Hospital dos EUA havia mandado paciente com ebola para casa
2 de outubro de 2014
Homem havia informado enfermeira sobre recente viagem à Libéria, país mais afetado pela epidemia. Autoridades monitoram todos os que tiveram contato com o infectado nos últimos dias, incluindo cinco crianças.
Anúncio
O homem que foi diagnosticado nesta terça-feira (02/10) como o primeiro caso de infecção por ebola nos Estados Unidos havia buscado assistência num hospital de Dallas, no Texas, na quinta-feira da semana passada. Apesar de o paciente ter relatado que havia retornado recentemente da África Ocidental, ele não ficou em observação e foi enviado para casa com uma prescrição para tomar antibióticos.
Uma enfermeira havia perguntado sobre a viagem como parte da triagem do paciente e foi informada sobre a chegada recente da Libéria, o país mais afetado pela epidemia no oeste africano. "Infelizmente, a informação não foi devidamente comunicada entre as equipes", reconheceu Mark Lester, representante do hospital.
No domingo, o paciente retornou de ambulância ao mesmo hospital, onde foi internado. Especialistas afirmam que esse espaço de tempo de três dias foi uma oportunidade perdida para evitar que mais pessoas fossem expostas ao vírus.
Uma equipe de nove agentes de saúde está agora monitorando aqueles que tiveram contato próximo com o homem infectado após os primeiros sintomas da doença terem aparecido, na quarta-feira da semana passada.
Segundo as autoridades de saúde do Texas, de 12 a 18 pessoas tiveram contato com o paciente, incluindo três funcionários que auxiliaram no transporte na ambulância e cinco crianças. Após terem frequentado a escola normalmente no início desta semana, elas foram mandadas para casa e estão sendo monitoradas. Todos os que tiveram contato com o paciente ficarão em observação durante 21 dias, o período de incubação da doença.
O hospital não quis revelar o nome do infectado por respeito à privacidade, mas a irmã dele, Mai Wureh, identificou-o como sendo Thomas Eric Duncan, numa entrevista à agência de notícias AP.
De acordo com o The New York Times, Duncan, na faixa dos 40 anos, ajudou a transportar uma mulher grávida infectada pelo ebola para um hospital da Libéria, onde ela não pôde permanecer devido à falta de espaço. Duncan teria então ajudado a carregar a mulher de volta para casa, onde ela veio a morrer.
Quatro dias depois, ele retornou aos EUA. Ele entrou no país no dia 20 de setembro, após ter pegado um voo que saiu da Libéria e fez escala em Bruxelas. Como Duncan só apresentou os sintomas da doença em solo americano, as autoridades descartam que outros passageiros tenham sido infectados.
Ele é o primeiro paciente diagnosticado com ebola nos EUA, embora outros quatro já tenham sido tratados no país – três deles se recuperaram completamente e outro segue internado, sem que haja detalhes, porém, de seu estado de saúde.
O vírus já causou a morte de mais de 3.300 pessoas em Serra Leoa, Libéria, Nigéria, Guiné e Senegal, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Esta é a pior epidemia de ebola da história.
Maior surto de ebola da história
A África enfrenta a pior epidemia de ebola. Não existem medicamentos ou vacina para conter a doença. Perante surto, a Organização Mundial da Saúde liberou o uso de substâncias experimentais em pacientes infectados.
Foto: Reuters
Conhecido desde 1976
O vírus do ebola foi descoberto em 1976 na República Democrática do Congo por uma equipe de pesquisadores da Bélgica. A doença foi batizada com o nome do rio que passa pelo vilarejo onde ela foi identificada pela primeira vez. Desde então, já houve 15 epidemias nos países africanos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Foto: Reuters
Chances mínimas
Há diversas variações do vírus, e apenas algumas causam a febre hemorrágica. Ainda não há vacina ou medicamentos aprovados para combater o ebola. A doença é fatal na maioria dos casos: a taxa de mortalidade é de 90%. O diagnóstico é feito através de exames laboratoriais.
Foto: AFP/Getty Images
Sintomas
Os sintomas, que aparecem entre 2 e 21 dias após a infecção, são fraqueza, dores de cabeça e musculares, calafrios, falta de apetite, dor de estômago e de garganta, diarreia, vômitos e febre hemorrágica. As principais regiões do corpo afetadas são o aparelho digestivo, o baço e o pulmão.
Foto: picture alliance/AP Photo
Contágio
A transmissão do ebola ocorre apenas através de fluídos corporais, ou seja, deve haver contato direto entre as pessoas ou animais infectados, e também por meio do contato com ambientes contaminados. Ele se propaga, por exemplo, em hospitais, entre enfermeiros e médicos que tratam de pessoas infectadas. Além disso, pode ser transmitido ao se tocar no corpo de pessoas que morreram dessa doença.
Foto: Reuters/Unicef
De animais para humanos
Animais infectados também transmitem a doença. O ebola foi introduzido na população humana através de contato com sangue, secreções, órgãos e fluídos corporais de animais que carregavam o vírus. Morcegos, por exemplo, são hospedeiros do vírus, mas eles não adoecem e podem carregar o ebola consigo até o fim da vida.
Foto: picture-alliance/dpa
Informação é o melhor remédio
Campanhas de esclarecimentos sobre o ebola são fundamentais para conter o avanço da epidemia. A única maneira de evitar uma infecção são medidas preventivas, como melhores condições de higiene nos hospitais, uso de luvas e a quarentena.
Foto: Sia Kambou/AFP/Getty Images
Atual epidemia
Os primeiros casos do atual surto de ebola foram confirmados em março deste ano na Guiné. Desde então, a pior epidemia dessa doença da história já se alastrou por seis países africanos. Casos já foram registrados na Libéria, em Serra Leoa, na Guiné, na Nigéria, na República Democrática do Congo e no Senegal.
Foto: picture-alliance/dpa
Fronteiras fechadas
Os governos de Serra Leoa, Libéria e Nigéria decretaram estado de emergência devido à epidemia. O surto levou alguns países africanos a colocar em quarentena regiões fortemente atingidas pela doença. Além disso, para tentar evitar a propagação da epidemia, países como Guiné, Libéria e Costa do Marfim fecharam suas fronteiras.
Foto: Reuters
Mais de mil mortes
A OMS considerou o atual surto de ebola com o maior e pior da história. Desde março, mais de 3 mil casos da doença já foram confirmados e mais de 1.500 pessoas morrem de ebola. Entretanto, a agência teme que mais de 20 mil pessoas possam ser infectadas até que a epidemia seja controlada.
Foto: DPA
Vida em risco
No atual surto há uma elevada taxa de infecção entre profissionais de saúde que cuidam de pacientes com ebola. Mais de 240 médicos e enfermeiros já foram infectados e mais de 120 morreram. A falta de roupas de proteção e o cansaço após jornadas exaustivas de trabalho são as razões para essas infecções. Alguns deles estão recebendo o tratamento em países europeus e nos Estados Unidos.
Foto: Getty Images/Afp/Seyllou
Medicamentos experimentais
O médico americano Kent Brantly foi tratado nos Estados Unidos com o soro experimental ZMapp. Após três semanas de isolamento ele foi curado. Mas a eficácia desse medicamento é controversa. Um padre espanhol tratado com esse soro não sobreviveu. Perante a gravidade da crise, a OMS aprovou em meados de agosto a utilização de substâncias experimentais contra o ebola.