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Homens amarram refugiado em árvore na Alemanha

Carla Bleiker (cn)2 de junho de 2016

Ao reclamar de cartão de crédito de celular que comprou em supermercado, iraquiano é atacado por grupo de "vigilantes". Acionada, polícia libera agressores sem identificá-los. Vídeo ganha grande repercussão.

Vídeo de agressão foi postado em redes sociaisFoto: youtube.com

No mais recente caso de violência contra refugiados no estado alemão da Saxônia, quatro homens invadiram um supermercado e retiraram à força um iraquiano do local. A polícia encontrou o jovem amarrado em uma árvore do lado de fora do estabelecimento. O incidente ocorreu na cidade de Arnsdorf, próximo a Dresden.

A violência foi registrada em um vídeo divulgado nas redes sociais na terça-feira (31/05). Mas, segundo autoridades, o episódio aconteceu no dia 21 de maio. De acordo com a polícia, o refugiado comprou crédito para celular no local no dia anterior à agressão e retornou duas vezes à loja no dia seguinte porque estaria tendo problemas para ativá-lo. Nas duas ocasiões, a polícia foi chamada e o levou de volta ao hospital psiquiátrico de Arnsdorf, onde ele é paciente.

O vídeo que circula na internet mostra o que ocorreu na terceira vez em que o iraquiano voltou ao supermercado. Antes de ser retirado à força, o requerente de asilo é visto segurando uma garrafa de vinho e conversando com uma funcionária.

Pelas imagens, é possível perceber que o iraquiano e a funcionária do supermercado têm dificuldades de se entender devido ao idioma. Ela pede ao rapaz que devolva a garrafa, ele não reage e continua falando. Uma pessoa sugere que a polícia seja novamente chamada.

Mas em vez de policiais, aparecem quatro homens. Eles agridem o refugiado e gritam: "O que você quer aqui? Seu porco". Depois, ele é arrastado para fora da loja. Antes do fim do vídeo, uma mulher diz que é uma vergonha ter que depender do "grupo de vigilância da vizinhança".

Do lado de fora, os tais "vigilantes" amarraram o refugiado em uma árvore com cabos, segundo o boletim da polícia. Há apenas imagens do que ocorreu dentro da loja. "Segundo os responsáveis pelo incidente, eles estariam mantendo o homem lá para afastá-lo de uma situação perigosa e queriam evitar que ele deixasse o local. Os policiais pediram para o grupo ir embora", diz o relatório da ocorrência.

Polícia libera agressores

Ao liberar os agressores, os policiais envolvidos na ação não verificaram as identidades dos homens por causa da "situação delicada", afirmou um porta-voz da polícia ao tabloide Bild. As autoridades agora procuram testemunhas para identificar os quatro envolvidos no incidente, que são suspeitos de retenção ilegal. O iraquiano também está sendo investigado por ter, supostamente, ameaçado a funcionária do mercado.

O vídeo gerou uma grande repercussão nas redes socais. Várias pessoas agradeceram aos homens que bateram no refugiado e defenderam esse tipo de iniciativa de vigilância realizada por moradores. No Facebook, as imagens estão sendo compartilhadas em grupos de extrema direita e atraíram diversos comentários xenófobos e antirrefugiados.

Usuários compartilharam também o vídeo na página do supermercado no Facebook e pediram a demissão de funcionários que acionaram o tal "grupo de vigilância da vizinhança", em vez de chamarem a polícia. A rede de supermercados reagiu logo em seguida.

"Estamos levando esse incidente muito a sério. Depois de conversar com nossos funcionários, ficou esclarecido que os homens não foram chamados por funcionários do Netto. A abordagem vista nesse vídeo vai contra as regras da nossa empresa e não é tolerada pelo Netto", respondeu a rede.

Agressor seria membro da CDU

Nesta quinta-feira, o hashtag #Arnsdorf ficou entre os mais postados no Twitter da Alemanha. O partido A Esquerda, da oposição ao governo da Saxônia, condenou o ato e afirmou que esse tipo de agressão se chama bullying, e não vigilância de cidadãos.

Segundo a imprensa local, um dos homens que atacou o iraquiano seria Detlef Oelsner, vereador de Arnsdorf pela União Democrata Cristã (CDU), mesmo partido da chanceler federal Angela Merkel. "Mostramos coragem moral e teria feito isso com qualquer pessoa, até mesmo um alemão", disse Oelsner ao jornal regional Sächsische Zeitung.

A deputada do Partido Verde pela Saxônia Monika Lazar questionou o silêncio de membros da CDU, que não condenaram o episódio.

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