Hungria indicia cinegrafista que agrediu refugiados
7 de setembro de 2016
Petra László é formalmente acusada pelo crime de violação da paz, um ano após agredir com pontapés migrantes na fronteira com a Sérvia. Promotoria justifica que comportamento violento "provocou indignação e revolta".
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A Justiça da Hungria acusou formalmente a cinegrafista húngara Petra László, que há cerca de um ano foi flagrada agredindo migrantes em Röszke, perto da fronteira do país com a Sérvia, segundo informaram autoridades húngaras nesta quarta-feira (07/09).
László foi indiciada pela promotoria da província de Csongrád pelo crime de violação da paz. Caso seja condenada, ela pode cumprir uma pena de prisão de até cinco anos.
"O comportamento violento da acusada não causou ferimentos, mas provocou indignação e revolta nas pessoas que estavam presentes", justificou a promotoria em comunicado.
Apesar de relatar que a jornalista deu chutes e pontapés em vários refugiados – incluindo crianças – que fugiam da polícia ao entrar na Hungria a partir da Sérvia, a acusação diz que não está comprovado que a agressão foi motivada "pela origem das vítimas ou pelo fato de que eram migrantes".
Segundo a agência de notícias Associated Press, o marido da acusada, Gabor László, afirmou que o casal não iria comentar o caso até o veredicto da Corte, seguindo o conselho de seu advogado. O julgamento ocorrerá na cidade de Szeged, no sul da Hungria.
Cinegrafista húngara agride migrantes
01:00
László trabalhava para a N1TV, uma emissora privada que roda um programa apresentado por Gabor Vona – líder de extrema-direita do partido Jobbik, que se opõe à migração. A cinegrafista foi demitida pouco após o incidente e chegou a pedir desculpas publicamente pelo ato agressivo.
Na época, ela explicou que entrou em pânico quando centenas de refugiados romperam a barreira policial no ponto de registro de Röszke. "As pessoas corriam na minha direção, e pensei que estava sendo atacada. Fiquei com medo. É difícil tomar decisões certas quando se está em pânico", disse.
O caso ocorreu antes de a Hungria fechar sua fronteira com a Sérvia, onde milhares de refugiados passavam todos os dias. Cerca de 400 mil migrantes entraram na Hungria no ano passado com destino à Europa Ocidental.
Dois dos refugiados sírios agredidos pela cinegrafista, Osama Abdul Mohsen e seu filho Zaid, moram atualmente na cidade espanhola de Getafe, na região metropolitana de Madri, onde o pai foi contratado numa escola para treinadores de futebol.
EK/afp/ap/efe
Viagem à Europa da perspectiva de refugiados
Exposição em Hamburgo mostra longa jornada do ponto de vista dos migrantes, resultado do projeto #RefugeeCameras. Risco, desamparo e raros momentos de alegria permeiam as imagens.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Partida sem volta?
Em dezembro de 2015, o alemão Kevin McElvaney entregou 15 câmeras descartáveis e envelopes pré-selados a migrantes em Izmir, Lesbos, Atenas e Idomeni. Sete retornaram ao jovem fotógrafo e fazem parte do projeto #RefugeeCameras. Zakaria recebeu sua câmera em Izmir. O sírio fugiu do "Estado Islâmico" e do regime Assad. Em seu diário de fuga, ele escreve que só Deus sabe se ele voltará à Síria.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Travessia de bote
Zakaria documentou sua viagem marítima da Turquia até a ilha grega de Chios. Ele ficou sentado na parte de trás do bote. Na exposição em Hamburgo, as imagens feitas por refugiados são complementadas por uma seleção de fotos tiradas por profissionais, que ajudaram a montar a representação das rotas de fuga. Todos eles doaram suas obras para apoiar o projeto.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Chegada perigosa
Hamza e Abdulmonem, ambos da Síria, fotografaram a perigosa chegada de seu barco a uma ilha grega. Não havia voluntários para recebê-los. Foi justamente isso que McElvaney tinha em mente quando lançou a #RefugeeCameras. Segundo o jovem fotógrafo, até agora a mídia proporcionou somente um "vazio visual" a esse respeito.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sobrevivendo ao mar
Após o desembarque, vê-se um menino com roupas molhadas e colete salva-vidas numa praia. A imagem faz recordar Aylan Kurdi, o pequeno garoto sírio cujo corpo sem vida foi encontrado no litoral turco em setembro de 2015. A criança nesta foto conseguiu chegar viva à Europa. O seu destino é desconhecido.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sete câmeras
Hamza e Abdulmonem também tiraram esta foto instantânea levemente desfocada de um grupo de refugiados fazendo uma pausa. Das 15 câmeras que McElvaney entregou, sete retornaram, uma foi perdida, duas foram confiscadas, e duas permaneceram em Izmir, onde seus donos ainda estão retidos. As três câmeras restantes estão desaparecidas – assim como seus proprietários.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Família em foco
Dyab, um professor de Matemática sírio, tentou registrar alguns dos melhores momentos de sua viagem até a Alemanha. Na foto, veem-se sua esposa e seu filho pequeno, Kerim, que nos mostra um pacote de biscoito que recebeu num campo de refugiados macedônio. A imagem revela a profunda afeição de Dyab por seu filho, diz McElvaney: "Ele quer cuidar dele, mesmo na árdua viagem que foi forçado a seguir."
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Do Irã à Alemanha
A história de Said, do Irã, é diferente. O jovem teve de deixar seu país, depois de ter se convertido ao cristianismo. Ele poderia ter sido preso ou morto. Para ser aceito como refugiado, ele fingiu ser afegão. Após a sua chegada à Alemanha, ele explicou sua situação, para a satisfação das autoridades. Ele vive agora – como iraniano – em Hanau, no estado de Hessen.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Não apenas selfies
Said tirou esta foto de um pai sírio e seu filho num ônibus de Atenas a Idomeni.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Momento de alegria
Em outro registro feito por Said, um voluntário que trabalha num campo de refugiados em algum lugar entre a Croácia e a Eslovênia brinca com um grupo de crianças, que tentam imitar seus truques.