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Humorista alemão recusa exigência de Erdogan

14 de abril de 2016

Jan Böhmermann não entrega declaração na qual abdicaria de repetir seu polêmico poema satírico sobre o presidente turco. Processo por injúria se torna mais provável.

Foto: Imago/Sven Simon

O humorista alemão Jan Böhmermann rejeitou uma exigência feita pelo presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, de apresentar uma declaração omissória na qual abdicaria de repetir ou espalhar o seu polêmico poema satírico sobre o líder turco.

O responsável pela defesa do humorista, o jurista Christian Schertz, confirmou nesta quinta-feira (14/04) que Böhmermann deixou vencer o prazo dado pelo advogado alemão de Erdogan, Michael Hubertus von Sprenger, que expirava na meia-noite desta quarta-feira.

Segundo Schertz, Böhmermann afirmou ao advogado de Erdogan que "obviamente está sendo ignorado que o poema não foi disseminado de forma isolada, mas dentro de um contexto daquilo que é e não é permitido na Alemanha". Com a negativa tornou-se mais provável um processo civil contra Böhmermann.

Na edição de 31 de março de seu programa na emissora pública ZDF, o humorista de 35 anos recitou um poema sobre Erdogan contendo referências sexuais explícitas e acusações de que o presidente turco reprime minorias e maltrata curdos e cristãos. No poema, Erdogan é chamado, entre outras coisas, de "fodedor de cabras", "presidente de pau pequeno", "viado" e o "fedor dele" é "pior que o peido de um porco".

Antes de lê-lo, Böhmermann mencionou a canção satírica transmitida anteriormente pela emissora alemã NDR e que também zomba de Erdogan. Trata-se de uma paródia da música Irgendwie, Irgendwo, Irgendwann (de alguma maneira, em algum lugar, em algum momento), sucesso da cantora Nena, com o nome Erdowie, Erdowo, Erdogan. A paródia afirma que, na Turquia, quando um jornalista publica algo de que Erdogan não gosta, logo vai para a cadeia.

A Turquia, então, exigiu que o governo federal alemão permita uma investigação contra o humorista por "ofender órgãos ou representantes de Estados estrangeiros". Berlim respondeu que vai analisar se permitirá tal procedimento. Em paralelo, Erdogan apresentou uma queixa por injúria contra Böhmermann.

Protestos na ZDF

Nesta quarta-feira, funcionários da emissora pública alemã ZDF protestaram com uma carta aberta contra a retirada do poema satírico do site da emissora na internet.

O comitê de jornalistas da ZDF, que representa os profissionais da emissora, distribuiu cópias da carta por todas as salas da sede da ZDF, em Mainz. "Gostaríamos que poema crítico seja recolocado na mediateca, como uma documentação da história contemporânea", diz o texto.

Um porta-voz da emissora afirmou que o comitê de jornalistas "tem todo o direito de defender essa opinião", mas que a "ZDF mantém a sua decisão de que o controverso 'poema difamatório' não será compartilhado por não atender os requisitos e regulamentos de qualidade da ZDF".

PV/dpa/afp

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