Harvey Weinstein é condenado por estupro e abuso sexual
24 de fevereiro de 2020
Estopim do movimento #MeToo, ex-produtor aguardará na prisão por sua sentença, que pode chegar a 29 anos de prisão. Mas tribunal o absolve de comportamento sexual predatório, que poderia lhe render prisão perpétua.
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O ex-produtor de cinema Harvey Weinstein foi condenado pelos crimes de estupro e abuso sexual por um tribunal em Nova York nesta segunda-feira (24/02) – um marco para o movimento #MeToo, que inspirou mulheres a denunciarem publicamente assédios cometidos por homens poderosos.
Weinstein, que já foi um dos produtores mais influentes de Hollywood, foi declarado culpado por estuprar a atriz Jessica Mann num quarto de hotel em Nova York em março de 2013.
Ele também foi condenado por agredir sexualmente a ex-assistente de produção Mimi Haleyi. Segundo a acusação, o réu praticou sexo oral na vítima contra sua vontade no apartamento dele, em Nova York, em julho de 2006.
Contudo, o ex-produtor foi absolvido de outras duas acusações mais graves, de comportamento sexual predatório, que poderiam lhe render uma pena de prisão perpétua.
Weinstein, de 67 anos, foi algemado por policiais ainda no tribunal, depois que o juiz James Burke ordenou que ele seja mantido sob custódia até a decisão sobre suas sentenças, que somadas podem chegar a 29 anos de prisão. A audiência foi marcada para 11 de março.
O juiz afirmou que vai pedir que Weinstein, que foi posto em liberdade sob fiança após ter sido preso quase dois anos atrás, fique detido numa enfermaria, atendendo a pedidos dos advogados que alegaram que ele precisa de atenção médica após uma cirurgia malsucedida.
"Hoje é um novo dia, porque Harvey Weinstein finalmente foi responsabilizado pelos crimes que cometeu", disse o promotor Cyrus Vance Jr. "Weinstein é um predador sexual cruel e em série que usou seu poder para ameaçar, estuprar, agredir e enganar, humilhar e silenciar suas vítimas."
Vance Jr. ainda agradeceu ao júri pelo veredito que, segundo ele, "virou uma página em nosso sistema de justiça criminal", bem como às mulheres que o denunciaram: "Nós devemos uma imensa dívida de coragem a vocês", afirmou o promotor.
A defesa de Weinstein, por sua vez, afirmou que vai recorrer da decisão. "Harvey é incrivelmente forte. Ele encarou isso como um homem", disse a advogada Donna Rotunno. "Ele sabe que continuaremos a lutar por ele, e sabemos que isso não acabou."
Outro advogado de Weinstein, Arthur Aidala, citou o réu dizendo à sua equipe jurídica: "Eu sou inocente. Eu sou inocente. Eu sou inocente. Como isso pôde acontecer nos EUA?"
O julgamento do ex-produtor começou em 6 de janeiro com a escolha do júri, que foi formado por sete homens e cinco mulheres. Em 22 de janeiro, a promotoria e a defesa apresentaram os argumentos iniciais e começaram a ouvir testemunhas.
Os responsáveis por analisar os argumentos e provas começaram a deliberar na última terça-feira, e nesta segunda apresentaram a decisão sobre a condenação ou absolvição.
Weinstein ainda enfrenta acusações de agressão sexual na Califórnia, anunciadas horas após o início de seu julgamento em Nova York no início de janeiro.
Mais de 80 mulheres, incluindo atrizes famosas de Hollywood, acusaram o produtor de uma série de atos de abuso sexual que remontam a décadas. Weinstein, por sua vez, insiste que todas as suas relações sexuais foram consensuais.
Nesta segunda-feira, celebridades e ativistas dos direitos das mulheres comemoraram o veredito contra o ex-produtor, vencedor do Oscar em 2009 pelo filme Shakespeare apaixonado.
"O júri trabalhou com um conjunto de leis incrivelmente estreito e injusto sobre assédio sexual, e embora não tenha sido condenado em todos os casos, Harvey Weinstein terá que responder por seus crimes", diz um comunicado divulgado pelo movimento #MeToo.
Por sua vez, o Silence Breakers, grupo de acusadoras de Weinstein, escreveu: "Embora seja decepcionante que o resultado de hoje não tenha proporcionado a justiça completa e verdadeira que tantas mulheres merecem, Harvey Weinstein será conhecido para sempre como um predador em série condenado."
"Gratidão às mulheres corajosas que testemunharam e ao júri por enxergar além das táticas sujas da defesa", afirmou a atriz Rosanna Arquette, que disse ter resistido a indesejados avanços sexuais por parte de Weinstein. "Mudaremos as leis no futuro para que as vítimas de estupro sejam ouvidas e não desacreditadas e, assim, seja mais fácil para as pessoas denunciarem estupros."
Do direito ao voto ao espaço na política: ao longo dos últimos cem anos as mulheres alemãs lutaram para derrubar leis e convenções que hoje soam impensáveis.
Foto: picture-alliance/akg-images
O direito ao voto
Em 1918, o Conselho dos Deputados da Alemanha proclamou: "Todas as eleições serão conduzidas sob o mesmo sufrágio secreto, direto e universal para todas as pessoas do sexo masculino e feminino com pelo menos 20 anos de idade". Logo depois, as mulheres puderam votar, pela primeira vez, nas eleições para a Assembleia Nacional alemã, em janeiro de 1919.
Foto: picture-alliance/akg-images
Lei de Proteção à Maternidade
A Lei entrou em vigor em 1952. Desde então, passou por várias alterações. O objetivo é assegurar a melhor proteção possível da saúde da mulher e do filho durante a gravidez, após o parto e durante a amamentação. Mulheres não podem sofrer desvantagens na vida profissional por causa da gravidez nem seu emprego pode ser ameaçado pela decisão de ser mãe.
Em 1971, Alice Schwarzer publicou na revista Stern um artigo no qual 374 mulheres confessaram ter interrompido a gravidez; entre elas, Romy Schneider. Após a publicação, dezenas de milhares de mulheres foram às ruas protestar a favor da maternidade autodeterminada. Em 1974, a coalizão social-liberal aprovou no Parlamento a descriminalização do aborto nos três primeiros meses da gestação.
Foto: Der Stern
Mais estudantes e professoras nas universidades
Em 1976, foi realizado em Berlim o evento "1° Universidade de Verão para as mulheres". Entre as exigências, as precursoras pediam o aumento da participação das mulheres entre estudantes e professoras, que era de 3 %. Em 1970, o percentual de estudantes passou para 9%. Hoje, ele chega a 48%. Em 1999, o número de professoras era de cerca de 4 mil. Hoje, elas são 11 mil em toda a Alemanha.
Foto: picture alliance/ZB/J. Kalaene
Livre da obrigação do serviço doméstico
Em 1977, entrou em vigor a nova lei de matrimônio. Até então, a esposa era "obrigada ao serviço doméstico". Ela só poderia trabalhar se não negligenciasse suas tarefas do lar e se o marido consentisse. Em 2014, 70% das mães trabalhavam fora; 30% em tempo integral e quase 40% em meio período. Entre os casais com crianças, a mulher alemã contribui com uma média de 22,6% da renda familiar.
Foto: picture-alliance/akg-images
Igualdade salarial
Em 1979, 29 funcionárias processaram o laboratório fotográfico Heinze, em Gelsenkirchen, pelo direito de ter a mesma remuneração por trabalhos iguais. Elas venceram: em 1980, o Parlamento alemão aprovou a lei sobre igualdade de tratamento de homens e mulheres no trabalho. Mas ainda há muito o que fazer: em , as mulheres ganharam 18% a menos por hora trabalhada do que os homens.
Foto: picture-alliance/chromorange
Pilotas da Lufthansa
Em 1986, a companhia aérea alemã Lufthansa permitiu, pela primeira vez, que duas mulheres completassem a formação de piloto. Elas são: Erika Lansmann e Nicola Lunemann (na foto). Hoje, nas diversas companhias aéreas do grupo, 417 mulheres trabalham como co-pilotas e 114 são comandantes.
Foto: Roland Fischer, Lufthansa
Trabalho noturno
Em 1992, o Tribunal Constitucional Federal revogou a proibição do trabalho noturno para mulheres. O Tribunal declarou que a alegada proteção estava associada com salários mais baixos e "desvantagens consideráveis". Na antiga Alemanha Oriental, as mulheres tinham sido autorizadas a praticar todas as profissões desde o início, a qualquer hora do dia ou da noite.
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Sexo sem consentimento
Em 1997, a violação sexual no casamento passou a ser considerada crime. O Bundestag decidiu por uma maioria esmagadora que os maridos estupradores já não tinham direitos especiais. A ideia de que seria uma "ofensa menor de coerção" foi abolida. Todos os "atos sexuais" forçados passaram a ser punidos como estupro.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Kästle
Mulheres na política
Depois de conquistarem o direito ao voto na maior parte dos países, as mulheres tentam alcançar a mesma proporção de participação política que os homens. Em 1949, o percentual de alemãs no Bundestag era de 6,8%. Atualmente, elas são 35,3%. A primeira mulher a chefiar o governo foi Angela Merkel, em 2005. Em 2018, ela chegou ao quarto mandato como chanceler federal, cargo que exerceu até 2021.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
Tarefas domésticas
Hoje as mulheres alemãs também lutam por direitos iguais em relação às tarefas domésticas e ao cuidado com familiares. Em 1965, elas exerciam esse trabalho durante, em média, quatro horas por dia; os homens, 17 minutos por dia. Atualmente as mulheres ainda gastam 43,8 pontos percentuais a mais de tempo com tarefas domésticas do que os homens: são quase 30 horas semanais, contra 20 dos homens.
Foto: Imago/O. Döring
O futuro
Para despertar o interesse das meninas em profissões antes consideradas masculinas, especialmente na indústria, desde 2001 empresas alemãs convidam meninas do 5º ano para o 'Girls day'. O dia das meninas é considerado o maior projeto de orientação profissional do mundo e, graças a ele, cada vez mais jovens mulheres decidem seguir carreira da área de ciências exatas na Alemanha.