Torcedores lotam estádios Atanasio Girardot e Arena Condá em tributo aos mortos na tragédia aérea envolvendo a Chapecoense. José Serra se emociona em discurso durante a cerimônia na Colômbia, onde ocorreria partida.
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Colombianos homenageiam vítimas da tragédia da Chapecoense
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Dezenas de milhares de pessoas lotaram nesta quarta-feira (30/11) os estádios Atanasio Girardot, em Medellín, na Colômbia, e Arena Condá, na cidade catarinense de Chapecó, para homenagens póstumas à equipe da Chapecoense, alvo da tragédia aérea que matou 71 pessoas na véspera.
As cerimônias se realizaram no mesmo horário em que ocorreria o primeiro jogo da decisão da Copa Sul-Americana de 2016, entre a Chapecoense e o colombiano Atlético Nacional. A histórica partida para o jovem clube catarinense estava marcada para as 18h45 (horário local) desta quarta-feira.
Chapecoenses se reúnem no estádio para homenagear jogadores
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A Arena Condá, com capacidade para cerca de 20 mil pessoas, ficou lotada de torcedores vestindo a camisa verde do time e ecoando gritos como "vamos, Chape, nós te apoiaremos até morrer", "olê, olê, olê, olê, Chape, Chape" e "sou Chapecoense, com muito orgulho, com muito amor".
Durante a cerimônia, os torcedores presentes evocaram os nomes de todos os jogadores do clube, um por um, numa emocionante homenagem. Os nomes e fotos das vítimas do acidente aéreo, entre esportistas, membros da comissão técnica, dirigentes e jornalistas, foram mostrados no telão.
Ainda foi exibido um comovente vídeo gravado por torcedores do Atlético Nacional em homenagem à Chapecoense. Os presentes protagonizaram um minuto de silêncio às vítimas.
A homenagem em Chapecó contou com uma celebração religiosa, liderada por dois pastores e um padre. Em certo momento, o estádio lotado rezou junto a oração do "Pai Nosso".
No gramado, uma mesa posta sobre um altar improvisado trazia a bandeira da Chapecoense, além de uma vela, uma cruz e a taça do Campeonato Catarinense, conquistada pelo time neste ano.
Além de milhares de torcedores, participaram da homenagem familiares e amigos das vítimas, além de pessoas que estavam na lista oficial de passageiros, mas não embarcaram no voo. O jogador Fabiano, atualmente no Palmeiras, mas revelado pela Chapecoense, também esteve na Arena.
Solidariedade em Medellín
O estádio Atanasio Girardot, em Medellín, com capacidade para quase 45 mil pessoas e onde seria disputada a partida desta quarta-feira, estava igualmente lotado. Logo no início do ato, foram soltas no meio do campo 71 pombas brancas, lembrando cada uma das pessoas mortas no desastre.
O público, composto por milhares de colombianos, vestia camisas brancas e erguiam muitas velas e luzes de celulares. Cartazes traziam frases de apoio, como "equipe imortal", "todos somos Chapecoense" e "uma nova família nasce", numa demonstração de solidariedade e espírito humano.
A cerimônia contou com uma interpretação do Hino Nacional brasileiro, uma marcha fúnebre, honras militares e uma longa salva de palmas a todas as famílias envolvidas na tragédia.
Representando o governo brasileiro, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, e o ministro da Cultura, Roberto Freire, estiveram na homenagem. Visivelmente emocionado e tentando conter as lágrimas, Serra se pronunciou ao público agradecendo a solidariedade do povo colombiano.
"As expressões de solidariedade que aqui encontramos nos oferecem um consolo imenso, uma luz na escuridão, num momento em que estamos todos tentando compreender o incompreensível", declarou o ministro, em espanhol, durante discurso diante de um Atanasio Girardot lotado.
"Não esqueceremos a forma como os colombianos sentiram, como se fosse seu, o terrível desastre que interrompeu o sonho dessa heroica equipe. Não esqueceremos a atitude do Atlético Nacional, que pediu que se conceda o título da Copa Sul-Americana à Chapecoense", continuou Serra.
"Em cada um de vocês, queria dar meu abraço apertado. Muito obrigado, Colômbia. Muito obrigado, Medellín. Muito obrigado, Atlético Nacional. Em toda a minha vida não tive emoção semelhante", concluiu o ministro, que esteve antes em Havana para o velório do líder cubano Fidel Castro.
Um velório coletivo das vítimas será celebrado nos próximos dias no estádio da Chapecoense, segundo a Prefeitura de Chapecó. O dia e horário da cerimônia ainda não estão definidos, já que depende da liberação dos corpos e da transferência deles ao Brasil, que deve começar na sexta-feira. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o presidente Michel Temer participará do velório na Arena Condá.
EK/abr/ap/dpa/efe/ots
A tragédia com o avião da Chapecoense
O voo que levava a equipe para final da Copa Sul-Americana caiu a poucos quilômetros de Medellín, na Colômbia. A bordo estavam nove tripulantes e 68 passageiros, entre jogadores, dirigentes do clube e jornalistas.
Foto: Reuters/M. Varley
Acidente próximo a Medellín
O acidente ocorreu na madrugada desta terça-feira (29/11) na região montanhosa conhecida como El Gordo, a cerca de 50 quilômetros de Medellín, no noroeste da Colômbia.
Aeronave de fabricação britânica
A aeronave modelo British Aerospace (BAE) 146, de fabricação britânica, operada pela boliviana LaMia (foto de arquivo), teria se partido em três partes durante um pouso forçado.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Benavides
Mais de 70 mortos
Inicialmente, a lista fornecida pelas autoridades indicava que até 81 pessoas poderiam estar a bordo, incluindo 72 passageiros e nove tripulantes. Mais tarde, autoridades confirmaram um total de 71 mortos e seis feridos. Quatro pessoas não embarcaram de última hora.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Benavides
Fim de um sonho
A equipe do Chapecoense viajava para Medellín, onde disputaria a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional, da Colômbia. O time embarcou num voo comercial a partir de São Paulo e com conexão em Santa Cruz de la Sierra. De lá, o avião partiu rumo a Medellín.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Cunha
Uniformes entre os destroços
Entre os destroços da aeronave, as equipes de resgate encontraram partes dos uniformes da Chapecoense. Estavam a bordo 22 jogadores de futebol, 25 dirigentes, membros da comissão técnica e convidados da equipe, além de 21 jornalistas brasileiros.
Foto: Imago/Xinhua
Sobreviventes
Segundo as autoridades locais, seis pessoas foram resgatadas com vida, mas uma morreu a caminho do hospital. Entre os sobreviventes estão os jogadores brasileiros Alan Ruschel (foto), Jackson Follmann e Hélio Zampier Neto.
Foto: Imago/Agencia EFE
Jornalista resgatado
Entre os sobreviventes está o jornalista brasileiro Rafael Henze. De acordo com as equipes de resgaste, Henze foi encontrado com vários ferimentos, mas sua condição é estável. O jornalista foi levado para o hospital de La Ceja.
Foto: Imago/Agencia EFE
Herói não resiste
Herói da classificação para a final da Sul-Americana, com uma defesa-chave na semi contra o San Lorenzo (foto), o goleiro Danilo chegou a ser resgatado com vida e foi levado para um hospital em Rionegro, próximo a Medellín. Porém, não resistiu aos ferimentos.
Foto: Reuters/E. Marcarian
Comoção da torcida
Após a notícia do acidente, fãs da equipe começaram a se aglomerar em frente à Arena Condá, estádio do time na cidade de Chapecó, Santa Catarina.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Dia seguinte
Um dia depois da tragédia, torcedor mirim chora pela perda dos ídolos nas arquibancadas da Arena Condá, em Chapecó.
Foto: Getty Images/AFP/N. Almeida
Homenagem dos colombianos
No estádio do Atlético Nacional, em Medellín, dezenas de milhares de torcedores vestidos de branco prestaram tributo às vítimas da tragédia aérea, no dia 30 de novembro. Os jogadores do clube homenagearam os colegas da Chapecoense, com quem jogariam partida na final da Copa Sul-Americana.
Foto: picture alliance/dpa/M. D. Castaneda
Discurso emocionado
No estádio em Medellín, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, fez discurso emocionado. "As expressões de solidariedade que aqui encontramos nos oferecem um consolo imenso, uma luz na escuridão, num momento em que estamos todos tentando compreender o incompreensível", disse.
Foto: picture alliance/dpa/M. D. Castaneda
Velório coletivo
Torcedores da Chapecoense se despediram de seus ídolos numa cerimônia na Arena Condá, em 3 de dezembro. Apesar da chuva, milhares de pessoas foram ao estádio do clube para receber os caixões de jogadores, dirigentes e membros da comissão técnica do time. O presidente Michel Temer acompanhou a cerimônia, mas não discursou.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Moreira
Antes do acidente
A última partida do Chapecoense aconteceu em 27 de novembro, contra o Palmeiras, em São Paulo. A equipe perdeu por 1 a 0 na penúltima rodada da série A do Campeonato Brasileiro. Na foto, Alan Ruschel, um dos sobreviventes do acidente aéreo na Colômbia.
Foto: Getty Images/F. Vogel
Pouco combustível, excesso de peso
No dia 26 de dezembro, relatório divulgado por investigadores colombianos revelou série de erros humanos. Pilotos sabiam da falta de combustível. Aeronave trasnportava 400 quilos a mais do que o permitido e não estava certificada para voar acima de 29 mil pés. Mesmo assim, autoridades bolivianas aprovaram o plano de voo.