Merkel: "Humanidade deve ter humildade perante a natureza"
20 de agosto de 2019
Em encontro com líderes nórdicos na Islândia, chanceler federal alemã visita usina geotermal e elogia as iniciativas do pequeno país para lidar com desafios das mudanças climáticas, afirmando que podem servir de exemplo.
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As mudanças climáticas deverão ser um dos temas centrais de um encontro entre a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, e líderes nórdicos na Islândia nesta terça-feira (20/08). Após chegar ao país, a chefe de governo alemã defendeu que a humanidade demonstre mais humildade em relação à natureza.
Os líderes da Alemanha, Islândia, Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia participam da reunião do Conselho de Ministros Nórdicos, que também reúne os territórios autônomos da Groenlândia e Ilhas Faroé. O conselho foi criado em 1952 para reforçar a cooperação interparlamentar e intergovernamental entre esses estados do Hemisfério Norte.
Merkel chegou a Reykjavík, onde ocorre o encontro, na segunda-feira e se reuniu com a primeira-ministra Katrin Jakobsdottir. A chanceler federal alemã destacou que foi lembrada da força da natureza quando a erupção de um vulcão na Islândia em 2010 gerou distúrbios no tráfego aéreo da Europa durante várias semanas.
Antes de reunir-se com os demais líderes, Merkel visitou a usina de energia geotermal Hellisheidi. A Islândia, conhecida por seus vulcões e atividades geológicas, utiliza a energia geotermal para abastecer o sistema de aquecimento e a produção elétrica.
O país desenvolve também um projeto para capturar dióxido de carbono e armazená-lo no subsolo.
A Islândia deverá se tornar um país climaticamente neutro até 2040, uma década antes da data prevista para a Alemanha. Os outros países nórdicos também expressaram ambições semelhantes.
"Das mudanças nos padrões de mobilidade aos temas da geração de energia, acredito que temos desafios comuns", disse Merkel. "Com o exemplo da Islândia, podemos aprender novamente que a humanidade deve tratar a natureza com cuidado e também deve demonstrar um pouco de humildade perante a natureza."
A Islândia fez um funeral para sua primeira geleira a desaparecer devido à mudança climática. Enquanto isso, em outras partes do mundo o derretimento avança – da Antártida à Groenlândia, mas também na África e Patagônia.
Foto: picture-alliance/AP Photo/NASA
Morte de uma geleira
A Islândia prestou homenagem à primeira geleira do país a desaparecer devido às mudanças climáticas. Okjökull perdeu seu status de geleira em 2014. Em 18 de agosto, o país realizou um funeral simbólico e inaugurou uma placa de cobre em homenagem à geleira morta. "Nos próximos 200 anos todas as nossas principais geleiras deverão seguir o mesmo caminho", prevê a mensagem cravada na placa.
Foto: Getty Images/AFP/J. Richard
Risco na Antártida
Acredita-se que a geleira Thwaites, parte da camada de gelo da Antártida Ocidental, represente um grande risco para o aumento do nível do mar no futuro. Caso derreta, o bloco gelado pode elevar em 50 centímetros o nível do mar, segundo revelou um estudo da Nasa no início de 2019. A Antártida abriga 50 vezes mais gelo do que todas as geleiras de montanha do mundo juntas.
Foto: Imago Images/Zuma/NASA
Beleza ameaçada na Patagônia
A galeira Grey, no Chile, fica nos campos gelados da Patagônia, que representam a maior extensão de gelo do Hemisfério Sul fora da Antártida. Pesquisadores estão monitorando de perto o derretimento na região, já que isso poderia ajudá-los a entender o que pode acontecer com outras geleiras, como as da Antártida e da Groenlândia, em climas mais quentes no futuro.
Foto: picture alliance/dpa/blickwinkel/E. Hummel
Geleira empacotada
A galeira do Ródano, na Suíça, dá origem ao rio Ródano. Há vários anos cientistas têm coberto seu gelo com mantas brancas resistentes aos raios ultravioleta durante o verão, na tentativa de retardar seu derretimento. Pesquisadores acreditam que o clima mais quente poderá erradicar dois terços do gelo nas geleiras alpinas até o final deste século.
Foto: Imago Images/S. Spiegl
Derretimento na Nova Zelândia
A geleira Franz Josef, na Ilha Sul da Nova Zelândia, é um destino turístico popular. A massa de gelo costumava seguir um padrão cíclico de avanço e recuo. Mas, desde 2008, Franz Josef vem diminuindo rapidamente. Se antes os guias costumavam levar os turistas a pé diretamente até o glaciar, agora a única maneira de alcançá-lo é de helicóptero.
Foto: DW/D. Killick
O gelo africano desaparece
As geleiras do monte Kilimanjaro também estão em risco. Em 2012, pesquisadores apoiados pela Nasa estimaram que o gelo restante na montanha mais alta da África deve desaparecer até 2020. O Kilimanjaro é uma das principais atrações turísticas da Tanzânia e um gerador crucial de receita num país onde a maioria das pessoas vive abaixo do limite da pobreza.
Foto: Imago Images/robertharding/C. Kober
Perigo no meio do rio
O estado americano do Alasca abriga milhares de geleiras. Um estudo divulgado em 2019 revelou que algumas delas estão derretendo 100 vezes mais rápido do que os cientistas previam anteriormente. Em agosto de 2019, dois alemães e um austríaco foram encontrados mortos após andar de caiaque num lago em Valdez. Autoridades acreditam que os turistas morreram pela queda de gelo glacial.
Foto: imago/Westend61
Esta cresce, mas não o suficiente
Jakobshavn, a maior geleira da Groenlândia, está crescendo, conforme revelou um estudo da Nasa no início de 2019. Mas, embora uma borda da geleira tenha engrossado ligeiramente desde 2016, a camada de gelo em geral ainda está derretendo rapidamente, superando em muito a expansão. Cientistas acreditam que o crescimento se deva a um afluxo de água fria do Atlântico Norte, um fenômeno temporário.