Termo que literalmente significa "era quente" é escolhido por refletir a seca deste verão alemão e também o fenômeno global da mudança climática. Internautas criticam escolha e afirmam nunca terem ouvido a expressão.
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Heisszeit, que literalmente significa "era quente", foi escolhida Palavra do Ano de 2018, anunciou nesta sexta-feira (14/12) a Sociedade para Língua Alemã (Gfds). Análoga à expressão Eiszeit, era glacial em alemão, ela foi escolhida não apenas por refletir o verão extremamente quente, mas também "o mais sério fenômeno global do início do século 21, a mudança climática", segundo a associação. Além disso, oferece um interessante jogo de palavras.
No entanto, poucos minutos após o anúncio, vários usuários apontaram nas redes sociais nunca haver dito e sequer ouvido a palavra. Em segundo lugar ficou Funklochrepublik, referindo-se ás muitas áreas da Alemanha sem sinal de rede telefônica celular. As assim chamadas "zonas mortas" estiveram bastante presentes no debate político do país este ano.
A terceira escolha recaiu sobre Ankerzentren (literalmente "centros âncoras"), como são denominados os centros de acolhimento de refugiados. No entanto aqui Anker não se refere a "âncora", mas a uma sigla composta por "An" de Ankunft (chegada), "K" de kommunale Verteilung (distribuição municipal), "E" de Entscheidung (decisão) e "R" de Rückführung (repatriação). Portanto: centros onde os refugiados são abrigados até serem distribuídos pelas comunas ou reenviados ao país de origem.
A Sociedade para Língua Alemã seleciona a Palavra do Ano desde 1977. Todos os anos, em dezembro, é escolhido um termo ou expressão que reflete um tema atual importante. O que conta não é apenas a frequência com que os termos foram usados na mídia, mas sim seu significado e sua qualidade linguística.
Em 2017 escolheu-se Jamaika-Aus, que descreve o fracasso das negociações entre conservadores, liberais e verdes para formar um governo de coalizão, após as eleições federais daquele ano. As três legendas – União Democrata Cristã (CDU), Partido Liberal Democrático (FDP) e Partido Verde – são representados pelas respectivas cores, também presentes na bandeira jamaicana.
PV/dpa/afp
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O idioma alemão está mais presente no nosso dia a dia do que se imagina. Além de termos como blitz, kitsch ou diesel, outras palavras, como encrenca, chique e até mesmo o nome da Torre Eiffel, têm origem germânica.
Foto: Picture-alliance/dpa/M. Becker
Química e guerra
Boa parte das palavras alemãs presentes no nosso cotidiano está ligada ao setor militar ou a elementos químicos, fato explicado pela autoridade que a Alemanha, durante muito tempo, exerceu nessas áreas. O que nem todos sabem é que na língua portuguesa, como também em outros idiomas, palavras que nada têm a ver com química ou guerra e que não soam alemãs também têm origem germânica.
Foto: Colourbox
Torre Eiffel
A família de Alexandre Gustave Eiffel, engenheiro que deu nome à celebre construção parisiense, veio de uma área montanhosa no oeste alemão chamada Eifel. Na verdade, seu sobrenome era Bönickhausen, algo impronunciável para muitos franceses. A família adicionou, então, o nome da região de origem e passou a se chamar Bönickhausen Eiffel. E o engenheiro entrou para a história com o novo sobrenome.
Foto: picture-alliance/epa/J. Rodriguez
O que é isto?
Numa competição de migração de palavras organizada pelo Conselho da Língua Alemã (Deutscher Sprachrat), pessoas de 70 países sugeriram termos germânicos que "viajaram" para outros idiomas. Das seis mil palavras apresentadas, a mais recorrente foi "vasistas", termo francês para janela basculante ou claraboia. A palavra vem do alemão "was ist das?" – literalmente, "o que é isto?".
Foto: picture-alliance/dpa
Encrenca
Nem todos sabem que a palavra "encrenca" tem origem alemã. Quando achavam que um cliente tinha uma doença venérea, as prostitutas que chegaram ao Brasil no final do século 19 e que falavam iídiche, um dialeto alemão da Europa Central, falavam "ein krenke" ("krank" significa doente em alemão). Assim nascia o termo "encrenca", usado hoje no português do Brasil para designar uma situação difícil.
Foto: Colourbox/A. Furman
Níquel e cobalto
Níquel e Cobalto, do alemão Nickel e Kobalt, eram gnomos que habitavam, na crença dos mineiros da Idade Média, as montanhas alemãs. Os trabalhadores medievais acreditavam que espíritos maus ("Kobold" em alemão) eram responsáveis pela presença de níquel e cobalto, considerados impurezas, na prata, no ferro e no cobre.
Foto: Cinema Publishers Collection/IMAGO
Chope não é cerveja
O chope de cada dia não tem a ver, na sua etimologia, com a palavra cerveja. Trata-se de uma unidade de medida originada do alemão "Schoppen", equivalente a cerca de meio litro. O termo foi integrado ao português através do francês, depois que a corte portuguesa, fugindo de Napoleão, chegou ao Rio de Janeiro, no início do século 19.
Foto: volff/Fotolia
Schick, chic e chique
Já a palavra chique, considerada por muitos um patrimônio da língua francesa, é na verdade um termo alemão que chegou ao português através do francês. Muito antes de os costureiros franceses arrasarem nas passarelas, os alemães usavam expressões como "schicklich" ou "sich schickt" para designar apropriado ou bem arrumado. No alemão medieval, a palavra "schick" significa forma, costume.
Foto: picture alliance/landov/R. Hellestad
Fanta
Devido à escassez de matéria-prima, a Coca-Cola da Alemanha foi impedida de produzir seu principal produto durante a Segunda Guerra. Para garantir a própria subsistência, a companhia desenvolveu um novo refrigerante, que na época era feito à base de soro de leite. Um concurso entre os empregados da empresa resultou no nome "Fanta", pois a nova bebida era fantástica – em alemão, "fantastisch".
Foto: imago/Steinach
Bulevar
Quando Luís 14 derrubou as muralhas de Paris, que se tornaram obsoletas para fins de defesa, mandou fazer um anel viário ou bulevar ao redor da cidade. A origem do nome dos antigos baluartes vem do alemão "Bollwerk" – literalmente, paliçada, barreira. "Boulevard" era a forma como os franceses pronunciavam "Bollwerk", termo que acabou dando nome às largas avenidas que substituíram as fortificações.
Foto: picture alliance/dpa/F. Baumgart
Blitz, hamster e kombi
Há muitas outras palavras de origem alemã, como blitz, de "Blitz" (raio); Kombi, de "Kombinationsfahrzeug" (veículo combinado) ou hamster, de "hamstern" (juntar), devido às bochechas dos roedores que acumulam alimentos. Já o termo gás, que muitos creem ser de origem germânica, vem do holandês. A palavra foi cunhada pelo químico flamengo Jan Baptista van Helmont, a partir do termo grego "caos".