Governo citou guerra na Ucrânia e sanções da UE a Moscou como causas do que chamou de "crise de energia". País vai reativar usina de linhito e aumentar preço da energia e gás para famílias com consumo acima da média.
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O governo da Hungria declarou nesta quarta-feira (13/07) estado de emergência energética, em resposta às interrupções no fornecimento e à disparada dos preços da energia na Europa.
"Está claro que não haverá gás suficiente na Europa para a temporada de aquecimento de outono e inverno", disse Gergely Gulyas, chefe de gabinete do primeiro-ministro, Viktor Orban.
Gulyas citou a guerra na Ucrânia e as consequentes sanções da União Europeia (UE) a Moscou como causas do que chamou de "crise de energia" no continente.
"A guerra prolongada e as sanções de Bruxelas [contra a Rússia] fizeram com que os preços da energia subissem dramaticamente em toda a Europa e, de fato, uma grande parte da Europa já está em crise energética", disse Gulyas.
Como parte das novas medidas que entrarão em vigor em agosto, o país da Europa Central aumentará sua produção anual de gás natural de 1,5 bilhão de metros cúbicos para 2 bilhões de metros cúbicos, aumentará a extração de linhito e colocará em operação uma usina elétrica a linhito atualmente desativada.
Além disso, as exportações de energia serão proibidas e a única usina nuclear da Hungria aumentará sua produção, estendendo seus tempos de operação.
Impacto nas famílias
A partir de agosto, famílias que gastam mais energia do que a média nacional terão de pagar a mais pelo gás e pela eletricidade.
Gulyas disse que, por enquanto, o fornecimento de gás da Hungria é ininterrupto e que quaisquer restrições futuras, caso sejam necessárias, afetarão as famílias como último recurso.
"O desperdício não pode mais ser permitido em nenhum lugar", afirmou. "Todas as alternativas que forneçam incentivos para o uso mais econômico de energia devem ser analisadas".
Economistas da Wood & Company disseram que a Hungria é o país da Europa central mais exposto a uma potencial escassez de energia, o que pode pressionar ainda mais o florim húngaro, a moeda de pior desempenho da região.
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Forte dependência da Rússia
A Hungria compra 65% do petróleo e 85% do gás que usa da Rússia e, por isso, o governo húngaro se opõe categoricamente a um possível embargo europeu contra o gás russo.
No ano passado, Budapeste assinou um acordo de 15 anos com a empresa estatal de energia russa Gazprom para receber 3,5 bilhões de metros cúbicos (bcm) de gás por ano via Bulgária e Sérvia, e mais 1 bcm através de um gasoduto da Áustria.
Devido a essa forte dependência, Orban lutou vigorosamente contra as tentativas de a UE, da qual faz parte, de punir as exportações russas de petróleo com sanções, argumentando que o bloqueio do petróleo russo prejudicaria a economia de seu país.
O líder autocrático conseguiu negociar uma concessão que permite uma isenção temporária para as importações de petróleo entregues pelo oleoduto russo Druzhba a certos países sem litoral, como a Hungria.
Mais cedo nesta quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores da Hungria, Peter Szijjarto, disse que o país buscaria comprar mais 700 milhões de metros cúbicos de gás antes do outono, mas não especificou de onde e como financiaria essa compra.
Szijjarto afirmou que as instalações de armazenamento da Hungria, que têm capacidade para 6,33 bcm de gás, estão 44% cheias, o equivalente a cerca de um quarto do consumo anual.
Dados do regulador húngaro MEKH, no entanto, mostram que os 2,74 bcm de gás armazenados em meados de julho foram de longe a menor quantidade nos últimos quatro anos, e bem abaixo dos 4,5 bcm armazenados no ano passado.
le (EFE, Reuters, AP)
Energia solar onde menos se espera
Painéis fotovoltaicos para coletar a luz do Sol estão sendo usados por todo o mundo, do deserto e do mar até o espaço: uma fonte de energia poderosa e totalmente verde.
Foto: Halil Fidan/AA/picture alliance
Catamarã solar em giro pelo mundo
O Race for Water é o maior iate solar do mundo e prescinde inteiramente de combustíveis fósseis. Módulos fotovoltaicos no deque movimentam os motores elétricos e recarregam as baterias para a noite. Em vez de mastros e velas, o catamarã usa uma pipa para determinar sua direção.
Foto: Race for Water/Peter Charaf
Não é coisa de burro
Este pastor da Turquia carrega o telefone celular com um módulo solar portátil. Os dispositivos são muito populares entre excursionistas e campistas, também em versões para mochilas e tendas. Assim, quem viaja longe das redes elétricas está equipado para qualquer emergência.
Foto: Halil Fidan/AA/picture alliance
Voar sem combustível
O Solar Impulse deu a volta ao mundo em diversos estágios, voando totalmente sem combustível de jato. Painéis solares na fuselagem e nas asas alimentam os motores e carregam as baterias da aeronave. Com uma viagem em torno do planeta, os pioneiros do voo solar promoveram essa forma de energia verde e mostraram que nem mesmo o céu é o limite.
Foto: Solar Impulse/Revillard/Rezo.ch
No espaço, de vela solar
Módulos solares possibilitam voos espaciais mais longos, podendo ser desdobrados no espaço para abastecer estações como a EEI, ou satélites e cápsulas não tripuladas. Os cientistas até já cogitam construir parques fotovoltaicos no espaço. Sondas solares de exploração já voaram até Júpiter. Lá, porém, a radiação é 25 vezes mais fraca do que na Terra, devido à distância do Sol.
Foto: NASA SPACEX/HO/dpa/picture alliance
Primeiro telefonema com energia solar
Em 1955, o primeiro módulo fotovoltaico foi instalado no sul dos EUA, para alimentar amplificadores telefônicos. Depois, veio a revolução do uso da tecnologia nas viagens espaciais. Desde então, o Sol tem brilhado em praticamente todo tipo de aplicação de energia.
Foto: AP Images/picture alliance
Revolução na agricultura
O trabalho no campo é pesado e maçante. O Farmdroid, da Dinamarca, movido pelo Sol, faz tudo sozinho, automaticamente e sem prejudicar o meio ambiente. O robô é capaz de semear beterraba e colza, por exemplo, e arrancar ervas daninhas – e isso sem necessidade de tirar folga. Ele é controlado por GPS, e sua força vem dos módulos instalados no teto.
Foto: Nikolai Tuborg/Farmdroid
Captando o Sol sobre a água
Estes trabalhadores estão orgulhosos da primeira plataforma solar flutuante no Quênia. A planta abastece com eletricidade uma fazenda de flores ao norte da capital, Nairóbi. Os módulos foram instalados em pontões especiais. Em outros lugares, os módulos flutuantes sobre lagos são às vezes combinados com piscicultura.
Foto: ecoligo GmbH
Uma ilha com energia do Sol
Em 2019, painéis fotovoltaicos flutuantes foram instalados no mar das Ilhas Maldivas, a fim de fornecer eletricidade para uma estância turística. Gerando 680 quilowatts, o sistema pode ser modesto, mas é um dos maiores do gênero. Ainda é necessário pesquisa para otimizar as instalações "offshore", já que tormentas, ondas fortes e a água marinha atacam os módulos muito mais do que em terra firme.
Foto: Swimsol
A energia que gosta do frio
O Muttsee, perto da Basileia, é o maior reservatório da Suíça. Um grande sistema solar foi instalado na parede da barragem, gerando grande quantidade de energia, sobretudo no inverno, pois, além de os módulos serem mais eficientes no frio, a neve reflete luz natural. Além disso, a intensidade do Sol é muito maior no alto, já que a névoa permanece no vale.
Foto: Axpo
Eletricidade para todos
Não há rede elétrica no lugarejo de Tukul, no Sudão do Sul. Mas painéis solares geram energia localmente, para uso, por exemplo, em telefones celulares e lâmpadas. A pobreza energética é um enorme problema: em 2016, 840 milhões de pessoas no planeta não dispunham de eletricidade. Conta-se que até 2030 a cifra terá caído para 650 milhões, em grande parte devido a módulos solares descentralizados.