Merkel e Hollande lembram cem anos da Batalha de Verdun
28 de maio de 2016
Líderes participam de cerimônia no Ossário de Douaumont, onde estão os restos mortais de mais de 130 mil soldados franceses e alemães não identificados. Batalha é símbolo das atrocidades da Primeira Guerra Mundial.
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O presidente François Hollande e a chanceler federal Angela Merkel lembrarão neste domingo (29/05) os mais de 300 mil soldados mortos na Batalha de Verdun, uma das mais simbólicas da Primeira Guerra Mundial. Os dois líderes visitarão diversos locais relacionados à batalha, como um cemitério de soldados alemães e a prefeitura da cidade francesa de Verdun.
O ponto alto da cerimônia será a visita ao Ossário de Douaumont, onde estão os restos mortais de mais de 130 mil soldados franceses e alemães não identificados. Com a visita de Merkel e Hollande será inaugurada uma inscrição que diz que mortos de ambos países estão ali guardados. Principalmente as associações de soldados franceses se opuseram durante anos à menção, no local, aos soldados alemães.
A batalha, também chamada de "Inferno de Verdun", assolou a Europa por 300 dias de 1916 e é um símbolo da carnificina da Primeira Guerra Mundial. Com suas presenças, Merkel e Hollande lembrarão também o histórico aperto de mão de seus antecessores François Mitterrand e Helmut Kohl, em 1984, no mesmo local. Com o gesto, cujas imagens correram mundo, os dois líderes marcaram a reconciliação franco-alemã.
No domingo, o diretor alemão Volker Schlöndorff encenará um encontro entre Hollande e Merkel com cerca de 3.400 jovens de ambos os países. Já neste sábado, pessoas lembraram, em uniformes históricos, no centro da cidade de Verdun, a batalha e a Primeira Guerra Mundial.
Merkel apreciou o convite francês para a comemoração conjunta e disse que se trata de um sinal da grande confiança mútua que existe entre os dois países. O convite mostra que as atuais relações entre Alemanha e França são muito boas, afirmou a chanceler neste sábado, em mensagem de vídeo divulgada na internet.
FC/dpa/epd/afp
Cem anos da Batalha de Flandres
A Primeira Batalha de Ypres (ou de Flandres) durou de 20 de outubro a 18 de novembro de 1914 e foi uma tentativa – fracassada – dos alemães de separar as tropas britânicas de suas linhas de abastecimento.
Foto: gemeinfrei
O início da guerra de trincheira
Com a invasão alemã à até então neutra Bélgica, em 1914, surge a Frente Ocidental. A maior parte da Bélgica estava ocupada pelos alemães, mas, na cidade flamenga de Ypres, soldados belgas, britânicos e franceses conseguiam conter os invasores. A Primeira Batalha de Flandres, ou Primeira Batalha de Ypres, durou um mês, e foi o começo de uma sangrenta guerra de trincheiras entre aliados e alemães.
Foto: imago/United Archives
Guerras de exaustão
Depois de um feroz ataque alemão, esta tropa de abastecimento britânica fica retida na estrada para Ypres, em 31 de outubro. Tropas alemãs e aliadas travavam guerras de exaustão, disputando cada metro de terreno, sem que um lado conseguisse avançar sobre o outro.
Foto: imago/United Archives
O mito de Langemark
A Primeira Batalha de Ypres ficou conhecida principalmente pela suposição de que grande parte da tropa alemã era formada por jovens voluntários: estudantes, universitários e aprendizes. No entanto, o mito do "sacrifício da juventude alemã" foi inventado pelos líderes militares alemães para encobrir as próprias falhas, como treinamento ruim, equipamento inadequado e má liderança.
Foto: imago/United Archives
Vítimas de ambos os lados
Os problemas começavam já na preparação das tropas: faltavam não só armas e selas para os cavalos, mas até mesmo os calçados necessários para os soldados. O resultado foi que, somente do lado alemão, cerca de cem mil homens perderam suas vidas até o final de novembro. Mas também do lado dos aliados houve milhares de vítimas.
Foto: imago/United Archives
Perdas sem vitória
A liderança alemã não conseguiu alcançar seu objetivo: cortar as linhas de abastecimento das tropas britânicas por meio de ataques dirigidos à costa do Canal da Mancha. O que se seguiu foram outras batalhas exaustivas na região de Flandres, até que, em abril de 1915, veio um novo momento de ruptura: as tropas alemãs foram as primeiras a utilizar gás mostarda como arma de guerra.
Foto: imago/United Archives
Inundação como estratégia
Áreas inteiras ao longo da costa belga do Canal da Mancha foram devastadas nas duras batalhas entre 20 de outubro e 18 de novembro de 1914. Além disso, tropas belgas inundaram a região – uma estratégia que, no curto prazo, foi bem-sucedida, pois conseguiu conter o avanço das divisões alemãs.
Foto: gemeinfrei
Destruição sem sentido
Em 4 de novembro de 1914, sem nenhuma razão militar e contra as ordens expressas de seu comandante, o general prussiano Berthold Deimling ordenou a destruição do famoso Salão dos Tecidos (Lakenhalle), um prédio comercial medieval localizado no centro de Ypres. Já no segundo ano de guerra, a cidade flamenga estava quase totalmente destruída.
Foto: gemeinfrei
Sofrimento da população
No centro de Ypres, muitas casas e edifícios históricos foram danificados já durante os primeiros bombardeios, no final de outubro de 1914. Os moradores tentavam salvar ao menos os pertences mais importantes de suas casas destruídas. Apenas cerca de 8 mil dos 35 mil habitantes resistiram na cidade durante a guerra.
Foto: imago/United Archives
Relembrando juntos
Langemark abriga um dos quatro cemitérios de soldados alemães da Bélgica. Lá estão os restos mortais de mais de 44 mil combatentes. A instrumentação nacionalista da batalha teve continuidade após a Primeira Guerra: a derrota militar foi reinterpretada como vitória moral. Hoje, no entanto, os ex-adversários se juntam para relembrar e lamentar os mortos dos dois lados do conflito.