Líder do grupo radical islâmico diz que "armas da resistência são sagradas" e estão fora de negociação com Israel. "Não há política sem resistência, e não há resistência sem armas."
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O líder do movimento islâmico palestino Hamas, Khaled Meshaal, rejeitou nesta quinta-feira (28/08) qualquer proposta de desarmar seus combatentes na Faixa de Gaza. O desarmamento era uma das exigências impostas por Israel para um cessar-fogo de longo prazo, mas não está previsto no acordo de cessar-fogo alcançado nesta terça-feira, após sete semanas de conflito.
"As armas da resistência são sagradas" e não podem estar sujeitas à negociação com Israel, afirmou Meshaal durante uma coletiva de imprensa realizada em Doha, no Qatar, onde vive no exílio. "Não há política sem resistência, e não há resistência sem armas", acrescentou, afirmando que o grupo não abrirá mão das armas como parte de nenhum acordo.
O líder do grupo radical islâmico disse ainda que as armas "garantem que as exigências [do Hamas] não serão negligenciadas". "Nem todas as nossas demandas foram atendidas, mas uma parte importante delas, sim", disse, referindo-se à amenização do bloqueio à Faixa de Gaza acordado com Israel nesta terça-feira.
"Isso [o acordo] não é o fim. É apenas um marco na luta por nosso objetivo. Sabemos que Israel é forte e conta com a ajuda da comunidade internacional. Não vamos restringir nossos sonhos ou fazer concessões às nossas exigências", disse Meshaal.
Os 50 dias de guerra em Gaza em 2014
Os momentos-chave do conflito entre Israel e Hamas, que deixou mais de 2 mil mortos.
Foto: Reuters
Governo de unidade palestino
Em 2 de junho, en Ramallah, na Cisjordânia, Hamas e Fatah oficializam um governo de unidade. Europeus e americanos manifestam apoio, porém com cautela. O governo israelense reage e suspende as negociações de paz mediadas pelos Estados Unidos, por considerar o Hamas uma organização terrorista.
Foto: Reuters
Sequestro de três estudantes
Em 12 de junho, três estudantes israelenses são sequestrados. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu culpa o Hamas pelo desaparecimento dos jovens. No final de junho, os corpos são encontrados. Em 23 de agosto, pouco antes do cessar-fogo duradouro, o Hamas assumiria envolvimento no assassinato dos três.
Foto: Menahem Kahana/AFP/Getty Images
Assassinato de jovem palestino
Em 2 de julho, o corpo de um adolescente palestino, de 16 anos, é encontrado numa floresta perto de Jerusalém. A família acusa colonos israelenses do assassinato. Na parte árabe de Jerusalém, há confrontos com a polícia israelense. Após seguidos lançamentos de foguetes a partir da Faixa de Gaza, o Exército israelense move tropas adicionais à divisa com o território palestino.
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Começa a guerra
Em 8 de julho, o conflito entre israelenses e palestinos torna-se novamente uma guerra. Em poucas horas, dezenas de foguetes são lançados da Faixa de Gaza contra Israel. Não há feridos, já que grande parte dos mísseis são destruídos no ar. Nos ataques aéreos israelenses, mais de 20 pessoas são mortas.
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Iniciam-se as negociações
Após uma semana de conflito, em 14 de julho surge a primeira esperança de um cessar-fogo. O Egito intervém como mediador. Israel concorda com uma trégua prevista para o dia seguinte. O Hamas rejeita a proposta egípcia. "Um armistício sem um acordo com Israel está fora de questão", disse o porta-voz do grupo. A guerra, então, já tinha 180 mortos.
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A primeira trégua
Em 17 de julho, pela primeira vez desde o início dos combates, Israel e Hamas concordam com um cessar-fogo de cinco horas. Após o período, Israel começa uma ofensiva terrestre. Netanyahu detalha os objetivos da operação: a infraestrutura do Hamas deve ser destruída, especialmente os chamados "túneis do terror".
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Protestos pelo mundo
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apela por uma suspensão dos ataques. Um dia depois, em 20 de julho, ele viaja com o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, ao Cairo para discutir uma trégua. Em Gaza, milhares de pessoas fogem de suas casas e procuram abrigo. Em alguns países, há protestos contra a ofensiva de Israel. Em Paris, há manifestações e ataques contra instituições judaicas.
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Ataque a escola da ONU
Em 24 de julho, 15 pessoas morrem e mais de 200 ficam feridas em um ataque israelense a uma escola das Nações Unidas. O Exército de Israel argumenta que havia avisado sobre a investida antes de ela ocorrer. A agência de refugiados da ONU informa que a evacuação da escola não era possível. Mais de 570 palestinos e 25 soldados israelenses são as vítimas da guerra até então.
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Novo cessar-fogo
Em 26 de julho, começa um cessar-fogo de 12 horas. Em Paris, ministros do Exterior se encontram para discutir uma trégua permanente. Muitos palestinos usam a suspensão dos ataques para comprar medicamentos e alimentos. Os serviços de emergência retiram mais de 130 corpos dos escombros. Israel anuncia o prolongamento do cessar-fogo por algumas horas, mas o Hamas dispara foguetes novamente.
Foto: imago
Tréguas violadas
Uma nova trégua é violada, em 1º de agosto. Nos dias seguintes, o caso se repete. No início de agosto, Israel dispara novamente contra uma escola da ONU e, em seguida, retira as tropas terrestres da Faixa de Gaza. No Cairo, as partes envolvidas no conflito negociam um cessar-fogo duradouro.
Foto: picture-alliance/dpa
Chance à paz
A mais longa trégua desde o início da guerra possibilita, a partir de 10 de agosto, negociações. O cessar-fogo que era para durar três dias se estende por nove. O mediador, Egito, evita a longa lista de exigências dos dois lados. Um pequeno texto seria promissor para um possível acordo. A abertura das fronteiras de Gaza e a expansão gradual da zona de pesca são discutidas.
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Mortes passam de 2 mil
Um armistício permanente é quase alcançado em 19 de agosto. Mas foguetes são novamente lançados. Israel responde e mata, entre outros, a mulher e filho de um chefe militar do Hamas nos ataques. Dois mil palestinos foram mortos e mais de 10 mil ficaram feridos na guerra. O lado israelense contabiliza as mortes de 64 soldados e três civis. Uma criança israelense morre por um foguete lançado de Gaza.
Foto: Menahem Kahana/AFP/Getty Images
Cessar-fogo permanente
Depois de 50 dias de guerra, em 26 de agosto o Egito consegue fazer as duas partes chegarem, enfim, a um cessar-fogo permanente. O acordo entre os palestinos e Israel garante que as fronteiras de Gaza serão reabertas. As negociações para tratar de mais detalhes do acordo continuam em quatro semanas.
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Entretanto, na visão do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, nenhuma das demandas do Hamas foi satisfeita até o momento em que uma trégua "permanente" entrou em vigor às 19h (hora local) desta terça-feira. Ficou acertado que Israel irá aliviar as restrições à entrada de mercadorias, ajuda humanitária e materiais de construção em Gaza, além de ampliar a área de pesca na costa de Gaza.
Tópicos mais polêmicos, como as exigências do Hamas por um porto e um aeroporto, a libertação de prisioneiros, e inclusive a própria questão do desarmamento dos militantes palestinos foram adiadas até uma próxima rodada de negociações no Cairo, dentro de um mês. Ambos os lados, no entanto, apontaram a trégua como uma "vitória".
O recente conflito no Oriente Médio durou sete semanas e custou a vida de mais de 2 mil palestinos – mais de 70% deles civis e incluindo 490 crianças, de acordo com a ONU. Do lado israelense, foram 70 baixas, sendo seis civis e 64 soldados.