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'Terror atinge a todos'

Petra Diroll (av)7 de abril de 2007

A Deutsche Welle entrevistou Michael Buback, filho do então procurador-geral da República Siegfried Buback, assassinado em 7 de abril de 1977, no próprio carro, pela Facção do Exército Vermelho.

Michael Buback durante o programa de TV 'Piedade para impiedosos – Segunda chance para assassinos?'Foto: picture-alliance/dpa

Deutsche Welle: Como se sente um familiar de uma vítima do terrorismo, quando se fala tanto a respeito dos assassinos, como no momento?

Michael Buback: São sentimentos ambivalentes. Por um lado, estamos felizes por haver resistido a tudo, na qualidade de familiares. Afinal de contas, é a própria pessoa que tem que suportar uma coisa assim, não se pode contar com muita ajuda. Por outro lado, é naturalmente importante nos confrontarmos com o fenômeno, de como foi possível chegar a um crime tão horrível assim. E a discussão que se desencadeou agora demonstra que todo esse campo não foi elaborado e assimilado, de forma alguma.

Siegfried Buback em 1975Foto: AP

E como é um campo importante, temos que nos ocupar dele, e os familiares também precisam aceitar esse fato. É claro que traz de volta muitos momentos angustiantes, agora mesmo, quando ouvi a abertura [do programa da DW-RADIO], quando me recordo daquele dia. É terrível, mas penso que seja importante nos ocuparmos do assunto.

Até porque, na época poucas pessoas foram afetadas. Hoje em dia somos todos confrontados com esse mal, que precisamos tentar apagar da face da Terra. E tal exige um exame intenso, exige também que se conheçam os fatos, que, baseados neles, se veja quão terríveis foram esses crimes, e que ele não devem se repetir.

Os familiares das vítimas dos atentados ainda mantêm contato entre si, hoje em dia?

Bem, naturalmente temos contatos, informalmente. Não temos encontros regulares, quer dizer, talvez nos encontremos a cada cinco ou dez anos, sem ter um grupo fixo nem combinação prévia. Às vezes me perguntam se os interesses da vítimas e dos familiares foram atendidos. Aí digo sempre, as vítimas não têm mesmo interesse nenhum, elas foram mortas. Nós, familiares, não temos interesses nesse sentido. Quais poderiam eles ser? Colocamo-nos à disposição, quer dizer, eu tento, na medida do possível. Embora viva há 30 anos com essa coisa, ela não é quotidiana. Para minha mãe é um problema quotidiano, pois há 30 anos ela está sozinha.

Tenho tanto a fazer. Só o sinto intensamente quando me deparo repetidamente com o assunto. Em todos esses anos, tento relacionar tudo o que fico sabendo com os acontecimentos da época, para talvez conhecer mais, ou alcançar novos insights. Quem só se ocupa desses eventos por ocasião dos jubileus não tem como saber que ainda prestamos alguma contribuição.

É possível compreender esse período da história, sem havê-lo vivido?

Manifestação de simpatizantes da RAF em Bad Kleinen, 1993Foto: AP

Bom, é claro que agora nossos filhos também estão informados, pois o período é parte da consciência pública. Acho que é um campo importante sobre o qual todos devem ser esclarecidos. No momento associo a RAF também a outros horrores anteriores da história alemã. Temos que investigar esse fenômeno de as pessoas simplesmente decidirem matar outras, por não condizerem com sua imagem do mundo. E um antecessor de meu pai disse certa vez, num necrológio, que os terroristas da RAF eram os verdadeiros imitadores e sucessores dos criminosos marrons [os nazistas]. Eu digo, há algo de verdade aí, nessa frieza de simplesmente varrer as pessoas do caminho.

Claro, as dimensões são totalmente outras, mas é preciso também considerar isso com cuidado, manter na memória e tirar daí nossa lição, pois o incêndio pode começar de novo. E neste ponto sou cético, quanto à discussão sobre colocar um ponto final [na problemática dos ex-terroristas da RAF]. Temos que encarar de frente tais crimes violentos, o fenômeno da violência, portanto. Não podemos ter certeza e, até havermos compreendido isso, é melhor não colocar nenhum ponto final, por via das dúvidas.

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