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SociedadeHolanda

Holanda inaugura primeiro memorial nacional do Holocausto

19 de setembro de 2021

Monumento em Amsterdã expõe os nomes dos mais de 100 mil judeus, sinti e roma deportados e mortos durante a ditadura nazista, entre eles Anne Frank. "Página sombria da história", diz primeiro-ministro em cerimônia.

Parede de tijolos em memorial do Holocausto em Amsterdã
Tijolos trazem nome, data de nascimento e idade da morte das mais de 100 mil vítimas do Holocausto na HolandaFoto: Kees Hummel

A Holanda inaugurou oficialmente neste domingo (19/09) um monumento em memória aos mais de 100 mil holandeses vítimas do Holocausto. O memorial nacional em Amsterdã, o primeiro a ser construído no país, foi revelado pelo rei Willem-Alexander e outras autoridades.

Localizado no Bairro Judaico, no centro da capital holandesa, o monumento foi projetado pelo arquiteto americano-polonês Daniel Libeskind, de 75 anos, que perdeu parentes no Holocausto.

A obra consiste em um labirinto de paredes de tijolos que os visitantes podem percorrer e, quando visto de cima, forma quatro letras em hebraico que significam "em memória". No topo das paredes há superfícies de aço que refletem as pedras, árvores do entorno e o céu.

Cada tijolo traz o nome de um judeu, roma ou sinti deportado da Holanda e morto em campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial – ou a caminho deles. As pedras também exibem a data em que as vítimas nasceram e a idade em que morreram.

O monumento de 15 milhões de euros – financiado principalmente por doações privadas, mas também pela cidade de Amsterdã e pelo governo federal alemão – é o primeiro memorial nacional a nomear todas as 102.163 vítimas de toda a Holanda em um único lugar, mais de sete décadas após o fim da guerra.

Entre elas está Anne Frank, uma das mais conhecidas vítimas do Holocausto. Entre 1942 e 1944, ela documentou, por meio de um diário, o cotidiano claustrofóbico e silencioso de sua família num esconderijo em Amsterdã, na esperança de não ser capturada pelos nazistas.

Em 1944, a adolescente, sua irmã e seus pais acabaram sendo descobertos no anexo. Anne morreu no campo de concentração de Bergen-Belsen em 1945, mas a história de sua vida percorre o mundo até hoje por meio de seu diário publicado postumamente.

Memorial em Amsterdã visto de cima: paredes formam a frase "Em memória" em hebraicoFoto: Kees Hummel

"Página sombria da história do país"

A cerimônia de inauguração neste domingo contou ainda com a participação do primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, e sobreviventes do Holocausto.

Rutte classificou o período da ocupação alemã, quando a maior parte da população judaica na Holanda foi deportada, como uma "página sombria da história do nosso país".

"Isso nos força a questionar se mais deveria ter sido feito para evitar tudo isso e a perceber que, mesmo nos dias de hoje, o antissemitismo nunca está longe", disse o premiê.

Para Rutte, o novo memorial traz uma mensagem vital: "Ele diz 102.163 vezes: Não, não esqueceremos vocês. Não, não aceitaremos que seus nomes sejam apagados. Não, o mal não terá a última palavra." "Cada um deles era alguém, e hoje eles recuperaram seus nomes", concluiu o primeiro-ministro.

Em 2020, Rutte se tornou a primeira autoridade holandesa a se desculpar publicamente em nome do governo pela perseguição sofrida pelos judeus durante a Segunda Guerra. Na ocasião, ele admitiu que pouco foi feito para proteger essas pessoas das atrocidades cometidas pelos nazistas.

O monumento foi inaugurado após uma série de atrasos e disputas judiciaisFoto: Ramon Van Flymen/ANP/dpa/picture alliance

Por sua vez, o arquiteto Libeskind, que também supervisionou o projeto do Memorial Nacional do 11 de Setembro em Nova York, disse ser impressionante ver sua obra sendo inaugurada em Amsterdã. "É um aviso a todos nós sobre o que pode acontecer nas chamadas sociedades civilizadas."

Atrasos após disputas legais

A construção do memorial holandês enfrentou anos de atrasos e obstáculos, em meio a disputas legais sobre onde ele deveria ser construído, seus custos e o projeto.

A ideia foi concebida em 2013, mas a construção só teve início em 2019, depois de a Suprema Corte da Holanda finalmente dar luz verde aos planos, afirmando que a importância do monumento superava as objeções de residentes preocupados com o afluxo de visitantes ao local.

"Estou feliz que finalmente esteja aqui", afirmou o presidente do Comitê Holandês de Auschwitz, Jacques Grishaver, que também participou da cerimônia de inauguração. "O monumento devolve às vítimas seus nomes 76 anos depois do fim da guerra e prova que eles viveram."

Para ele, o memorial é de grande importância para a comunidade judaica, como um local de lembrança aos mortos mas também para fins educativos.

ek (Reuters, DPA, AP)

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