No primeiro dia de lei anti-imigração, país anuncia cerca na fronteira com a Romênia e prende mais de 170 pessoas tentando entrar ilegalmente em seu território. Barrados, refugiados ameaçam fazer greve de fome na Sérvia.
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A Hungria anunciou nesta terça-feira (15/09), primeiro dia da nova lei anti-imigração, que pretende construir uma cerca na fronteira com a Romênia, similar à erguida na fronteira com a Sérvia, para evitar a entrada de migrantes ilegais no país.
"A medida é necessária, pois os traficantes de pessoas podem mudar suas rotas devido à cerca existente entre Hungria e Sérvia. Portanto, uma parte da pressão migratória pode se direcionar para a Romênia", anunciou o ministro húngaro do Exterior, Peter Szijjarto.
A entrada em vigor das novas leis para controlar o fluxo de migrantes nesta terça-feira permitiu a polícia deter pelo menos 174 refugiados. Os detidos tentavam cruzar a cerca de arame farpado construída na fronteira do país com a Sérvia.
"A polícia iniciou procedimentos criminais contra eles", afirmou Gyorgy Bakondi, conselheiro chefe do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban. A nova legislação prevê uma pena de até cinco anos de prisão para migrantes acusados de entrar ilegalmente no país.
A Hungria abriu dois postos oficiais de controle, nos quais os migrantes podem ter acesso legal ao país. O governo afirma que não irá mais tolerar que pessoas entrem no país sem passar por esses locais.
O porta-voz do governo Zoltan Kovacs destacou que o país não está fechando as portas aos refugiados. "Iremos fechar as fronteiras verdes, as fronteiras naturais, para deter as travessias ilegais. Isso significa que os meios oficiais e legais de entrar no país, e consequentemente na União Europeia, irão permanecer abertos", disse.
"Tudo o que pedimos é que os refugiados se submetam às leis internacionais e europeias e, como prevê o acordo de Schengen, que compareçam aos postos oficiais de fronteira", ressaltou Kovacs.
Passagem lotada
Centenas de imigrantes aguardam na Sérvia para entrar na Hungria e pedem a reabertura da fronteira. Muitos protestaram contra a medida. Alguns refugiados ameaçam fazer greve de fome enquanto tiveram o acesso à Europa barrado na região.
Kovacs explicou que o país vai bloquear a entrada de migrantes vindos da Sérvia – país considerado seguro por Budapeste – que não tenham pedido asilo no país vizinho. Os refugiados que estiverem nessas condições poderão ser expulsos dentro de um prazo de oito dias.
Nesta terça-feira, a União Europeia convocou os ministros do Interior para uma reunião emergencial no dia 22 de setembro que visa discutir a crise migratória. No último encontro, os representantes dos países do bloco não conseguiram chegar a um acordo sobre um sistema de cotas para realocar os refugiados na região.
CN/afp/rtr/ap
Estações da fuga em imagens
Cerca de 3,7 mil quilômetros separam a Alemanha da Síria. Para os refugiados da guerra civil, essa viagem dura semanas até meses. E ela é perigosa, também na rota dos Bálcãs.
Foto: picture-alliance/dpa/N. Armer
Últimas forças
Duma é uma cidade síria a nordeste de Damasco. Mesmo ferido, um homem procura por sobreviventes nos escombros. Pouco antes, a região foi atacada por bombardeios das forças armadas sírias. Desde o início da guerra civil, em 2011, mais de 250 mil pessoas morreram no país, segundo as Nações Unidas.
Foto: picture-alliance/A.A./M. Rashed
Terror ao alcance dos olhos
No campo de refugiados em Suruc, na Turquia, cerca de 40 mil sírios procuraram refúgio da guerra civil. A poucos quilômetros dali, em Kobane, o conflito continua. O campo é organizado como uma pequena cidade, com mesquita, escola e ruas. Ninguém quer permanecer aqui por muito tempo.
Foto: Getty Images/C. Court
Marcas da guerra
Abdurrahman Yaser al-Saad conseguiu chegar à cidade portuária turca de Izmir. O sírio de 16 anos mostra aos outros refugiados uma cicatriz enorme na barriga. Ele estava na escola quando as forças armadas sírias bombardearam o local e ele ficou gravemente ferido.
Foto: picture-alliance/AA/E. Menguarslan
Esperança de uma vida melhor
Na viagem em direção à Europa, muitos refugiados acabam em Izmir. Daqui eles desejam ir para a Grécia. Coletes salva-vidas são fundamentais, pois muitos não sabem nadas, e os barcos dos atravessadores ficam superlotados. Enquanto aguardam a partida, muitos dormem ao ar livre, porque não podem pagar um hotel.
Foto: picture-alliance/AA/E. Atalay
Jogado de volta
Com suas últimas forças, esse refugiado conseguiu nadar de volta até a praia de Bodrum, na Turquia. Pouco antes ele havia tentado alcançar um barco de atravessadores, que, por muito dinheiro, levam as pessoas ilegalmente até a Grécia. As embarcações estão sempre superlotadas.
Foto: Getty Images/AFP/B. Kilic
Desamparo
Na praia de Kos, uma ilha grega, turistas observam como refugiados tentam chegar à costa com um barco inflável. A viagem ilegal de Bodrum até aqui custa cerca de mil euros por pessoa. São apenas quatro quilômetros de distância, mas muitos não sabem nadar e acabam morrendo afogados.
Foto: picture-alliance/dpa/Y. Kolesidis
Realidade incômoda
No caminho para o hotel ou para a praia, turistas passam por muitos refugiados. Devem olhar? Devem ajudar?
Foto: picture-alliance/AA/G. Balci
Com braços e pernas
Da Grécia, muitos refugiados tentam chegar à Europa ocidental pelos Bálcãs. Uma estação importante é a cidade de Gevgelija, na Macedônia. Depois de dias de espera, todos desejam conseguir um lugar em um trem para a Sérvia.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Passo a passo
Já nas primeiras horas do dia, centenas de refugiados caminham ao longo da linha do trem, da Sérvia para a Hungria. De lá, muitos desejam ir para a Áustria ou Alemanha. A caminhada de quilômetros exige de muitos suas últimas forças.
Foto: Getty Images/AFP/A. Messinis
Desespero
Com medo de ser levado para um campo de refugiados na Hungria, o pai sírio se joga, com sua mulher e filho, nos trilhos da estação de Bicske. Eles achavam que o trem os levaria de Budapeste até Viena. Em vez disso, eles devem ser registrados pelas autoridades húngaras.
Foto: Reuters/L. Balogh
Quase lá
Centenas de refugiados do Iraque, da Síria e do Afeganistão decidiram ir a pé até a Áustria, caminhando pela rodovia. Eles esperaram durante dias por um trem na estação de Budapeste. A polícia, porém, bloqueia o trecho com frequência.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Finalmente a chegada
Estação central de Munique: a esperança de muitos refugiados está na chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel. Diferente de outros países europeus, eles se sentem bem-vindos na Alemanha.