Holanda e Israel condenam violência antissemita em Amsterdã
8 de novembro de 2024
Partida da Liga Europa termina em perseguição brutal a torcedores israelenses e mais de 60 detidos. Israel envia dois aviões para trazer torcedores de volta.
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Autoridades holandesas e internacionais condenaram os atos de violência contra torcedores israelenses ocorridos em Amsterdã na noite desta quinta-feira (07/11). As agressões ocorreram após uma partida da Liga Europa entre a equipe local de futebol Ajax e o Maccabi Tel Aviv, de Israel.
Os torcedores israelenses foram agredidos por grupos de jovens, aparentemente mobilizados nas redes sociais para participarem dos atos hostis a judeus na capital holandesa, afirmaram as autoridades locais. Cinco pessoas foram internadas em hospitais e mais de 60 foram presas.
Antes mesmo da partida as tensões já estavam em alta. Autoridades de Amsterdã proibiram uma manifestação pró-palestina planejada para ocorrer perto do estádio. Ao mesmo tempo, vídeos postados nas redes sociais mostravam uma multidão de torcedores israelenses entoando slogans antiárabes a caminho do jogo.
Após o término do jogo, grupos de jovens locais saíram pelas ruas em busca de torcedores do Maccabi Tel Aviv. "Em vários locais da cidade, torcedores foram atacados, agredidos e atingidos com fogos de artifício", disseram autoridades municipais.
O chefe da polícia, Peter Holla, relatou incidentes entre manifestantes contra e pró Israel 24 horas antes da partida. Ele afirmou que torcedores do Maccabi arrancaram uma bandeira de uma fachada no centro da cidade e destruíram um táxi, após entrarem em confronto com um grupo de taxistas, no qual a polícia teve de intervir. Uma bandeira palestina foi incendiada na praça central da capital.
A prefeita de Amsterdã, Femke Halsema, disse que "odiosos baderneiros antissemitas" em scooters e a pé cruzaram a cidade em busca de torcedores israelenses, os agredindo com socos e pontapés e depois fugindo rapidamente para escapar da polícia.
Lembrança dos pogroms nazistas
"Há rumores de pessoas saindo para caçar judeus. Isso é tão chocante e desprezível que eu ainda não consigo entender", afirmou Halsema. A polícia teve que escoltar alguns torcedores de volta aos hotéis onde estavam hospedados.
"Posso facilmente compreender que isso traga de volta memórias sobre pogroms [a perseguição aos judeus pelos nazistas]", afirmou Halsema, se dizendo envergonhada pelos atos de violência. "Nossa cidade foi profundamente prejudicada; a cultura judaica foi ameaçada. Este foi um surto de antissemitismo que não espero ver nunca mais", acrescentou.
A polícia prendeu 62 pessoas envolvidas nos atos de violência, embora o chefe de polícia tenha admitido que a tática dos baderneiros de agredir e fugir faz com que fosse "excepcionalmente difícil" prendê-los. A maioria foi liberada após receber multas. Ele não soube dizer exatamente quantos incidentes ocorreram na noite desta quarta-feira.
Holla disse que 800 policiais foram destacados para dar proteção aos torcedores, um número bastante grande para os padrões de Amsterdã. "Passamos semanas nos preparando", afirmou.
A prefeita anunciou o reforço das medidas de segurança na cidade, incluindo a proibição temporária das manifestações, aumento da presença policial e proteção adicional para as instituições da capital.
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Israel envia aviões para retirar torcedores
Autoridades israelenses alertaram seus compatriotas em Amsterdã para permanecerem em seus hotéis e evitarem expor símbolos judaicos ou israelenses caso estivessem nas ruas.
O novo ministro do Exterior de Israel, Gideon Saar, pediu que governo holandês garantisse a segurança dos israelenses ao deixarem seus hotéis para se encaminharem ao aeroporto e embarcar em voos de resgate enviados pelo governo em Tel Aviv.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu ordenou que dois aviões fossem enviados à Holanda para trazer os torcedores israelenses. O primeiro voo pousou na tarde de sexta-feira no aeroporto Ben Gurion, em, Israel.
Netanyahu disse nesta sexta-feira que ordenou ao serviço de inteligência de seu país, o Mossad, a elaboração de um plano para evitar distúrbios em eventos no exterior após a violência em Amsterdã.
"Instruí o chefe do Mossad [David Barnea] e outras autoridades a preparar nossos cursos de ação, nosso sistema de alerta e nossa organização para uma nova situação", disse Netanyahu em um vídeo divulgado pelo Ministério do Exterior de Israel.
O Ministério israelense da Diáspora disse que tinha conhecimento prévio de planos que visavam um torcedor israelense que supostamente trabalharia para a Polícia de Fronteira do país, segundo relatos divulgados pela imprensa de Israel.
O órgão também tinha sido previamente informado sobre um ataque planejado a um hotel onde torcedores estavam hospedados. As autoridades holandesas foram notificadas.
Holanda promete punir culpados
O primeiro-ministro holandês, Dick Schoof, condenou nesta sexta-feira os atos de violência em Amsterdã. "É um terrível ataque antissemita. Não toleraremos isso. Processaremos os criminosos. Estou profundamente envergonhado que isso possa acontecer na Holanda em 2024", disse Schoof em meio a uma reunião de líderes da União Europeia (UE) em Budapeste.
Schoof disse que conversou com Netanyahu para assegurar que "os criminosos serão rastreados e processados".
Segundo gabinete de Netanyahu, o premiê disse a Schoof que "vê com a maior seriedade o ataque antissemita premeditado contra cidadãos israelenses". Ele solicitou maior segurança para a comunidade judaica na Holanda.
Repúdio internacional
O presidente israelense, Isaac Herzog, lamentou o ocorrido e disse que as imagens chocantes de um pogrom lembravam o ataque do grupo terrorista Hamas em Israel em outubro do ano passado.
"Vimos com horror as imagens e vídeos chocantes que, desde 7 de outubro, esperávamos nunca mais ver: um pogrom antissemita atualmente ocorrendo contra torcedores do Maccabi Tel Aviv e cidadãos israelenses no coração de Amsterdã, Holanda", disse Herzog na rede social X.
O Exército israelense disse que proibiu seu pessoal de viajar para a Holanda, até nova ordem, em resposta à violência.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que estava "indignada" com o que chamou de "ataques vis contra cidadãos israelenses em Amsterdã". "O antissemitismo não tem lugar algum na Europa. Estamos determinados a lutar contra todas as formas de ódio", acrescentou.
"A violência contra cidadãos israelenses em Amsterdã relembra as horas mais sombrias da história. Condeno veementemente e expresso minha simpatia pelos feridos", disse o presidente francês, Emmanuel Macron, no X.
Palestinos condenam "cantos antiárabes"
O embaixador da Alemanha em Israel, Steffen Seibert, também condenou o incidente. "Perseguir e espancar torcedores de futebol israelenses não é um protesto antiguerra", escreveu no X. "É um ato criminoso e intolerável e todos devemos nos opor a isso. Como europeu, tenho vergonha de ver tais cenas em uma de nossas grandes cidades."
O Ministério do Exterior da Palestina, órgão subordinado à Autoridade Nacional Palestina (ANP), condenou os "cantos antiárabes" dos torcedores israelenses e os ataques à bandeira palestina em Amsterdã. Em nota divulgada no X nesta sexta-feira, o Ministério pediu ao governo holandês que "conduzisse uma investigação imediata sobre os instigadores desses distúrbios e protegesse os palestinos e árabes que residem na Holanda".
rc (AFP, DPA, AP)
O mês de novembro em imagens
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