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Homem negro morreu por asfixia em ação policial nos EUA

3 de setembro de 2020

Família divulga imagens de ação que resultou na morte de Daniel Prude, com aparentes distúrbios mentais. Policiais colocaram um capuz sobre a cabeça da vítima e a prensaram contra o chão. Ele morreu dias depois.

Imagem de um policial colocando um capuz na cabeça do negro Daniel Prude, sentado nu e algemado no meio de uma rua em Rochester, nos EUA
Policial coloca um capuz, conhecido por "spit hood" e que evita que os detidos cuspam ou mordam, na cabeça de PrudeFoto: picture-alliance/AP Photo/Roth and Roth/Rochester Police

Daniel Prude, um homem negro de 41 anos, com aparentes problemas mentais, foi asfixiado por policiais da cidade de Rochester, no oeste do estado de Nova York, e acabou morrendo em consequência. O caso ocorreu em março, mas as circunstâncias da morte foram reveladas somente na quarta-feira (02/09), quando sua família divulgou imagens e documentos relacionados ao incidente.

Prude morreu em 30 de março, quando foram desligados os aparelhos que o mantinham vivo, sete dias após sua interação com a polícia em Rochester. Sua morte recebeu pouca atenção pública até quarta-feira, quando sua família deu uma entrevista coletiva e divulgou as imagens da câmera de corpo de um dos policiais e relatórios obtidos por meio de um pedido de que os registros fossem de domínio público.

A vítima foi detida em 23 de março quando estava correndo sem roupas por ruas de Rochester, depois de o próprio irmão ter ligado para a polícia para alertar que Prude apresentava distúrbios mentais.

"Eu fiz a ligação para que meu irmão recebesse ajuda. Não para que meu irmão fosse linchado", disse Joe Prude. "Como não se olhou para ele e não se disse diretamente: 'O homem está indefeso, completamente nu no chão.' Ele já estava algemado. Quantos irmãos mais têm que morrer para que a sociedade entenda que isso precisa parar?"

Os vídeos mostram Prude, completamente nu em meio à queda leve de neve, obedecendo quando a polícia pede que ele se deite no chão e coloque as mãos atrás das costas. Em seguida, ele é algemado. No início, Prude está calmo e cooperando com os policias. Mas momentos depois, ele fica agitado e começa a gritar enquanto está sentado no asfalto. "Dê-me sua arma, eu preciso dela", ele gritava.

Em seguida, os policiais colocam um capuz especial em sua cabeça, um dispositivo conhecido como spit hood e usado para evitar que os detidos cuspam ou mordam. Na época, o estado de Nova York estava no estágio inicial da epidemia de coronavírus.

Prude pediu que retirassem o capuz, mas um policial atirou o homem ao chão e outro manteve a sua cabeça pressionada contra o asfalto. Ouve-se os policiais pedindo que Prude se acalmasse e que "parasse de cuspir". Um terceiro policial pressionava suas costas com o joelho.

"Estão tentando me matar!", disse Prude, com sua voz ficando abafada e angustiada sob o capuz. "Pare. Eu preciso disso, eu preciso disso", implorou antes que seus gritos se transformassem em gemidos e grunhidos.

Os policiais parecem ficar preocupados quando Prude para de se mover e deixa de falar e notam um líquido saindo de sua boca. "Você está vomitando?", questiona um policial. "Ele está bastante frio", diz outro.

O vídeo mostra que a cabeça de Prude foi mantida pressionada por um policial por pouco mais de dois minutos. Os policiais então removem o capuz e as algemas e paramédicos realizam os procedimentos de reanimação cardiorrespiratória e colocam o homem numa ambulância.

Prude morreu uma semana depois no hospital. Segundo o jornal americano The New York Times, os policiais envolvidos no incidente não foram suspensos de suas funções.

Um legista concluiu que a morte de Prude foi um homicídio causado por "complicações de asfixia no contexto de contenção física". O relatório lista delírio excitado e intoxicação aguda por fenciclidina, uma droga também conhecida por PCP ou "pó de anjo", como fatores contribuintes.

Prude vivia em Chicago e acabara de chegar a Rochester para visitar o irmão. Na viagem, ele foi expulso do trem "devido ao seu comportamento indisciplinado", de acordo com o relatório de um investigador de assuntos internos da polícia.

Por preocupação com manifestações suicidas, policiais de Rochester levaram Prude sob custódia para uma avaliação clínica de sua saúde mental na noite de 22 de março, cerca de oito horas antes do incidente que levou à sua morte, que ocorreu na madrugada para 23 de março.

A morte de Prude ocorreu dois meses antes da de George Floyd, outro cidadão negro morto enquanto estava sob custódia da polícia. O incidente com Floyd, em Minneapolis, alavancou massivos protestos contra o racismo e a violência policial nos Estados Unidos e em outros cantos do mundo.

O episódio mais recente de violência policial contra um afro-americano foi registrado na cidade de Kenosha, no estado de Wisconsin, onde Jacob Blake foi alvejado nas costas com sete tiros. Blake sobreviveu, mas está paralisado da cintura para baixo.

PV/ap/efe/ots

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