Hungria endurece leis em resposta à crise migratória
4 de setembro de 2015
Parlamento aprova medidas para conter fluxo de refugiados, incluindo até três anos de prisão para entrada ilegal no país. Mais de mil migrantes iniciam caminhada rumo à Áustria, e centenas fogem de campo de acolhimento.
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O Parlamento húngaro aprovou nesta sexta-feira (04/09) uma série de leis para controlar o fluxo de migrantes que chegam ao país, dando mais autoridade à polícia e estabelecendo punições severas. A entrada ilegal na Hungria poderá resultar em até três anos de prisão.
As novas leis, que devem entrar em vigor no dia 15 de setembro, classificam como crime cruzar ou danificar a cerca que o país está construindo na fronteira com a Sérvia. As medidas também tornarão possível entrar com pedidos de asilo em postos de fronteira e acelerar os processos de asilo.
Nesta sexta-feira, mais de mil refugiados que estavam na estação internacional de trens em Budapeste deixaram o local para tentar chagar a pé à Áustria. Os migrantes deram início à caminhada após serem impedidos de embarcar em trens com destino ao país vizinho.
"Se viajarmos em pequenos grupos, a polícia poderá nos capturar, mas todos juntos, somos fortes", afirmou um jovem sírio de Aleppo. A polícia teria inicialmente permitido que os refugiados deixassem o local.
Em outro incidente em território húngaro, cerca de 300 migrantes fugiram de um campo de refugiados na cidade de Roszke, próximo à fronteira com a Sérvia. Autoridades informaram, citando fontes policiais, que eles "romperam a cerca do ponto de acolhimento a migrantes em Roszke em dois grupos" e se dirigiram a uma rodovia nas proximidades. "A polícia tomou as medidas necessárias para apreendê-los", afirmaram, em comunicado.
Uma porta-voz da polícia húngara relatou que os migrantes que fugiram estão sendo perseguidos pelos policiais. A passagem da fronteira em Roszke foi bloqueada, "no interesse de prevenir acidentes".
Outros 2.300 refugiados ameaçam fugir do local se suas exigências não forem atendidas. Os policiais afirmam que buscam uma solução pacífica. Não foi esclarecido quais seriam as reivindicações do grupo.
"Hungria deve acatar suas obrigações"
O governo da Alemanha alertou Budapeste que a decisão de não expulsar os refugiados sírios para o país por onde eles inicialmente entraram na da União Europeia, não os exime de suas obrigações de processar os pedidos de asilo.
"A Hungria deve acatar suas obrigações humanitárias e legais", afirmou o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert. O presidente húngaro, Viktor Orban, acusa a Alemanha de encorajar a vinda de refugiados para a Europa, através de uma aplicação negligente das leis de imigração.
O ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, pediu aos países europeus que parem de culpar uns aos outros pela atual crise, alertando sobre uma possível divisão entre os Estados-membros da União Europeia (UE).
Steinmeier afirmou que essa atitude "não irá fazer com que tenhamos o problema sob controle". "A Europa não pode se deixar dividir, ainda mais frente a esse desafio", declarou.
RC/afp/dpa/rtr
Como alemães ajudam refugiados
Ataques a abrigos de migrantes tornaram-se rotineiros na Alemanha. Mas essa é apenas uma parcela da realidade do país, onde milhares de voluntários e iniciativas auxiliam os que nele buscam refúgio.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Endig
Desafio das boas-vindas
Usando a hashtag #WelcomeChallenge no Facebook e no Youtube, voluntários alemães promovem a ajuda a refugiados. Quem auxilia os migrantes de alguma maneira posta uma imagem com a hashtag. A chef alemã Sarah Wiener foi convidada a ajudar e, sorridente, levou 150 porções de sopa orgânica com pão a um abrigo em Berlim.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Fischer
Um time de refugiados
Henning Eich, jogador do time de futebol Lok Postdam, congratula os jogadores do Welcome United 03, a primeira equipe alemã formada somente por refugiados. Logo no primeiro jogo do campeonato, em Postdam, o Welcome United 03 venceu o Lok Potsdam por 3 a 2. "O futebol une", afirma Manja Thieme, responsável pela equipe com 40 integrantes.
Foto: picture-alliance/dpa/O. Mehlis
Alemão no cotidiano
Em Thannhausen, na Baviera, o voluntário Karl Landherr dá aulas de alemão a requerentes de asilo. Junto com alguns colegas, o professor aposentado também criou um livro de alemão que oferece uma espécie de "estratégia de sobrevivência" para os refugiados recém-chegados ao país, segundo Landherr. O livro dá dicas práticas para o dia a dia e ficou conhecido em toda a Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Puchner
Festa de boas-vindas
Refugiados e apoiadores dançaram juntos numa festa de boas-vindas, organizada pela aliança Dresden Nazifrei (Dresden livre dos nazistas). Os 600 requerentes de asilo de Heidenau – alojados numa antiga loja de materiais de construção e protegidos atrás de cercas altas – já nem pensam em deixar seus alojamentos por medo da extrema direita.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Willnow
Bicicletas para refugiados
Na foto, Tobias Fleiter enche o pneu da bicicleta de um refugiado do Togo. Fleiter é um dos integrantes do projeto Bicicletas Sem Fronteiras, que contava somente com dois voluntários quando começou. Hoje, 15 voluntários formam o time, que já consertou mais de 200 bicicletas em Karlsruhe, emprestando-as a refugiados.
Foto: picture-alliance/dpa/U. Deck
Escola vira abrigo
Em Berlim, os centros de refugiados estão lotados. Recentemente, três novos abrigos foram abertos, sendo um deles a escola Teske, em Schöneberg, que estava vazia há tempos. Até 200 pessoas podem ser acomodadas no local, onde contam com o apoio de assistentes sociais. Muitos voluntários também ajudam por ali, organizando as roupas, por exemplo.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
Bem-vindos à ilha de Sylt
Joachim Leber (no centro) auxilia esta família da Síria. Ele é membro da associação Integrationshilfe na ilha de Sylt, na qual cerca de 120 refugiados recebem assistência. A maioria deles vem do Afeganistão, da Somália e da Síria. Voluntários procuram ajudá-los com a língua alemã e motivação pessoal. "A Alemanha também foi ajudada após a Segunda Guerra", diz Leber.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Marks
Resgate no Mediterrâneo
Em lanchas, soldados alemães resgatam refugiados no Mediterrâneo e os levam para seus navios. Desde o começo de maio deste ano, as tripulações alemãs salvaram cerca de 7,5 mil pessoas. Entre elas estava Rahmar Ali (no centro), de vestido roxo. A mulher de 33 anos, grávida, é natural da Somália e estava em fuga sozinha há cinco meses.
Foto: picture-alliance/dpa/Bundeswehr/T. Petersen
Primeiro bebê refugiado
Sophia nasceu com 49 centímetros e três quilos. Ela é o primeiro bebê que veio ao mundo num navio da Bundeswehr (Forças Armadas da Alemanha). Foi um nascimento assistido por médicos no último segundo e uma grande alegria para a mãe, Rahmar Ali, da Somália. "Especialmente nesses momentos você sente que está fazendo algo com sentido", diz um soldado que esteve presente no nascimento da criança.
Foto: Reuters/Bundeswehr/PAO Mittelmeer
Caminho seguro
Como eu vou de trem do ponto A ao B? O que significam os sinais? Onde eu posso obter um bilhete de trem? Em Halle, refugiados da Síria aprendem tudo isso na estação central da cidade. Na foto, uma policial mostra que, por motivos de segurança, é preciso ficar atrás da faixa branca quando um trem passa pela plataforma.
Foto: picture-alliance/dpa/H. Schmidt
Primeiro clube de natação
Na cidade de Schwäbisch Gmünd, refugiados podem aprender a nadar. Ludwig Majohr (de boné) dá as aulas de natação. Ele é um dos oito aposentados voluntários no clube de natação, recém-fundado. O objetivo principal é a integração, segundo Gmünd. "Na natação, as pessoas se ajudam", completa o voluntário Roland Wendel. "Não perguntamos as nacionalidades."
Foto: picture-alliance/dpa/S. Puchner
Mais café, menos ódio
Em Halle, o partido ultradireitista NPD pretendia protestar recentemente contra um planejado centro para requerentes de asilo. A cidade respondeu com um convite para um café da manhã aberto, em prol da tolerância. Mais de 1.200 pessoas compareceram, compartilhando pãezinhos e bolos com os refugiados. Um belo gesto de boas-vindas.