Homem pode ter chegado às Américas antes do que se pensava
23 de julho de 2020
Escavações em caverna no México encontram evidências de que seres humanos já habitavam a região há cerca de 30 mil anos. Pesquisa publicada na revista "Nature" achou centenas de ferramentas de pedra esculpida no local.
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Utensílios encontrados em uma caverna no norte do México sugerem que os seres humanos já habitavam as Américas há cerca de 30 mil anos, muito antes do que os cientistas acreditavam. A descoberta foi publicada nesta quarta-feira (22/07) na revista científica Nature.
A caverna Chiquihuite, a 2.740 metros acima do nível do mar, nas montanhas Astillero, vem sendo estudada desde 2012 por uma equipe da Universidade Autônoma de Zacatecas. Durante as escavações, os pesquisadores encontraram no local 1.900 ferramentas de pedra esculpida, das quais 239 tinham camadas de cascalho de entre 25 mil e 32 mil anos de idade.
Até essa descoberta, cientistas estimavam que os seres humanos haviam chegado da Ásia às Américas há 15 mil ou 16 mil anos. A data foi baseada em descobertas feitas no sítio arqueológico Monte Verde II, no Chile, que remontam a 14 mil anos atrás. Mas a história de como e quando o Homo sapiens chegou às Américas é frequentemente alvo de debate entre especialistas.
Embora nenhum osso ou DNA humano tenha sido encontrado na caverna mexicana durante a pesquisa, os autores acreditam que o local era visitado ocasionalmente por pessoas. Segundo eles, a caverna Chiquihuite é bem isolada e pode ter dado abrigo durante tempestades de neve.
"Talvez era usada como refúgio a cada poucas décadas, durante invernos particularmente rigorosos", afirma a pesquisa, lembrando ainda que há 26 mil anos a América do Norte era considerada uma região perigosa devido à última era glacial.
A hipótese de que a caverna era frequentada apenas ocasionalmente se deve ao pequeno número de utensílios antigos encontrados nela. As ferramentas de pedra, acrescentam os cientistas, mostram "tecnologia desenvolvida", sugerindo que elas podem ter sido trazidas de outros lugares.
A Nature, porém, contrastou os resultados com os estudos do arqueólogo e antropólogo da Universidade do Arizona François Lanoë, que alertou que as ferramentas encontradas poderiam ter sido movidas para camadas mais profundas por atividade geológica e, por isso, haveria camadas de cascalho com mais de 25 mil anos.
Por sua vez, o diretor da nova pesquisa, Ciprian Ardelean, admitiu que algumas das ferramentas poderiam ter se movido para camadas mais baixas, mas ressaltou que as 239 mais antigas estão sob uma camada impenetrável de lama formada durante a última era do gelo.
Ruínas dessa antiga cidade são testemunhas de tempos de glória e uma importante herança cultural. Elas estão ameaçadas pela guerra civil na Síria e pela presença do "Estado Islâmico".
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Ruínas de um passado glorioso
No meio do deserto da Síria ficam as ruínas da antiga cidade de Palmira, que em tempos passados floresceu graças ao comércio. Por centenas de anos, caravanas de comerciantes passaram pela cidade, seguindo a chamada Rota da Seda, que ia até a China. Quando os tempos áureos viraram história, as areias do deserto acabaram tomando conta a cidade.
Foto: Fotolia/bbbar
Templo de Bel
Esta construção foi erguida para um grande deus mesopotâmio. No primeiro século depois de Cristo, os habitantes de Palmira construíram um tempo em estilo romano para a divindade Bel. O custo da obra teria sido arcado pelos romanos, em agradecimento pela adesão da cidade ao Império Romano. As paredes do templo carregam marcas de balas, resultado da guerra civil na Síria.
Foto: picture-alliance/blickwinkel/F. Neukirchen
Caminho das preciosidades
Esta avenida marcada por colunas tem quase um quilômetro de extensão e foi construída no século 2. Na entrada está o Arco de Adriano, erguido em homenagem ao imperador romano. O estilo greco-romano estava na moda na época, com alguns arabescos orientais. Pela estrada eram transportados temperos, perfumes, pedras preciosas e outros tesouros.
Foto: Louai Beshara/AFP/Getty Images
Monumento em estilo romano
Este tetrápilo fica num cruzamento de ruas. São quatro nichos cobertos, cada um deles formado por quatro colunas de granito rosa, extraído das pedreiras da cidade egípcia de Assuã. Antigamente, os nichos abrigavam estátuas. Quase todas as colunas foram reconstituídas. Apenas uma é original.
Foto: Fotolia/waj
Deus do vento
O deus do vento se chamava Baal-Shamin. De fato, o templo dele foi menos deteriorado pelas tempestades de areia do que os templos fúnebres localizados no outro extremo da avenida das colunas. Acredita-se que o templo tenha sido construído pelos fenícios, que posteriormente ocuparam a região. Não se sabe ao certo, porém, quando exatamente ele foi construído.
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Dramas orientais
Palmira tinha muitas características de uma cidade greco-romana: as colunas, as termas e também o anfiteatro. No palco dele, que era a fachada de um palácio, eram encenados dramas orientais. As peças, escritas em aramaico, se perderam. O teatro também era usado como palco de lutas de gladiadores e de animais.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Marczok
Fórum da classe alta
Estas colunas da ágora, o espaço público central da cidade, ostentavam 200 estátuas que homenageavam as figuras mais poderosas da elite de Palmira. Na parte sudoeste da ágora estão as ruínas de uma construção que possivelmente serviu para as reuniões do conselho da cidade. Dele faziam parte as mais influentes famílias de comerciantes, aquelas que definiam os rumos de Palmira.
Foto: picture-alliance/Robert Harding World Imagery/C. Rennie
Túmulos luxuosos
Do lado de fora da cidade há vários mausoléus. Famílias importantes construíam torres altas, com espaço para os mortos de várias gerações. As últimas moradas de alguns representantes dessas famílias são sarcófagos ricamente ornamentados. Há ainda diversos sepulcros subterrâneos, adornados com afrescos. As sepulturas são um testemunho do cotidiano e das riquezas dos tempos áureos.
Foto: Imago/A. Schmidhuber
Ameaçada pela guerra
No século 3, Palmira se tornou uma base militar. A queda da rainha Zenóbia deu origem a uma reviravolta no poder. Os tempos áureos ficaram para trás, o brilho da cidade começou a ser apagado pela areia. Desde 2001, as ruínas sofrem as consequências da guerra civil na Síria. A nova ameaça são os jihadistas do "Estado Islâmico".