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Hong Kong rejeita reforma política apoiada pela China

18 de junho de 2015

Projeto previa voto direto na escolha do chefe do Executivo do território, mas só depois de Pequim aprovar candidatos. Oposição e ativistas celebram resultado e dizem que proposta era "falsa democracia".

Deputados da oposição exibem faixa contra o projeto de lei no plenário do parlamentoFoto: Reuters/B. Yip

O Conselho Legislativo de Hong Kong derrubou nesta quinta-feira (18/06) um controverso plano de reforma política para a eleição do chefe do Executivo do território. O plano era apoiado pelo governo chinês e criticado por ativistas pró-democracia que, no ano passado, protestaram nas ruas contra ele.

A proposta rejeitada previa a introdução do voto direto nas eleições para o chefe do Executivo em 2017, mas só depois de uma pré-seleção de dois a três candidatos, que ficaria a cargo de um comitê composto por 1.200 membros e deveria ser aprovada por Pequim.

Depois de dois dias de debates, oito deputados pró-governo votaram a favor da proposta e 28 legisladores votaram contra, incluindo os 27 da ala pró-democracia. Sem o apoio da ala democrática, a rejeição era esperada, já que o projeto necessitava de pelo menos dois terços dos votos para ser aprovado, o que equivale ao apoio de no mínimo 47 dos 70 legisladores.

A votação foi antecedida de um gesto surpreendente: cerca de 30 deputados pró-China abandonaram o Parlamento cerca de um minuto antes da votação. O presidente do Parlamento, Jasper Tsang, também não votou. "O documento não obteve uma maioria de dois terços dos votos", disse Tsang. "Anuncio que ele foi vetado."

Os cerca de 30 deputados que não votaram abandonaram o Legislativo depois de verem rejeitado um pedido de 15 minutos de pausa. O deputado pró-governo Jeffrey Lam disse que eles haviam feito o pedido para que outro deputado, que estava doente e chegaria atrasado, pudesse juntar-se à votação. Já a deputada oposicionista Emily Lau descreveu a saída do Parlamento como uma "farsa".

O líder do oposicionista Partido Cívico, Alan Leong, afirmou que a votação da proposta de reforma política entraria para a história pelo fato de apenas oito pessoas terem votado a favor. "A mensagem que enviamos ao governo central e ao governo é a de que a população de Hong Kong não quer esse pacote de falsa democracia", afirmou. "Não queremos que nossos votos sejam usados para legitimar a designação de um chefe do Executivo apoiado por interesses velados", salientou.

"Triagem" e "falsa democracia"

Deputados da oposição e ativistas classificaram o plano de reforma política de "triagem" e "falsa democracia". O texto da controversa proposta surgiu após a decisão, no final de agosto de 2014, do Comitê Permanente da Assembleia Nacional Popular da China sobre a reforma política e esteve na origem de um forte movimento de contestação, que levou à ocupação de ruas em Hong Kong ao longo de semanas.

Os protestos tiveram seu epicentro exatamente no complexo de Tamar, que abriga o gabinete do chefe do Executivo, o Conselho Legislativo e as principais secretarias do governo de Hong Kong.

Durante o debate no Legislativo, a ala pró-democracia argumentou que o plano eleitoral do governo negava à população de Hong Kong uma "verdadeira escolha". Já os legisladores pró-China argumentaram que o plano de reforma constituía um grande passo em direção à democracia.

O governo da China lamentou a derrota da proposta e disse que o resultado era algo "que não esperava ver". Um porta-voz do Ministério do Exterior reiterou o apoio de Pequim à proposta e disse que ela continua sendo a melhor opção para a prosperidade do território semiautônomo.

AS/lusa/ap

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