Homem encontra 50.000 marcos alemães escondidos em relógio
25 de dezembro de 2019
Um alemão descobriru um maço de antigas notas dentro de uma antiguidade adquirida num mercado de pulgas. Apesar de os marcos terem sido tirados de circulação em 2001, ainda é possível convertê-los em euros.
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Um cidadão alemão teve uma surpresa ao comprar um antigo relógio de parede numa feira de antiguidades. Dentro do objeto estava um maço de notas. O único problema: não era o tipo de dinheiro que seria aceito por um loja ou restaurante. Valor total: 50 mil em cédulas de antigos marcos alemães (Deutsche Marks), a moeda alemã que antecedeu o euro e que foi substituída em 2001.
Segundo a emissora alemã NDR, o homem, que vive em Aurich, uma cidade do estado da Baixa Saxônia, só notou que havia algo escondido no interior do relógio quando chegou em casa com o objeto, ao desmontar um dos painéis. O homem não guardou o dinheiro para si: ele juntou as notas e levou o valor total para o escritório de achados e perdidos do governo local.
Agora, depois de um período de espera legal de seis meses, no qual ninguém reclamou as antigas cédulas, o homem recebeu permissão para ficar com elas.
Ainda é possível trocar antigos marcos alemães por euros junto ao Banco Central da Alemanha, mesmo que a moeda já tenha sido substituída pelo euro há 18 anos.
Segundo a rede NDR, foi isso que o habitante de Aurich fez quando recebeu as notas novamente. Após pagar uma taxa administrativa de 576 euros (2600 reais) ao munícipio, ele trocou o valor por euros. A taxa de câmbio oficial permanece inalterada desde 2001: um euro vale 1,95 marcos alemães. Assim, foi possível trocar os 50 mil marcos por 25.500 euros (115 mil reais).
A cultura de poupança da Alemanha, focada em dinheiro vivo, muitas vezes rende esse tipo de episódio, em que antigas cédulas armazenadas por anos acabam sendo redescobertas mais tarde. O Banco Central do país estimou que em 2018 ainda havia 12,6 bilhões de antigos marcos alemães (cerca de 6,3 bilhões de euros) em circulação.
É provável que uma boa parte desse valor consista em moedas perdidas pela casa e cédulas bancárias de menor valor mantidas como suvenires e realmente não valem uma viagem ao banco. Mas há outras histórias de descobertas de valores significativos. O jornal Stuttgarter Nachrichten relatou em 2018 duas histórias do gênero, uma feliz e outra tragicômica.
Em uma delas, uma mulher encontrou uma antiga bolsa com 1.000 marcos alemães. O acessório havia sido enterrado no jardim décadas antes por um de seus antigos cachorros, e foi "redescoberto” por um novo cão que ela havia adotado.
Em outro caso, uma família encontrou uma caixa com 50 mil marcos no sotao da casa, no estado alemão de de Baden-Württemberg. O problema: ratos haviam instalado um ninho na caixa e roído as cédulas.
Em 2017, o Banco Central alemão trocou 90 milhões de marcos, equivalentes a cerca de 45 milhões de euros, na taxa de câmbio oficial.
Por enquanto, o governo vem mantendo a possibilidade de efetuar a conversão dos antigos valores em euro. Outros países da Zona do Euro, como a França, a Itália e a Grécia já fecharam em relação a suas antigas moedas nacionais. Qualquer franco, lira ou dracma que forem encontrados atrás da estante de livros pode ser colado num álbum ou jogado fora.
Em 2017, entram em circulação as novas notas de 50 euros, mais difíceis de falsificar. As cédulas passam por um longo e complicado processo, envolvendo avançada tecnologia, antes de serem distribuídas.
Foto: Giesecke & Devrient
Dinheiro de algodão
O algodão é o material básico das notas. É mais durável do que o papel convencional e mais resistente, caso as cédulas caiam, por acidente, na lavadora de roupas. Na produção do papel das cédulas, são usadas fibras curtas, rejeitadas na indústria têxtil.
Foto: tobias kromke/Fotolia
Mistura secreta
O algodão passa por um processo de branqueamento, é lavado e transformado em uma massa de papel. A composição exata da pasta é mantida em segredo. Esta máquina processa a massa, transformando-a em tiras longas de papel. Elas, então, recebem algumas das muitas características de segurança das notas, como marcas d'água e fios de segurança.
Foto: Giesecke & Devrient
Itens de segurança
As notas de euro contêm mais de dez itens de segurança, para dificultar a vida dos falsificadores. Uma delas são aplicações de filmes especiais, como as realizadas na gráfica privada alemã Giesecke & Devrient.
Foto: Giesecke & Devrient
O artista por trás na nota
Reinhold Gerstetter é responsável pelo desenho das notas de euro. O designer gráfico alemão já desenhava os rostos impressos nas últimas notas de marco alemão. As cédulas de euro trazem, em cada valor, a representação de uma época europeia. A de cinco euros mostra um arco da antiguidade; as outras, imagens representando os períodos romântico, gótico, renascentista, barroco e a era industrial.
Foto: Getty Images/AFP
Um número para cada nota
Outra etapa importante é a da numeração. Cada cédula recebe um número único. Este permite com que seja determinado exatamente o lugar da impressão. Mais de uma dezena de gráficas de alta segurança produzem as notas na Europa.
Foto: Giesecke & Devrient
Concorrência reduz custos
Antes, os Estados automaticamente empregavam sua gráfica estatal. Atualmente, o Bundesbank, o banco central da Alemanha, promove licitações entre empresas de toda a Europa. Isso garante menores custos. No ano passado, a gráfica privada alemã Giesecke & Devrient, sediada em Munique, dispensou 700 funcionários. Ela produz a custos menores em suas filiais em Leipzig e na Malásia.
Foto: Giesecke & Devrient
O custo de uma nota de 500
Empacotados, os maços de notas são enviados aos bancos centrais. Os custos de produção variam entre 7 e 16 centavos de euro – quanto maior o valor nominal, maior é o custo da produção da cédula, pois as notas são maiores e recebem recursos adicionais de segurança.
Foto: Giesecke & Devrient
Recorde de cédulas falsas
Apesar do complexo processo de impressão, criminosos ainda conseguem colocar anualmente centenas de milhares de notas falsas em circulação. Desde a introdução da moeda única europeia, em 2002, nunca tantas falsificações foram encontradas como no ano passado. O Banco Central Europeu contabilizou quase 900 mil cédulas falsas em todo o mundo.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Hoppe
Nova série não terá a de 500
As novas notas de euro devem ser à prova de falsificações. A série começou em 2013, com a nota de cinco euros; em 2014 veio a de 10 e, em 2015, a de 20 euros. A de 50 euros deve entrar em circulação na primavera europeia de 2017. As novas de 100 e 200 devem ser lançadas com um ano de intervalo entre si. Uma nova nota de 500 euros, inicialmente prevista para 2019, provavelmente não será produzida.