Sistema que havia sido desativado após o fim da Guerra Fria foi retomado no Estado Americano após Coreia do Norte testar novo míssil.
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O som de um antigo sistema de sirenes voltou a ser ouvido nas ilhas do Estado americano do Havaí nesta sexta-feira (1°/12). Desativado após o fim da Guerra Fria, o sistema de alarmes para informar a população local sobre um ataque nuclear iminente voltou a funcionar como parte de um teste. Tudo por causa da crescente ameaça da Coreia do Norte, que nesta semana conduziu novo lançamento de um míssil balístico.
As sirenes soaram por cerca de um minuto às 11h45 (horário local). Segundo o governo do Havaí, o sistema será testado com regularidade a partir de agora, sempre no mesmo horário e no primeiro dia útil de cada mês. O Havaí é o primeiro Estado dos EUA a reativar esse método de alerta.
"Acreditamos que seja imperativo estarmos preparados para todo desastre, e no mundo de hoje, isto inclui um ataque nuclear", disse o governador David Ige, fazendo a ressalva de que a possibilidade de um ataque é "remota".
Ige também afirmou que os testes devem garantir que a população saiba como reagir em caso de um ataque iminente. Cerca de 7,4 mil quilômetros separam o Havaí da Coreia do Norte. O Estado tem 1,4 milhão de habitantes e poderia ser alcançado por mísseis em 20 minutos caso a Coreia do Norte disparasse armas nucleares.
"O Comando militar do Pacífico levaria cerca de cinco minutos para identificar um lançamento e apontar para onde o míssil está indo. Isso significa que a população teria cerca de 15 minutos para se refugiar", disse Vern Miyagi, administrador da Agência de Gerenciamento de Emergência do Havaí. "Não é muito tempo, mas é tempo suficiente para se dar uma chance de sobreviver."
O Estado já conduzia testes regulares de outro sistema de sirenes, mas que tem como objetivo avisar sobre desastres naturais. O sistema de alerta de ataque usa um som diferente e não vinha sendo testado desde a década de 1980.
Na Coreia do Norte, ato reúne multidão para comemorar míssil
01:02
Na terça-feira (28/11), a Coreia do Norte lançou um novo míssil em direção a Leste, segundo comunicaram as Forças Armadas da Coreia do Sul. O governo dos Estados Unidos disse se tratar de um míssil balístico intercontinental (ICBM), que acabou caindo no Mar do Japão. A China, principal aliada de Pyongyang, expressou "grave preocupação" e urgiu por diálogos diplomáticos.
Horas após o lançamento, a emissora estatal norte-coreana KCTV anunciou que o projétil é um novo modelo do míssil balístico intercontinental, batizado Hwasong-15, e que é capaz de alcançar "todo o território dos Estados Unidos". Os norte-coreanos informaram que o míssil voou 950 quilômetros e alcançou um apogeu de 4.475 quilômetros de altitude, dados que estão em sintonia com os divulgados por Seul, Washington e Tóquio.
Trata-se da maior altitude já atingida por um míssil norte-coreano, o que significa um novo e perigoso avanço no programa de armas de Pyongyang. Considerando que o míssil foi lançado num ângulo muito aberto, alguns analistas avaliam que o projétil poderia ter percorrido, em um voo normal, mais de 13 mil quilômetros.
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Verdades e mitos sobre a dinastia Kim
Família governa a Coreia do Norte desde a fundação do país, há quase sete décadas, com um culto quase divino às personalidades de Kim Il-sung, Kim Jong-il e Kim Jong-un.
Foto: picture alliance / dpa
Um jovem líder
Kim Il-sung, o primeiro e "eterno" presidente da Coreia do Norte, assumiu o poder em 1948 com o apoio da União Soviética. O calendário oficial do país começa no seu ano de nascimento, 1912, designando-o de "Juche 1", em referência ao nome da ideologia estatal. O primeiro ditador norte-coreano tinha 41 anos ao assinar o armistício que encerrou a Guerra da Coreia (foto).
Foto: picture-alliance/dpa
Idolatria
Após a guerra, a máquina de propaganda de Pyongyang trabalhou duro para tecer uma narrativa mítica em torno de Kim Il-sung. A sua infância e o tempo que passou lutando contra as tropas japonesas nos anos 1930 foram enobrecidas para retratá-lo como um gênio político e militar. No congresso partidário de 1980, Kim anunciou que seria sucedido por seu filho, Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo
No comando até o fim
Em 1992, Kim Il-sung começou a escrever e publicar sua autobiografia, "Memórias – No transcurso do século." Ao descrever sua infância, o líder norte-coreano afirmou que ao 6 anos participou de sua primeira manifestação contra os japoneses e, aos 8, envolveu-se na luta pela independência. As memórias permaneceram inacabadas com a sua morte, em 1994.
Foto: Getty Images/AFP/JIJI Press
Nos passos do pai
Depois de passar alguns anos no primeiro escalão do regime, Kim Jong-il assumiu o poder após a morte do pai. Seus 16 anos de governo foram marcados pela fome e pela crise econômica num país já empobrecido. Mas o culto de personalidade em torno dele e de seu pai, Kim Il-sung, cresceu ainda mais.
Foto: Getty Images/AFP/KCNA via Korean News Service
Nasce uma estrela
Historiadores acreditam que Kim Jong-il nasceu num campo militar no leste da Rússia, provavelmente em 1941. Mas a biografia oficial afirma que o nascimento dele aconteceu na montanha sagrada coreana de Paekdu, exatamente 30 anos após o nascimento de seu pai, em 15 de abril de 1912. Segundo uma lenda, esse nascimento foi abençoado por uma nova estrela e um arco-íris duplo.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Problemas familiares
Kim Jong-il teve três filhos e duas filhas com três mulheres, até onde se sabe. Esta foto de 1981 mostra Kim Jong-il sentado ao lado de seu filho Kim Jong-nam, fruto de um caso com a atriz Song Hye-rim (que não aparece na foto). A mulher à esquerda é Song Hye-rang, irmã de Song Hye-rim, e os dois adolescentes são filhos de Song Hye-rang. Kim Jong-nam foi assassinado em 2017.
Foto: picture-alliance/dpa
Procurando um sucessor
Em 2009, a mídia ocidental informou que Kim Jong-il havia escolhido seu filho mais novo, Kim Jong-un, para assumir a liderança do regime. Os dois apareceram juntos numa parada militar em 2010, um ano antes da morte de Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo/V. Yu
Juntos
Segundo Pyongyang, a morte de Kim Jong-il em 2011 foi marcada por uma série de acontecimentos misteriosos. A mídia estatal relatou que o gelo estalou alto num lago, uma tempestade de neve parou subitamente e o céu ficou vermelho sobre a montanha Paekdu. Depois da morte de Kim Jong-il, uma estátua de 22 metros de altura do ditador foi erguida próxima à de seu pai (esq.) em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Passado misterioso
Kim Jong-un manteve-se fora de foco antes de subir ao poder. Sua idade também é motivo de controvérsia, mas acredita-se que ele tenha nascido entre 1982 e 1984. Ele estudou na Suíça. Em 2013, ele surpreendeu o mundo ao se encontrar com Dennis Rodman, antiga estrela do basquete americano, em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Um novo culto
Como os dois líderes antes dele, Kim Jong-un é tratado como um santo pelo regime estatal totalitário. Em 2015, a mídia sul-coreana reportou sobre um manual escolar que sustentava que o novo líder já sabia dirigir aos 3 anos. Em 2017, foi anunciado pela mídia estatal que um monumento em homenagem a ele seria construído no Monte Paekdu.
Foto: picture alliance/dpa/Kctv
Um Kim com uma bomba de hidrogênio
Embora Kim tenha chegado ao poder mais jovem e menos conhecido do público que seu pai e seu avô, ele conseguiu manter o controle do poder. O assassinato de seu meio-irmão Kim Jong-nam, em 2017, serviu para cimentar sua reputação externa de ditador impiedoso. O líder norte-coreano também expandiu o arsenal de armas do país.