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Histórico da relação entre Índia e Paquistão

28 de fevereiro de 2019

Novamente as tensões se acirram entre os dois países, após bombardeios indianos contra alvos no território vizinho. Rivalidade de mais de 70 anos existe desde a criação dos dois Estados, que hoje são potências nucleares.

Premiê indiana Indira Gandhi e presidente paquistanês, Zulfikar Ali Bhutto, durante encontro em Simla
Premiê indiana Indira Gandhi e presidente paquistanês, Zulfikar Ali Bhutto, durante encontro em SimlaFoto: imago/ZUMA/Keystone

Partição sangrenta (1947): Os dois vizinhos compartilham um relacionamento tenso desde que os britânicos dividiram o subcontinente indiano em um Estado secular, mas principalmente hindu (a Índia) e um de maioria muçulmana (o Paquistão). A divisão provocou tumultos e violência entre comunidades em toda a região e gerou uma das maiores migrações humanas da história.

A escalada do conflito na Caxemira (1947-48): A Índia e o Paquistão já nutriam uma disputa acirrada pela Caxemira – um reino de maioria muçulmana governado por um marajá hindu –, mesmo antes da independência dos dois países do Reino Unido. Mas a briga se intensificou depois que o governante da Caxemira, Hari Singh, aceitou uma anexação à Índia em troca da ajuda de Nova Déli para reagir a ataques de um exército de membros tribais paquistaneses. Os acontecimentos levaram à primeira Guerra Indo-Paquistanesa sobre a Caxemira.

Resolução da ONU (1948): A Índia levou a disputa sobre a Caxemira ao Conselho de Segurança da ONU, que aprovou uma resolução pedindo um referendo para decidir o status da região. Mas o Conselho de Segurança condicionou o referendo à retirada das tropas paquistanesas e à redução da presença militar indiana no território. A guerra terminou com um cessar-fogo mediado pela ONU, mas o Paquistão se recusou a retirar suas tropas. A linha de cessar-fogo  dividiu na prática a Caxemira, com ambos os lados controlando partes do antigo reino, mas reivindicando-o em sua totalidade.

Premiê indiana Indira Gandhi e presidente paquistanês, Zulfikar Ali Bhutto, durante encontro em SimlaFoto: imago/ZUMA/Keystone

Segunda Guerra Indo-Paquistanesa (1965): Apesar de várias tentativas para resolver a disputa sobre a Caxemira e diminuir as tensões, os dois vizinhos entraram numa segunda guerra pela posse total da região. O breve conflito terminou com mais um cessar-fogo imposto pela ONU. Ambos os lados retornaram às suas posições anteriores.

Terceira Guerra Indo-Paquistanesa (1971): O terceiro conflito entre Índia e Paquistão, que durou 13 dias, é uma das guerras mais curtas da história e envolveu o então Paquistão Oriental, atual Bangladesh. O conflito terminou com a derrota do Paquistão e a formação de Bangladesh.

Acordo de Simla (1972): Após a rendição do Paquistão na guerra de 1971, a primeira-ministra indiana, Indira Gandhi, e o líder paquistanês, Zulfikar Ali Bhutto, se encontraram e assinaram um acordo na cidade montanhosa indiana de Simla. A linha de cessar-fogo na Caxemira é designada como a Linha de Controle (LoC), e as duas partes concordaram em resolver a disputa por meio de negociações.

Resistência armada na Caxemira (1989): Uma insurgência pró-independência ganhou força na Caxemira administrada pela Índia após disputadas eleições estaduais. A insurgência se acirrou ao longo da década seguinte, em parte abafada por uma violenta repressão das tropas indianas. A Índia acusa o Paquistão de apoiar os insurgentes, fornecendo armas e treinamento. O Paquistão rejeita a acusação.

Conflito de Kargil (1999): Os dois vizinhos, que já são potências nucleares, entram em novo conflito armado depois que militantes na região da LoC assumem o controle das principais posições estratégicas na Caxemira administrada pela Índia. A Índia expulsou os militantes, mas culpou o Paquistão por apoiar a incursão. As conquistas diplomáticas obtidas após uma reunião histórica em Lahore entre os primeiros-ministros dos dois países se desgastaram, e a Índia rompeu relações.

Ataque ao Mumbaj Taj Hotel em 2008: Índia rompeu negociações após ataque na capital financeira do paísFoto: picture-alliance/dpa

Ataque ao Parlamento indiano (2001): As tensões entre a Índia e o Paquistão atingiram um novo ápice depois de um ataque terrorista ao Parlamento indiano. A Índia culpou grupos terroristas baseados no Paquistão pelo ataque e enviou tropas às suas fronteiras com o Paquistão. Islamabad atuou com reciprocidade. O impasse terminou após uma mediação internacional.

Cessar-fogo (2003): Os dois lados concordaram com um cessar-fogo ao longo da LoC. O cessar-fogo ainda está em vigor, mas os dois países se acusam mutuamente por ocasionais violações.

Ataques em Mumbai (2008): Homem armados realizaram vários ataques em Mumbai, capital financeira da Índia, matando mais de 150 pessoas. O Paquistão admitiu que os ataques podiam ter sido planejados em seu território, mas negou veementemente a afirmação da Índia de que o Lashkar-e-Taiba, organização terrorista por trás dos ataques, agiu com permissão da agência de inteligência do Paquistão. A Índia rompeu todas as negociações com o Paquistão depois dos ataques. Nova Déli continua afirmando que "terrorismo e conversações" não combinam.

Ataques cirúrgicos (2016): Esforços do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e de seu colega paquistanês, Nawaz Sharif, para relançar as negociações foram interrompidos abruptamente após um ataque a uma base do Exército indiano, de autoria do grupo terrorista baseado no Paquistão Jaish-e-Mohammad (JeM). A Índia retaliou o assassinato de 19 soldados ao lançar "ataques cirúrgicos" em supostos campos de terrorismo do outro lado da LoC.

Índia bombardeia alvos no Paquistão (2019): A Índia realizou ataques aéreos em um suposto campo do grupo terrorista JeM, em Balakot, no Paquistão. O ataque ocorreu apenas alguns dias depois que a organização extremista reivindicara a responsabilidade pela morte de 40 soldados indianos em um ataque suicida na Caxemira. Um dia depois, o Paquistão disse que derrubou dois jatos indianoscomo retaliação.

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