O presidente francês, François Hollande, defendeu nesta segunda-feira (11/05) o fim do embargo americano a Cuba, durante uma visita histórica à ilha – a primeira de um líder ocidental desde que Washington e Havana iniciaram uma reaproximação e também a primeira de um chefe de Estado francês desde a independência de Cuba, em 1898.
Num discurso na Universidade de Havana, Hollande afirmou que fará o que for possível para garantir que "as medidas que tanto prejudicaram o desenvolvimento de Cuba possam ser finalmente revogadas", numa referência ao embargo comercial e financeiro imposto por Washington à ilha caribenha desde 1962.
"Todos sabem muito bem qual tem sido a posição da França sobre o fim de um embargo que impede o desenvolvimento de Cuba", acrescentou Hollande, que faz uma visita de um dia.
Há décadas a França vota todos os anos na Assembleia Geral da ONU a favor de uma resolução que pede o fim do embargo americano.
O fim do embargo também ajudaria empresas francesas a fechar negócios em Cuba. Hollande viajou à ilha acompanhado de uma comitiva de empresários, incluindo representantes de empresas como a Air France, a operadora de telefonia Orange, a rede hoteleira Accor e a destilaria Pernod Ricard.
Hollande também defendeu uma maior aproximação entre a União Europeia e Cuba, em meio a uma nova rodada de negociações para o primeiro acordo bilateral entre Havana e o bloco europeu.
"Acho a participação europeia muito importante", afirmou Hollande, em referência às reformas econômicas introduzidas nos últimos anos pelo governo do presidente Raúl Castro.
Ao longo do dia, Hollande deverá se reunir com Raúl Castro e talvez até com o ex-presidente Fidel Castro. O presidente francês prometeu que abordará o tema dos direitos humanos. Nesta terça-feira, ele seguirá para o Haiti, onde encerra seu giro de cinco dias pela região.
AS/lusa/dpa/afp/rtr
Líderes do continente americano discutem, nos dias 10 e 11 de abril, na Cidade do Panamá, temas como economia e desigualdade social nos países. Em edição histórica, Cuba marca presença pela primeira vez.
Foto: DW/S. CzimmekA Cidade do Panamá sedia a 7ª Cúpula das Américas nos dias 10 e 11 de abril. A capital do Panamá tem cerca de 1,5 milhão de habitantes, com arranha-céus e hotéis que dominam a paisagem. Era desta cidade que saíam as riquezas incas para a Europa nos séculos 15 e 16. Hoje, o país é considerado modelo econômico na América Latina, principalmente devido às receitas do Canal do Panamá.
Foto: DW/M. SoricOs encontros ocorrem no Centro de Convenções Atlapa, localizado no centro da cidade. Trinta e cinco chefes de governo e de Estado foram convidados. A Cúpula das Américas ocorre a cada três anos e é preparada pela Organização dos Estados Americanos (OEA).
Foto: DW/M. SoricPela primeira vez, Cuba irá participar da cúpula, algo que até então os Estados Unidos e o Canadá costumavam barrar. Nesta quinta-feira (10/04), o secretário de Estado americano, John Kerry, e o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, tiveram um encontro na primeira reunião de alto nível entre os dois países desde 1958.
Foto: picture-alliance/dpa/US Department of State/G. JohnsonA Embaixada de Cuba na Cidade do Panamá é rigorosamente vigiada, inclusive o trânsito foi desviado. Os delegados de Havana ficaram incomodados que tantos dissidentes tenham viajado até o Panamá. Foram registrados confrontos entre apoiadores e opositores do governo cubano.
Foto: DW/M. SoricNão apenas políticos estão presentes no encontro. Representantes da sociedade civil também foram convidados. Lilian Tintori estará presente para reforçar a luta do marido, Leopoldo López, conhecido opositor do governo na Venezuela, preso por razões políticas há 14 meses, em Caracas.
Foto: DW/M. SoricA desigualdade social é o principal tema do encontro. Chefes de Estado e de governo discutirão o que precisa ser feito para melhorar as condições de vida dos habitantes das Américas. Questão importante no Panamá: os 10% mais ricos da população detêm 40% da renda nacional; os 10% mais pobres ficam com apenas 1,1%. O Banco Mundial queixa-se há anos da desigualdade no Panamá.
Foto: DW/S. CzimmekConforme o Unicef, o trabalho infantil é um grave problema a ser combatido no Panamá. A entidade calcula que 50 mil crianças são exploradas nas fazendas de cana-de-açúcar, café e banana do país. Muitos menores ainda trabalham em fábricas e também na indústria da pesca.
Foto: DW/S. CzimmekMetade das crianças abaixo dos cinco anos vive na pobreza no Panamá. Muitas delas são oriundas de tribos indígenas. Durante a Cúpula das Américas, o trabalho infantil também será abordado. Para os observadores, porém, pouco tende a mudar.
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