Holanda suspende adoções internacionais após ilegalidades
8 de fevereiro de 2021
Comissão instaurada pelo governo holandês concluiu que crianças brasileiras e de outros quatro países foram adotadas ilegalmente ou até mesmo roubadas de seus pais biológicos entre as décadas de 1960 e 1990.
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A Holanda suspendeu temporariamente as adoções de crianças em outros países depois que uma comissão governamental descobriu uma série de ilegalidades em processos do tipo, anunciou nesta segunda-feira (08/02) o governo holandês. Segundo as autoridades, crianças chegaram a ser roubadas ou compradas de seus pais biológicos entre as décadas de 1960 e 1990.
"Eu entendo que isso será doloroso para algumas pessoas, mas não esqueçamos o motivo dessa decisão: ao suspender as adoções, estamos protegendo as crianças e seus pais biológicos", disse o ministro da Proteção Legal da Holanda, Alexander Dekker.
Em 2018, o governo foi pressionado a estabelecer um grupo para investigar adoções internacionais depois que vários adultos que haviam sido adotados quando crianças começaram a pesquisar seu passado e descobrir que seus documentos de nascimento haviam desaparecido, sido falsificados ou que a adoção havia sido ilegal.
"Não apenas houve muitos abusos no passado, como o sistema de adoção internacional ainda está aberto a fraudes, e os abusos continuam até hoje", alertou a comissão instaurada pelo governo.
A comissão examinou adoções de crianças de Bangladesh, Brasil, Colômbia, Indonésia e Sri Lanka ocorridas de 1967 a 1998, mas concluiu que o abuso ocorreu, também, antes e depois desse período.
Entre as fraudes relatadas estão casos de corrupção, falsificação de documentos para tornar impossível ou mais difícil estabelecer contato com as famílias biológicas dos adotados, coerção das mães biológicas para entregar os filhos e tráfico de crianças. Em alguns casos, crianças adotadas por meio de intermediários foram roubadas ou compradas de seus pais biológicos sob pressão econômica em meio à pobreza.
Para Dekker, o sentimento de pais adotivos de que se estava fazendo algo positivo ao adotar essas crianças na época "pode ser uma explicação, mas não é uma justificativa".
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Governo ignorou alertas
A mídia holandesa começou a noticiar os casos de adoções ilegais já no final da década de 1960, mas os governos anteriores não tomaram medidas decisivas para enfrentar o problema.
Para Dekker, o governo holandês falhou "por fechar os olhos aos abusos durante anos". "Por isso, desculpas são necessárias e, portanto, ofereço essas desculpas hoje aos adotados em nome do gabinete", disse.
O ministro também anunciou que um centro nacional especializado será estabelecido para ajudar pessoas adotadas na busca por suas famílias biológicas.
Na segunda metade do século passado, cerca de 40 mil crianças de 80 países foram adotadas por pais holandeses. Esse número caiu significativamente nos últimos anos. Em 2019, foram apenas 145 adoções internacionais.
Dekker disse que as adoções em andamento não serão prejudicadas, mas que caberá ao próximo governo decidir o rumo das adoções internacionais no país.
O governo do primeiro-ministro Mark Rutte renunciou no mês passado em meio a um escândalo de benefícios sociais que abalou o país, mas continua provisoriamente no cargo até as eleições parlamentares de março.
le/ek (AP, Reuters)
As promessas não cumpridas para a infância
Em muitos países os direitos mais fundamentais das crianças não são respeitados e elas estão sujeitas à pobreza, ao trabalho infantil, à prostituição, ao tráfico de pessoas e à escravidão.
Foto: Mustafiz Mamun
Cotidiano de trabalho infantil
Como este menino, mais de 4,5 milhões de crianças precisam trabalhar em Bangladesh – muitas vezes em empregos perigosos e recebendo baixos salários. A separação de lixo ou de trapos é muitas vezes vista como um trabalho razoavelmente bom.
Foto: Mustafiz Mamun
Trabalhar em vez de brincar
Enquanto milhões de crianças frequentam a escola e têm tempo para brincar, outras, como esta menina em Bangladesh, podem apenas sonhar com isso. Em vez de brincar, ela tem que carregar pedras todos os dias, sofrendo com todas as consequências negativas para sua saúde e seu desenvolvimento.
Foto: Mustafiz Mamun
Trabalhar, comemorar – ou lutar?
O objetivo do Dia Mundial da Criança é conscientizar o público sobre questões como a proteção e direitos das crianças. Alguns países lembram a data em 1º de junho, e a Alemanha, em 20 de setembro. Já a ONU celebra em 20 de novembro, o dia que, no ano de 1989, a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Crianças foi adotada.
Foto: Mustafiz Mamun
Sob a ameaça de uma máquina
Nem mesmo no Dia Mundial da Criança há tempo para jogos e brincadeiras: esta criança de 11 anos opera uma máquina numa fábrica de telas contra mosquitos no sul da Índia. Muitas vezes, em tais fábricas, as medidas de segurança são insuficientes, gerando riscos consideráveis para a integridades física e também para a vida.
Foto: picture-alliance/imageBROKER
Comovente
Anil, de 27 anos e que trabalhava em canais de drenagem, morreu após um acidente em Déli, deixando um filho. O repórter Shiv Sunny publicou a foto do menino, de 11 anos, chorando junto ao corpo do pai. A imagem levou muitos a lágrimas e doações, que chegaram ao equivalente a 37.500 euros.
Foto: Twitter/Shiv Sunny
Crianças-soldados
O recrutamento de crianças-soldados é considerado uma das formas mais brutais de exploração de menores de idade. Este jovem combatente da milícia somali Al Shabaab mostra que teve ferimentos em uma das mãos. Não melhor do que ele estão outras milhares de crianças que têm que trabalhar como prostitutas, traficantes de drogas ou escravas.
Foto: Getty Images/AFP/M. Dahir
Muros e fronteiras
Mas não apenas o trabalho infantil é um problema: o então presidente dos EUA, Donald Trump, mostrou mais uma vez sua insensibilidade ao mandar separar crianças de pais que cruzassem a fronteira dos EUA ilegalmente. Foi necessário um clamor internacional para que ele mudasse de ideia.
Foto: Reuters/J. Luis Gonzalez
Em busca de um recomeço
Longe dos pais, dois jovens buscam um recomeço na Alemanha. Eles preparam suas refeições na cozinha de um lar para refugiados no mosteiro Lehnin, no estado de Brandemburgo. Os refugiados menores de idade, em especial os desacompanhados, dependem de ajuda para recomeçar suas vidas.
Foto: picture alliance/dpa/B. Settnik
Depósito de lixo? Não, moradia
Este menino vive e trabalha num aterro de lixo localizado nas proximidades do rio Bhagmati, em Kathmandu, capital do Nepal. Sem qualquer proteção, ele procura por objetos que possam ser úteis.
Foto: picture-alliance/imageBROKER
Índios "chineses"
Estes jovens chineses celebram o Dia Mundial da Criança num jardim de infância em Yiyuan. "Crianças precisam de espaços livres", que é o lema do Dia Mundial da Criança de 2018, parece ter sido ao menos parcialmente implantado aqui.
Foto: picture-alliance/dpa/Xinhua/Z. Dongshan
"Eu tenho um sonho!"
Esta menina em Bangladesh mostra um desenho que fez para o Dia Internacional da Criança: nele, jovens brincam despreocupadas num dia de sol.
Foto: p-cture alliance/Pacific Press/M. Hasan
Liberdade limitada
Três meninas paquistanesas se divertem num passeio de carruagem, uma brincadeira que muitas crianças, sejam ricas ou pobres, também gostariam de fazer. Mas será que elas terão essa liberdade por muito mais tempo numa sociedade patriarcal?