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Revitalização de Hamburgo

12 de dezembro de 2009

Há alguns meses, um grupo de artistas ocupou uma área central de Hamburgo para impedir os planos de reurbanização de uma companhia holandesa. Iniciativa conquistou simpatia da população e das autoridades.

Área do centro se revitaliza com interferência de artistasFoto: Dirk Schneider

O nome Gängeviertel significa literalmente bairro de passagens. E é exatamente isso que ele era antigamente, uma área de vielas estreitas.

'Bairro de passagens'Foto: DW

Hoje resta pouco do antigo Gängeviertel. Mas a oeste do representativo bulevar Jungfernstieg, ao longo do lago Alster, ainda há resquícios do antigo bairro entre os modernos edifícios comerciais e residenciais.

Este grupo de doze construções decadentes ficou vazio durante anos e o governo se mostrou satisfeito quando um investidor se interessou por nessa área urbana.

A sociedade holandesa de investimentos Hanzevast elaborou planos para demolir alguns edifícios originais, restaurar a fachada de outros e criar complexos de escritórios a apartamentos. Mas o que as autoridades e a Hanzenvast não tinham percebido é que o bairro histórico já começara a se revitalizar espontaneamente.

Movimento de protesto

Faixas de protesto contra o projeto da HanzevastFoto: Dirk Schneider

No final de agosto, um grupo de artistas se mudou para o Gängeviertel, a fim de protestar contra a venda da área e os planos da Hazenvast. Nas salas escuras e mofadas foram instalados ateliês, um centro de informação e galerias. Passantes que circulam pela área podem apreciar as obras de arte penduradas nas paredes.

"Isso aqui é como um oásis", disse Andi Barelas, um dos artistas que se transferiram para a área. "Estamos sentados aqui entre vidros e concreto. Mas isso é um pouco do centro antigo, que também é muito importante para a história de Hamburgo".

A polícia nunca chegou a expulsar os artistas do Gängeviertel. Muito pelo contrário, o empenho destes conquistou a simpatia das autoridades do município.

"Logo após os artistas terem ocupado parte da área, a governo de Hamburgo entrou em contato com eles e com o investidor, a fim de discutir como atender parte das reivindicações dos artistas", comentou Enno Isermann, da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, em entrevista à Deutsche Welle.

Ainda há cantos residenciais no GängeviertelFoto: Dirk Schneider

Ele afirma que a cidade está renegociando com a Hazenvast o contrato de revitalização da área, buscando formas de preservar uma parte maior dos prédios originais e garantir espaço para os artistas trabalharem. Algumas soluções possíveis seriam a cidade comprar de volta a área ou convencer a Hazenvast a mudar seus planos de reforma.

A Hazenvast se recusou a comentar o assunto com a Deutsche Welle.

Trazer de volta a vida ao centro da cidade

Segundo Isermann, os principais objetivos da cidade são preservar a área histórica e disponibilizar espaço para ateliês. Como as reivindicações dos artistas repercutiram entre os habitantes de Hamburgo, as autoridades também tiveram que ouvi-los.

"O objetivo de uma grande cidade como Hamburgo é tornar a vida do cidadão mais colorida e multifacetada possível", disse Isermann. "Essa é certamente a razão pela qual estamos tentando apoiar as iniciativas dos artistas, pois estamos convencidos de que uma cidade animada como Hamburgo deva abrir espaço a essas idéias."

Apesar de o governo da cidade anunciar que quer revitalizar essa área do centro, os artistas duvidam disso, afirmando que as únicas ideias governamentais para manter o centro movimentado após o fechamento das lojas são parques de diversão ou programas gastronômicos pelos quais tem que se pagar caro. As exposições gratuitas dos artistas oferecem algo que está fazendo falta, apontou Christine Ebeling, porta-voz do grupo.

Dinheiro é um grande problema para os artistas. Eles estão frustrados, porque a cidade só dá valor a coisas rentáveis. Embora os artistas ganhem dinheiro vendendo o seu trabalho, tanto Ebeling como o artista Carl Hofmann argumentam que sua contribuição para o Gängeviertel é mais cultural que comercial.

Uma galeria no GängeviertelFoto: DW

"Não é questão de comercializar", disse Hofmann, enquanto desmontava uma exposição para ceder espaço a um concerto de música clássica programado para a noite. "O espaço é para experimentos e oficinas, para atrair artistas de outras cidades ou de outros países".

O preço da criatividade

No entanto, a área em questão é valiosa e poderia ser rentável para os investidores. O diário Abendblatt, de Hamburgo, informou que os custos de reforma giram em torno de 20 milhões de euros e que a cidade teria que pagar 2 milhões de euros para obter a propriedade de volta.

Mas estes valores não preocupam Ebeling. "Se uma empresa ou um investidor fizer isso, terá que pagar muito dinheiro", disse ela. Mas os artistas têm acesso a uma equipe de voluntários e são experientes em conseguir materiais doados. Ela destaca os progressos que já foram feitos nos edifícios ocupados – um telhado novo aqui, uma parede pintada ali.

"A maioria de nós sabe trabalhar com isso", disse ela. "Temos um arquiteto, temos urbanistas e vários artesãos. Todos sabem o que precisa ser feito e como fazer".

Autora: Holly Fox
Revisão: Simone Lopes

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