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Hotéis de luxo e sorvetes: os milhões gastos por Bolsonaro

12 de janeiro de 2023

Gastos do ex-presidente com cartões corporativos são liberados e revelam fatura de R$ 27,6 milhões. Despesas incluíram R$ 1,46 milhão em hotel de luxo no Guarujá e R$ 109 mil em restaurante de marmitas em Roraima.

Jair Bolsonaro
Gastos contrastam com discurso de "homem simples" propagandeado por BolsonaroFoto: Anderson Riedel/Präsidentschaft der Republik (PR)

Os gastos com o cartão corporativo da Presidência durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL) vieram a público nesta quinta-feira (12/01), revelando uma predileção do ex-presidente por hotéis de luxo, gastos vultuosos com padarias e uso de dinheiro público para a compra de sorvetes e cosméticos. Há ainda gastos relacionados às "motociatas", que o ex-mandatário insistia até recentemente terem ocorrido "sem custo" para o contribuinte.

No total, a administração do ex-mandatário gastou pelo menos R$ 27,6 milhões com os cartões corporativos ao longo de quatro anos.

No topo das despesas estão valores desembolsados com hospedagens: foram R$ 13,6 milhões no total, muitas vezes em hotéis de luxo, em contraste com o discurso de "homem simples" que Bolsonaro tentou adotar ao longo do seu mandato. Um hotel de luxo do Guarujá, no litoral paulista, recebeu R$ 1,46 milhão da Presidência ao longo de quatro anos.

As informações foram obtidas pela Fiquem Sabendo, uma agência de dados públicos especializada na Lei de Acesso à Informação (LAI).

Nos dados, os últimos lançamentos de notas fiscais datam de 19 de dezembro, sugerindo ainda que o total de gastos pode ser ainda maior, se algumas despesas posteriores ainda não constarem no sistema.

O topo da lista é dominado com despesas de hospedagem, com valores que variam entre R$ 115 mil e R$ 312 mil. Mas há outros dados que chamam a atenção, como uma nota de R$ 109 mil fornecida em outubro de 2021 por um restaurante modesto de Roraima especializado em marmitas.

É a maior despesa única com alimentação registrada em um cartão durante o mandato.

Gastos com motociatas

Em 30 de dezembro, na sua derradeira live antes de deixar a Presidência, Bolsonaro afirmou que suas "motociatas" país afora não tiveram custo para o contribuinte. "Fizemos umas quase 30 motociatas pelo Brasil. Sem custo, custo zero para nosso povo voluntário, acreditando na gente. Movemos multidões pelo Brasil, multidões", disse na ocasião.

No entanto, entre os dias 9 e 10 de julho de 2021, quando Bolsonaro realizou uma motociata no Rio Grande do Sul, a Presdiência gastou R$ 166 mil com o cartão corporativo, em despesas de hospedagem, alimentação e combustível.

O ex-presidente também gastou R$ 33 mil em uma padaria do Rio de Janeiro no dia 22 de maio de 2021,  véspera de uma motociata realizada na cidade.

Bolsonaro disse que motociatas tiveram "custo zero", mas Presdiência gastou milhares de reais Foto: Alan Santos/Präsidentschaft der Republik (PR)

Padaria, sorvetes e cosméticos

A mesma padaria do Rio onde foram gastos R$ 33 mil em maio de 2021 também foi destino de outros gastos de Bolsonaro ao longo da sua Presidência. Ao todo, o estabelecimento recebeu gastos de R$ 362 mil do cartão corporativo.

Os gastos nessa padaria ocorreram em 20 oportunidades. As notas fiscais variaram de R$ 880 (menor valor) até R$ 55 mil (maior valor).

O presidente também efetuou despesas em sorveterias. Ao todo, foram 62 compras em cinco estabelecimentos, que somaram R$ 8,6 mil. Há também 11 compras em lojas de cosméticos, que somaram R$ 1 mil.

Mercado gourmet

Os dados também mostram que a Presidência gastou R$ 678 mil em um mercado gourmet de Brasília, distribuídos em 1.200 compras. Novamente, os gastos nesse caso contrastam com a imagem que o presidente tentou passar de "homem simples" que comia cachorro-quente e frango com farofa em barracas do Distrito Federal, ou pizza na calçada de Nova York.

Gastos anteriores

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) gastou R$ 43,9 mihões com cartões corporativos em seus oito primeiros anos de governo (2003-2010). Já Dilma Rousseff gastou R$ 30,2 milhões entre 2011 e 2015. 

Michel Temer (MDB), que governou o Brasil após o impeachment de Dilma, entre 2017 e 2018, gastou R$ 8,8 milhões  em valores nominais.

jps (ots)