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Hobby ou necessidade: trabalho infantil

(ms)2 de setembro de 2004

Também na Alemanha existe trabalho infantil. Enquanto para algumas crianças fazer um bico é uma opção para melhorar a mesada, para outras é uma atividade necessária de contribuição para o orçamento familiar.

Criança ajudando na agriculturaFoto: dpa

O trabalho infantil na Alemanha não é tão dramático quanto em certos países do mundo. Aqui as crianças não são obrigadas a tecer tapetes por horas a fio e tampouco costurar bolas de futebol. Isto não significa que não existam as que são impelidas a trabalhar para ajudar no orçamento familiar. Porém, a maioria das crianças trabalha para ganhar um dinheirinho extra, a fim de realizar algum sonho de consumo.

"Eu acho bom", diz a mãe de um garoto de 14 anos que trabalha regularmente como entregador de jornais em Hamburgo, "assim ele aprende que o dinheiro não cai do céu." Tal atividade gera um ganho médio mensal que varia entre 50 e 80 euros para as crianças e os adolescentes. Entregar jornais e prospectos é o trabalho preferido entre a garotada.

Outra atividade que não cai de moda, mas desta vez entre as meninas, é a de cuidar de crianças, que pode, em uma noite, render até 25 euros. O dinheiro geralmente é gasto para financiar um cineminha, uma noitada na discoteca ou na compra de um novo jogo eletrônico. "Eu gasto com roupas e cosmético, enfim, em coisas que necessito", revela uma garota de 13 anos.

Lazer ou necessidade?


Cerca de 700 mil crianças trabalham depois do horário escolar na Alemanha, de acordo com estimativas da Liga Alemã de Proteção à Infância. Outros dados apontam que mais de 30% das crianças fazem algum tipo de bico. O desemprego no país, entretanto, diminuiu a oferta de trabalhos infantis. Os trabalhos mais cobiçados, que são conseguidos através de bons contatos, geralmente caem nas mãos das crianças que já têm boa situação financeira. Já os de baixa remuneração acabam ficando para as menos privilegiadas.

Ajudando nos afazeres domésticosFoto: Bilderbox

E são justamente estas que trabalham para contribuir com o orçamento doméstico. "Isto não é nenhuma raridade em cidades como Berlim", afirma a psicóloga Sabine Walther. As autoridades da capital da Alemanha observam há algum tempo esta situação nos bairros mais carentes. Existem crianças que passam horas ajudando na loja da família, por exemplo.

Regulamentado por lei


O trabalho infantil na Alemanha é regulamentado por lei. O que acontece muitas vezes é que as regras não são respeitadas. Crianças com idade inferior a 13 anos, por exemplo, não podem trabalhar como atores em filmes ou na TV sem uma autorização especial.

As mais velhas não podem trabalhar mais de duas horas por dia na cidade e mais de 3 horas no setor agrícola e de forma alguma depois das 18 horas ou mesmo antes e durante o horário escolar. O número de dias por semana também é restrito: não mais do que cinco. Nas férias, a garotada pode trabalhar quatro semanas por ano.

"Na verdade esta lei é muito branda", opina Walther, lembrando que aqui as crianças também sofrem de problemas de saúde decorrentes da prática de trabalhos pesados. Algumas, inclusive, acabam negligenciando a escola e sofrendo de estresse.

Ajudando na formação


Já a garotada tem uma opinião completamente diferente. Boa parte acha a escola enfadonha e os deveres de casa cansativos. Já ganhar um dinheiro trabalhando, desde que não seja por obrigação, isso sim é que é legal.

Criança na escolaFoto: AP

O sociólogo Manfred Liebel também vê um lado positivo no trabalho infantil. As crianças passam por novas experiências, acumulam novos conhecimentos, desenvolvem a auto-estima e se tornam mais independentes. Um trabalho que não traz prejuízo mental, corporal ou social para o menor não deve ser condenado, concluiu o autor de Infância e Trabalho, um livro sobre o assunto.

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