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IBGE constata leve recuo da desigualdade no Brasil

13 de novembro de 2015

Em 2014, os 10% mais pobres viram sua renda média mensal subir 4,1%, para 256 reais, enquanto os 10% mais ricos tiveram uma queda de 0,4%, para 7.154 reais. Homens continuam ganhando bem mais do que as mulheres.

Foto: picture alliance / dpa

O número de pessoas desempregadas no Brasil cresceu 9,3% em 2014, em comparação com o ano anterior. A desigualdade, por outro lado, sofreu queda. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada nesta sexta-feira (13/11) pelo IBGE.

De acordo com o estudo – um dos mais completos sobre os lares brasileiros –, o Brasil conseguiu ainda reduzir a taxa de analfabetismo e aumentar os anos de estudo da população, a renda dos trabalhadores, o número de pessoas com moradia e o acesso à internet, que já é realidade para mais da metade dos residentes no país.

Por outro lado, a pesquisa concluiu que, no ano passado, o trabalho infantil aumentou, a diferença entre o salário de homens e mulheres continuou elevada e a percentagem de residências com acesso a saneamento básico não mostrou melhora.

Desemprego versus desigualdade

Num ano em que a economia cresceu apenas 0,1%, cerca de 617 mil pessoas passaram à condição de desocupados, representando um aumento de 9,3% em comparação com 2013. No total, 7,3 milhões de brasileiros com mais de 15 anos estavam à procura de trabalho no ano passado. De acordo com o IBGE, todas as regiões apresentaram aumento da população desocupada.

Entre os jovens e adultos em busca de emprego em 2014, 60,3% eram pretos ou pardos, 56,7% eram mulheres, 28,3% nunca trabalharam, 34,3% tinham entre 18 e 24 anos e 50,1% não concluíram o ensino médio.

Mesmo com o crescimento da população desocupada, o número de brasileiros ocupados também aumentou, de 61,2% para 61,9%, totalizando 98,6 milhões de pessoas. Segundo o IBGE, isso se deve ao aumento da participação de idosos – o índice de residentes ocupados com mais de 60 anos cresceu de 7,5% para 8,2%.

A desigualdade no Brasil recuou. O chamado índice de Gini, utilizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para medir a desigualdade de renda, manteve sua trajetória de queda e foi de 0,495 em 2013 para 0,490 em 2014 (quanto menor, menos desigual é o país).

A diminuição da desigualdade – que vem ocorrendo no Brasil desde 2004 – foi possível graças ao aumento de 4,1% na média de rendimento mensal das pessoas que estão entre os 10% mais pobres, ficando em 256 reais. Já a média de rendimento dos 10% mais ricos caiu 0,4% no período, ficando em 7.154 reais.

A Pnad constatou ainda diferenças salariais por gênero. Em 2014, as mulheres recebiam, em média, 74,5% do rendimento dos homens. No ano anterior, a proporção atingia 73,5%. O rendimento médio mensal, descontada a inflação, alcançou 1.987 reais entre os homens, enquanto o das mulheres foi de 1.480 reais.

Educação

As mulheres, por outro lado, estudam mais – e isso foi visto em todas as regiões brasileiras. Em média, elas tinham 8 anos de estudo, enquanto os homens tinham 7,5. A média de estudo da população em geral cresceu em 2014, chegando a 7,7 anos, contra 7,6 em 2013.

Já a taxa de analfabetismo entre pessoas com mais de 15 anos de idade recuou de 8,5% para 8,3% entre 2014 e o ano anterior. Ainda assim, o Brasil conta com 13,2 milhões de residentes que não sabem ler nem escrever.

Trabalho infantil

Um dos indicadores que pioraram foi a exploração de mão de obra infantil. Segundo a Pnad, 3,3 milhões de crianças e adolescentes na faixa de 5 a 17 anos estavam trabalhando em 2014, o que representa um aumento de 4,5% ante 2013. Dois terços desse total são meninos.

Na faixa dos 5 a 13 anos, idade em que é proibido, por lei, trabalhar, foi registrada a maior expansão: a população ocupada passou de 506 mil para 554 mil, subindo 9,3%. Foi a primeira vez que o número cresceu desde 2005, quando atingiu 1,6 milhões de crianças.

Tecnologia

A pesquisa do IBGE mostrou que, pela primeira vez, o percentual de pessoas com acesso à internet passou da metade: em 2014, 95,4 milhões de brasileiros com mais de 10 anos de idade estavam conectados, o que representa 54,4% da população.

Além disso, 136,6 milhões de pessoas acima de 10 anos tinham celular para uso pessoal, um aumento de 4,9% em relação ao ano anterior. A proporção desse grupo entre a população era de 75,2%, em 2013, passando para 77,9% do total, no ano seguinte.

Os brasileiros

A população brasileira foi estimada em 203,2 milhões de pessoas, um aumento de 0,9% em comparação com o ano anterior. A porcentagem de idosos com mais de 60 anos também cresceu: de 13% em 2013, o índice foi para 13,7% da população em 2014.

Quanto à cor, 45,5% da população se declarou branca, 45,0% se declararam pardos; 8,6%, pretos e 0,9%, indígenas ou amarelos.

EK/abr/efe/lusa/rtr

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