltados para as relações exteriores, projetos de desenvolvimento na África e mudanças climáticas. Antes de entrar para a política, Köhler foi economista e diretor do FMI. (01/02)