Fenômeno das pessoas que usam máscaras de palhaço sinistras, que começou nos EUA, espalha-se para outros países e deixa autoridades em alerta. Ministro sueco do Interior pede calma.
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Um homem foi esfaqueado por um agressor usando uma máscara de palhaço na Suécia, disse a polícia nesta sexta-feira (14/10), enquanto uma onda de palhaços macabros provoca histeria nos Estados Unidos e em outros países.
"Um homem nascido em 1997 foi esfaqueado no ombro por um desconhecido que fugiu", afirmou a polícia do condado de Halland, no sul da Suécia.
Nesta quarta-feira, outras duas pessoas vestidas de palhaço ameaçaram matar uma mulher no país. "Ela ficou extremamente assustada", disse um porta-voz da polícia ao jornal Aftonbladet.
No mesmo dia, um grupo de homens com fantasias de palhaço cercou quatro crianças de 10 anos e as ameaçou com motosserras que se revelaram de mentira.
O ministro sueco do Interior, Anders Ygeman, pediu calma. "Não queremos ver uma situação em que uma pessoa se mete numa confusão de verdade porque alguém, talvez em parte fazendo piada, coloca uma máscara de palhaço", disse.
McDonald's e Stephen King
Nos Estados Unidos, a recente onda de palhaços sinistros nas ruas e nas redes sociais fez com que o McDonald's anunciasse nesta semana que deixaria de usar a imagem do palhaço Ronald McDonald.
Desde o fim de agosto, a moda de tentar assustar pessoas ganhou força, com palhaços sinistros escondidos em bosques, aparecendo em ruas escuras ou dirigindo veículos, alguns deles exibindo facas. Cenas do tipo foram relatadas na Califórnia, em Minnesota, na Carolina do Sul, em Nova Jersey e em Nova York.
"Se qualquer coisa for suspeita, seja alguém agindo de maneira ameaçadora verbal ou fisicamente, usando qualquer tipo de fantasia, notifique a polícia imediatamente", disse Laurence Martin, da polícia de Nova Jersey.
Até mesmo a Casa Branca se manifestou, alertando que as autoridades estão levando tais incidentes a sério. A polícia teme que o fenômeno se intensifique às vésperas do Halloween, festejado no dia 31 de outubro.
A loja online HalloweenExpress.com registrou um aumento na procura por máscaras de palhaço neste ano. A empresa baseada no Kentucky afirma que oito dos dez itens mais vendidos são máscaras assustadoras ou macabras de palhaço, comparadas a cinco no ano passado.
O autor americano Stephen King, cujo bestseller It, de 1986, tematiza um ser supernatural que aparece em forma de palhaço, reagiu no início do mês ao fenômeno no Twitter.
"Ei, pessoal, é hora de acalmar a histeria em torno dos palhaços. A maioria deles é boa, anima as crianças e faz as pessoas rirem", escreveu.
Uma adaptação do livro de King para o cinema deve ser lançada no ano que vem, mas a produtora negou qualquer ligação com a aparição dos palhaços macabros.
Histeria mundo afora
A febre também chegou ao Reino Unido, deixando as autoridades em alerta. No último fim de semana, a polícia de Thames Valley, que cobre uma grande parte de Londres, foi acionada em 14 incidentes nos quais "pessoas relataram terem sido intimidadas ou assustadas por outras vestidas de palhaço".
Na última sexta-feira, por exemplo, um homem fantasiado de palhaço e carregando uma faca seguiu quatro crianças que iam para a escola na cidade de Cheste-Le-Street, disse a polícia local.
A onda de palhaços macabros também se espalhou para países como Austrália, Nova Zelândia, Holanda e até mesmo Brasil. Palhaços macabros foram vistos em São Paulo e em cidades da região metropolitana, segundo relatos nas redes sociais. A polícia, no entanto, afirmou não ter sido acionada.
Em 2014, a França registrou um fenômeno semelhante, o qual, de acordo com o sociólogo Robert Bartholomew, foi "muito intenso e violento", levando à detenção de uma dezena de "palhaços assassinos".
"Palhaços podem ser vistos como assustadores porque não é possível ler o rosto deles, e 80% da comunicação é não verbal", afirma. "Se uma pessoa está usando maquiagem ou máscara, é difícil saber se é amigável."
LPF/afp/rtr/dpa
A ciência do terror
Os seres humanos são atraídos por filmes de terror, mostram estudos. Um filme do gênero pode tanto surtir efeitos positivos no corpo e preparar para situações de perigo quanto gerar medos permanentes no dia a dia.
Foto: picture-alliance/ZB
Bons para os glóbulos brancos
Você sabia que filmes de terror podem fazer bem? Num experimento com um grupo de 32 indivíduos saudáveis (de 20 a 26 anos), uma parte ficou sentada calmamente numa sala, e a outra assistiu ao filme "O massacre da serra elétrica" (foto). Os espectadores apresentaram níveis mais altos de leucócitos – ou glóbulos brancos – ativados, células usadas pelo sistema imunológico para a defesa do corpo.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library/Cannon Films/Ronald Grant Arch
Dá para pular a academia?
Dizem que filmes de terror queimam calorias, mas tenha em mente que o estudo que chegou a essa conclusão – conduzido pela Universidade de Westminster – foi coencomendado pelo LOVEFiLM, serviço de aluguel de filmes da Amazon. Assistir a "O Iluminado" queimou 184 calorias; "Tubarão", 161 calorias; "O Exorcista", 158, e "Alien", 152. Já "O massacre da serra elétrica" queimou meras 107 calorias.
Foto: imago
Treino para o perigo
Somos atraídos pelos filmes de terror porque eles servem como prática para enfrentar situações de perigo. “Desenvolvemos emoções cognitivo-comportamentais que nos permitem detectar rapidamente e responder adequadamente aos perigos", diz o pesquisador de terror Mathias Clasen. Assista a "O Iluminado", por exemplo, e você estará mais bem preparado para uma viagem a um hotel no meio do nada.
Foto: Imago/Entertainment Pictures
Cobras e instinto
Muitos de nós têm instinto nato para lidar com cobras. Pesquisadores da Virginia pediram a alunos da pré-escola e a adultos para encontrarem uma determinada imagem em meio a oito figuras confusas. Tanto as crianças quanto os adultos detectaram as cobras mais rápido do que flores, sapos e lagartas. Foi a primeira vez que crianças foram testadas quanto à detecção visual de ameaças.
Foto: imago
Aranhas longe da bebida
Em outro experimento, cientistas testaram se barmans seriam "perifericamente cegos" no caso de haver uma aranha ao redor. A resposta é: não! Grande parte deles viu o bicho assustador – enquanto, comparativamente, pouco notaram outras coisas como moscas, protótipos de outros insetos e seringas.
Foto: Fotolia/fovito
Horror de verdade
O medo e a repulsa servem para nos proteger, mas a evolução humana não acompanhou a civilização moderna. Nossos medos mais profundos – aranhas, cobras, altura e espaços fechados – têm pouco em comum com o que realmente nos mata hoje: gordura trans, cigarro, carro e álcool. Esses quatro itens podem estar presentes numa festa de Halloween, mas nunca irão compor a decoração "assustadora".
Foto: picture-alliance/dpa
O caso da "paciente S.M."
Nem todo mundo é afetado pelo terror. Uma paciente que sofreu lesões na amídala, S.M. (não aparece na foto), não mostrou reação a filmes de terror, casas mal-assombradas e animais assustadores. S.M. segurou uma cobra por mais de três minutos, e mostrou comportamentos experimentais: esfregava as escamas, tocava a língua e acompanhava de perto os movimentos, enquanto a cobra deslizava por suas mãos.
Foto: ADRIAN DENNIS/AFP/Getty Images
Macacos zumbis
E os nossos parentes primatas? Eles se apavoram com zumbis? Estudos da Universidade de Princeton sugerem que sim. Foram mostrados aos macacos rostos de macacos irrealistas e realistas. Eles olharam mais tempo para as imagens realistas, levando os pesquisadores a pensar que os macacos experimentam um "percurso misterioso", que os mantém (e a nós também) avessos a doenças e a deformidades genéticas.
Foto: picture-alliance/dpa
O cheiro do medo
Sabia que você fica com outro cheiro depois de um filme de terror? Em Viena, foram exibidos a cinéfilos um filme de terror ("Candyman") e outro "neutro". Depois, eles tiveram as axilas enxugadas. Aqueles que cheiraram as compressas distinguiram "o cheiro do medo" daquele do "não medo". O cortisol, o hormônio do estresse, não foi a causa, o que significa que os feromônios do medo têm outra origem.
Foto: picture-alliance / KPA Honorar & Belege
Medo na vida real
Filmes de terror podem deixar consequências negativas e permanentes. Numa pesquisa com estudantes, 75% relataram distúrbios na rotina. Alguns exemplos: medo de nadar depois de assistir a "Tubarão"; mal-estar com palhaços, televisões e árvores após "Poltergeist", medo de acampar e de madeira depois de assistir a "A Bruxa de Blair" e ansiedade quando sozinho em casa devido ao filme "Pânico ".
Foto: picture-alliance/dpa
Videogame: mais um medo?
A ciência sabe pouco sobre os efeitos dos jogos de terror para videogames, porque o gênero é muito novo. Alguns estudos têm mostrado, entretanto, que a intensidade da experiência no game atrapalha o sono. Pesquisadores australianos descobriram que jogadores dormiram por períodos mais curtos e que o sono deles foi menos intenso.