Três ônibus dispostos verticalmente diante da igreja Frauenkirche remetem a imagem do conflito na Síria. Artista afirma que obra é um símbolo de superação e lembra vítimas de todas as guerras.
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Instalação artística em Dresden causa polêmica
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O que três ônibus dispostos verticalmente diante da igreja Frauenkirche de Dresden tem que ver com os bombardeios de 13 de fevereiro de 1945 em Dresden? A resposta do artista teuto-sírio Manaf Halbouni está numa placa ao lado da instalação temporária, que prossegue até 3 de abril. "Sofrimento humano e cidades destruídas: as imagens atuais da Síria nos lembram das consequências de guerras passadas em todo o mundo", diz o texto.
Para Dresden, as consequências dos ataques aéreos ao final da Segunda Guerra Mundial foram devastadoras. Ao menos 25 mil pessoas morreram nos três dias de bombardeios, que ficaram conhecidos como "Inferno de Dresden". A cidade, chamada de "Florença do Elba" devido à sua beleza barroca, afundou em escombros.
Também Aleppo, na Síria, foi um dia uma bela cidade e é hoje um campo de batalha com milhares de mortos. A inspiração para a instalação artística em Dresden veio de uma cena de 2015, quando ônibus foram enfileirados, de pé, na metrópole síria, como uma barreira de proteção para a população. Se na cidade alemã hoje vigora a paz, Aleppo ainda convive com a guerra civil. Os três ônibus diante da emblemática Frauenkirche devem simbolizar a esperança "de superação da guerra e de reconstrução", diz a placa ao lado da instalação artística, que Halbouni intitulou Monumento.
Prefeito e instalação são alvo de críticas
Dez anos da reconstrução da Frauenkirche
Há uma década, igreja era reinaugurada em Dresden, no leste da Alemanha. Após ser destruído na Segunda Guerra Mundial, templo foi reerguido e transformou-se em símbolo da cidade e atração turística.
Foto: picture-alliance/ZB/T. Eisenhuth
Joia do Elba
A famosa pintura a óleo do artista italiano Bernardo Belloto, conhecido como Canaletto, mostra a Frauenkirche e o Neumarkt em 1751. A pedra fundamental da igreja barroca foi colocada em 1726. Ela fazia parte de um programa urbanístico do rei Augusto 2º, que queria transformar Dresden numa metrópole europeia.
Foto: gemeinfrei
Cúpula única
Na reconstrução da cúpula, fiel à original, 13 mil toneladas de arenito foram colocadas sobre uma estrutura de madeira. A cúpula barroca de 1736 foi a obra-prima do arquiteto George Bähr. Na época, poucos acreditavam que os pilares e as paredes da igreja suportariam o peso da cúpula em forma de sino.
Foto: picture-alliance/ZB
Afrescos delicados
A base da Frauenkirche tem apenas metade do tamanho de um campo de futebol. Com a falta de espaço, o arquiteto George Bähr voltou-se para o céu. Hoje, quem entra na igreja pode ver os quatro evangelistas e quatro virtudes cristãs na pintura na cúpula, assim como no original do veneziano Giovanni Battista Grono.
Foto: picture-alliance/D. Kalker
Destruição na Segunda Guerra
No dia 13 de fevereiro de 1945, aviões britânicos e americanos bombardearam Dresden e deixaram o centro da cidade em chamas. A igreja resistiu por dois dias, mas depois ruiu. A pilha de 17 metros de altura com escombros da construção permaneceu no local até 1993.
Foto: Bundesarchiv Bild 183-60015-0002
Ruína simbólica
Com grandes manifestações, os moradores da República Federal Alemã (RDA), a antiga Alemanha Oriental, relembravam a destruição de Dresden. Em 1966, as ruínas da Frauenkirche foram declaradas monumento. Em 1982, cristãos oraram pela primeira vez nas ruínas, em protesto contra a militarização da RDA. Assim, a Frauenkirche foi tornando-se símbolo também do movimento pelos direitos civis e pela paz.
Foto: picture-alliance/ZB
A reconstrução
Em 1990, o músico Ludwig Güttler (sentado, à esquerda) resolveu agir. Seu plano: reconstruir fielmente a Frauenkirche. Com apoio de grupos dos EUA, França, Reino Unido e Suíça, ele conseguiu reunir 13 mil pessoas para o projeto. Uma exposição na cripta da igreja mostra a história da reconstrução.
Foto: picture-alliance/ZB
Quebra-cabeça arqueológico
Antes da reconstrução, o entulho precisava ser removido. A retirada começou em 1993, e cada pedra e fragmento da ruína foi medido e numerado. A reconstrução da igreja teve início em 1994. No total, 46% das pedras originais puderam ser recolocadas fielmente em seus antigos lugares.
Foto: picture-alliance/ZB
Lugar de honra na cripta
Sob os últimos escombros da igreja, 48 anos depois do bombardeio, ressurgiu o sepulcro do arquiteto da Frauenkirche. Os restos mortais de George Bähr permaneceram intactos. Hoje, o túmulo restaurado pode ser visto na cripta da igreja. Há ainda outras sepulturas no local, porque a cripta era usada no século 18 para enterrar personalidades da época.
Foto: Stiftung Frauenkirche Dresden/S. Kotyrba
Altar barroco
As esculturas do altar impressionam quem observa a Frauenkirche do coro. O altar foi reconstruído com os fragmentos, como a figura de Moisés com a tábua dos dez mandamentos. Quase 80% do altar é original, tornando-o a parte mais preservada da igreja.
Foto: picture-alliance/dpa
Sala de concertos
O interior cheio de luz da igreja acomoda 1.800 pessoas. Hoje, na Frauenkirche, não são realizados apenas missas. Concertos também são comuns, e isso é, na verdade, uma tradição. O famoso compositor Richard Wagner comemorou lá, em 1843, a estreia mundial de sua única obra para coral religiosa: "Das Liebesmahl der Apostel", para 1.200 cantores.
Foto: Stiftung Frauenkirche Dresden/Gunter Bähr
Velho novo marco
Dos 182 milhões de euros usados na reconstrução, cerca de 100 milhões vieram de doações. Desde a reinauguração, há uma década, a igreja se tornou um verdadeiro ímã de turistas, tendo recebido quase 20 milhões de visitantes nacionais e estrangeiros.
Foto: icture-alliance/dpa/M Hiekel
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O prefeito de Dresden, Dirk Hilbert, é um defensor ferrenho da obra de arte apesar de toda a resistência, tendo sido chamado de "traidor do povo" por opositores. Na noite desta segunda-feira (13/02), o político discursou sobre um palco ao lado dos três ônibus e afirmou que a instalação é um símbolo do "sofrimento da população de Aleppo, da paz e da reconciliação". Hilbert ressaltou que Dresden e sua Frauenkirche foram reconstruídas com "ajuda do mundo todo". Quanto a Aleppo, "após o fim dos combates, ainda vai levar décadas até que o caos e a destruição sejam superados", como diz a placa explicativa.
A ligação entre Dresden e Aleppo e a homenagem a guerras passadas e presentes dividem os moradores da cidade alemã. E isso ficou claro no dia que marcou o 72º aniversário dos ataques aéreos da Segunda Guerra Mundial. "Eles poderiam ter feito isso em Nurembergue, era lá que os nazistas gostavam de se apresentar", diz uma senhora idosa a sua acompanhante, olhando para os ônibus. Mas também em Dresden havia nazistas. E também de lá judeus foram enviados para campos de concentração.
Membros do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) distribuíram, diante dos três ônibus, folhetos com as palavras "Monumento contra o terrorismo". Na montagem fotográfica abaixo do título, veem-se a Frauenkirche e o caminhão usado pelo tunisiano Anis Amri para executar um atentado a uma feira natalina de Berlim, deixando 12 mortos em dezembro passado.
Dresden, das ruínas à atualidade
Praticamente destruída pelos bombardeios dos Aliados no final da 2ª Guerra, a "Florença do Elba" conseguiu se reerguer.
Foto: Colourbox/L. Andronov
Florença do Elba
Construída às margens do Rio Elba e cercada pela floresta Heide, Dresden é conhecida como a Florença do Elba, devido à harmonia da sua beleza natural com a sua belíssima aquitetura.
Foto: picture-alliance/ZB/P. Zimmermann
A Abóbada Verde
Na "sala das preciosidades" da Abóbada Verde, os visitantes podem ver as mais valiosas riquezas de príncipes eleitores e reis saxões. Mais de mil peças podem ser vistas na vitrine do tesouro.
Foto: picture alliance/dpa/M. Hiekel
A praça Neumarkt
Desde a consagração da Frauenkirche, a área em sua volta vem sendo trabalhada de forma intensiva para restaurar as características barrocas originais do local.
Foto: icture-alliance/dpa/M Hiekel
Residenzschloss
O palácio Residenzschloss foi sede do governo e residência dos príncipes da Saxônia do século 12 até o ano de 1918. Durante esse longo período ele passou por diversas reformas, uma completa reconstrução em 1701, em conseqüência de um incêndio, e após a destruição de 1945 foi novamente reconstruído.
Foto: Imago
Arte no teto
A capela do castelo foi construída entre 1551 e 1553 pelo mestre construtor e escultor em pedras Melchior Trost.
Foto: picture-alliance/dpa
Hofkirche, a igreja católica da corte
A maior igreja da Saxônia, consagrada em 1751 como igreja da Corte, é desde 1980 catedral da Diocese de Dresden e Meissen.
Foto: picture alliance/Johanna Hoelzl
A Ópera Semper
A Ópera Semper, em estilo neo-renascentista, foi construída entre 1870 e 1878 pelo arquiteto Gottfried Semper e é mais um dos símbolos da cidade. Destruída pelas bombas dos Aliados no final da Segunda Guerra Mundial, sua reconstrução foi finalizada em 1985.
Foto: DW/K. Gomes
Magnífico cenário para ópera e bailes
Na ópera Semperoper acontecem não só apresentações artísticas, mas também bailes de gala.
Foto: DW/Elisabeth Jahn
A galeria Alte Meister
A Pinacoteca dos Mestres Antigos (Alte Meister), instalada na ala Gottfried Semper do complexo Zwinger, foi reaberta em 1956, depois que a então União Soviética devolveu os quadros à então Alemanha Oriental.
Foto: dapd
O complexo histórico de museus Zwinger
O complexo de prédios barrocos Zwinger, construído entre 1710 e 1719 para a corte de Augusto, o Forte, foi destruído durante os bombardeios dos Aliados no inverno europeu de 1944 e 1945, mas principalmente em fevereiro de 1945. Sua reconstrução começou já em 1945.
Foto: Mapics/Fotolia
Início da reconstrução
Em 1946, as ruas foram liberadas dos entulhos, embora os cabos dos bondes ainda estivessem danificados. As ruínas dos prédios foram removidas mais tarde.
Foto: AP
Monumento de Martinho Lutero
O monumento de Martinho Lutero junto às ruínas da igreja protestante Frauenkirche.
Foto: Bundesarchiv Bild 183-60015-0002
Cinzas e escombros
Uma ofensiva aérea dos Aliados na noite de 13 para 14 de fevereiro de 1945 destruiu Dresden, famosa por suas características barrocas.
Foto: picture-alliance/dpa
A Frauenkirche
Por 50 anos, as ruínas da igreja barroca serviram de memorial contra a guerra no centro da cidade marcada pela destruição.
Foto: AFP/Getty Images
Símbolo da reconstrução
Em 1994, foi iniciada a reconstrução da igreja protestante Frauenkirche. O culto festivo de inauguração foi em 30 de outubro de 2005.
Foto: Getty Images/C. Koall
O Quartier
O chamado "alojamento junto à Frauenkirche" é espaço para hotéis, lojas, apartamentos e restaurantes.
Foto: picture-alliance/ZB
A "mesquita do tabaco" Yenidze
Construída entre 1909 e 1912, a fábrica de cigarros Yenidze é considerada modelo de estilo exótico de construção. Depois de uma reforma, foi reaberta em 1996 como prédio de escritórios. Em seu interior ficam também um restaurante e um local de festas noturnas.
Foto: Sylvio Dittrich
Conjuntos habitacionais socialistas
Durante a 2ª Guerra Mundial, o bairro Johannstadt-Nord foi totalmente destruído. Entre 1972 e 1975, foram construídos diferentes tipos de prédios de vários andares com milhares de apartamentos. Os grandes conjuntos habitacionais socialistas eram chamados "Plattenbauten".
Foto: Wikimedia/Deutsche Fotothek - SA
Castelo Pillnitz
Construído sob influência da arquitetura asiática, o antigo castelo de verão dos monarcas saxões fica fora da cidade e não foi destruído nos bombardeios. Hoje, é a sede do museu de artesanato.
Foto: Sabine Klein/Fotolia
A "boutique de laticínios" Pfund
Construída em 1892 e restaurada em 1995, é um ponto obrigatório para os turistas. A Pfunds Molkerei, considerada a loja de laticínios mais bonita do mundo, é uma leiteria especializada em queijos que funciona no moldes de antigamente e que graças a sua beleza consta no livro Guinness de Recordes.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Schutt
Feira de Natal
O destino mais popular em dezembro é o mercado de Natal. O Striezelmarkt é um dos mais antigos da Alemanha: a primeira edição da feira, há 577 anos, não durou mais que um dia. Atualmente, ela começa no final de novembro e se estende até a véspera do Natal. O mercado ganhou seu nome do bolo natalino criado em Dresden, o Striezel, uma espécie de antecessor do Stollen, conhecido em toda a Alemanha.
Foto: picture-alliance/zb/A. Franke
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Para um homem de 25 anos que se declara membro da AfD, o prefeito é um hipócrita. Pessoas como ele têm apenas um objetivo, diz o jovem: acabar com a memória dos bombardeios de Dresden. "Eles vêm para cá porque os benefícios sociais são os mais altos", afirma outro morador, referindo-se aos refugiados sírios. "Não há remédio contra a burrice", diz um terceiro, em resposta. Halbouni também está no local e conversa com os presentes sobre a mensagem de sua obra, reiterando o que se lê na placa disposta ao lado dos três ônibus. Ele estuda artes em Dresden.
"Guerra é sempre algo terrível"
Quando anoiteceu em Dresden, nesta segunda-feira, os ônibus foram iluminados por holofotes, e milhares de velas foram acesas diante da Frauenkirche. E quando os sinos ressoaram, às 18h, a praça e toda a cidade mergulharam no silêncio. Moradores e visitantes se deram as mãos, formando uma corrente humana que se estendia até a margem do rio Elba e permanecendo assim por dez minutos.
"A guerra é sempre algo terrível" é uma frase que se ouve em Dresden e que talvez seja o menor denominador comum entre aqueles que querem homenagear todas as vítimas de guerras e aqueles que preferem pensar só na Alemanha.
Dresden em ruínas
Na reta final da Segunda Guerra, em três dias de bombardeio a partir de 13 de fevereiro de 1945, cerca de 25 mil pessoas morreram, e uma das mais belas cidades da Alemanha ficou irreconhecível.
Foto: Getty Images/Matthias Rietschel
Bombardeada, destruída e pilhada
Em 13 de fevereiro de 1945, bombardeiros Avro Lancaster deixaram a Inglaterra em direção a Dresden. Às 21h39, as sirenes soaram na cidade. O terror estava a caminho. Em apenas 23 minutos, o centro da cidade foi posto abaixo, tomado pelas chamas. Dois ataques britânicos e um americano destruíram 15 quilômetros quadrados da cidade.
Foto: picture-alliance/dpa
Hofkirche em ruínas
O bombardeio também causou sérios danos à Hofkirche, uma das maiores igrejas da Saxônia, construída entre 1739 e 1755, na mesma época que a famosa Frauenkirche (Igreja de Nossa Senhora, protestante), que fica a apenas 300 metros de distância. O telhado e as abóbodas internas do templo católico desmoronaram.
Foto: picture-alliance/dpa
Lutero não foi poupado
O monumento ao reformador Martinho Lutero, em frente à igreja Frauenkirche, também foi danificado durante o bombardeio. A estátua foi criada por Adolf von Donndorf em 1861, mas inaugurada somente em 1885. Lutero visitou Dresden nos anos 1515 e 1517.
Foto: picture-alliance/akg-images
Memorial
A Frauenkirche também foi destruída pelas bombas. Erguida entre 1726 e 1743, a igreja barroca foi mantida em destroços até 1993, como um memorial à destruição sem sentido provocada pela guerra. Ela seria reconstruída mais tarde. Um artista britânico, cujo pai participou do bombardeio, foi quem reconstruiu fielmente a cruz na torre da igreja.
Foto: picture alliance/dpa
Símbolo reerguido
A "Frauenkirche" foi reconstruída entre 1994 e 2005, graças a doações de todo o mundo. Os custos da reconstrução ficaram em torno de 130 milhões de euros. O bairro barroco em volta da igreja de 91 metros de altura se tornou o novo centro turístico da capital da Saxônia. Dresden reconquistou um de seus maiores símbolos.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Hiekel
Nenhum sinal da destruição
Muitos turistas passeiam hoje pelo centro de Dresden e ficam admirados com a reconstrução completa da cidade. A igreja católica Hofkirche havia se tornado necessária na Saxônia protestante porque Augusto, o Forte, se convertera ao catolicismo para usar a coroa real polonesa. A igreja havia sido construída entre 1739 e 1754.
Foto: picture alliance/Johanna Hoelzl
Com novo brilho
O monumento a Lutero foi reerguido em 1955. Até a sua restauração, entre 2003 e 2004, a estátua em frente às ruínas da Frauenkirche também era um alerta contra a guerra e a destruição. Hoje ela pertence à área do chamado Neumarkt, um largo no centro da cidade. A base da estátua serve como ponto de encontro para jovens e turistas.
Foto: imago/Chromorange
A Florença do Elba
A capital da Saxônia é novamente uma das cidades mais bonitas da Alemanha. Dresden é chamada também de Florença do Elba devido a sua arquitetura barroca. A cidade tem muitas atrações para oferecer e é um importante destino turístico. Dresden tem aproximadamente 550 mil habitantes e é uma das 12 maiores cidades alemãs.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Lander
Lembrança do horror
No gasômetro desativado de Dresden, visitantes podem ter uma boa noção dos estragos causados pela guerra. O artista Yadegar Asisi reproduziu uma grande parede panorâmica com a imagem da cidade destruída. Ele mostra o centro de Dresden logo após o bombardeio: tudo está em ruínas, há fumaça sobre partes do centro e da Neustadt e chamas no sul.