Candidato do PSL sobe quatro pontos percentuais e mantém liderança. No segundo turno, perderia para Ciro Gomes e ficaria tecnicamente empatado com Haddad e Alckmin. Rejeição do petista dispara.
Anúncio
O candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) voltou a crescer e alcançou 31% das intenções de voto, de acordo com a pesquisa do Ibope divulgada nesta segunda-feira (01/10). Esse foi o primeiro levantamento realizado após os protestos de mulheres contra o ex-militar.
Bolsonaro subiu quatro pontos percentuais em relação à pesquisa anterior e segue na liderança da corrida eleitoral. Em segundo lugar aparece Fernando Haddad (PT) com os mesmos 21% das intenções de voto alcançados na sondagem anterior.
Em terceiro lugar seguem tecnicamente empatados Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB). Ciro perdeu um ponto percentual e agora aparece com 11% das intenções de voto. Já Alckmin permanece com 8% dos votos mostrados em pesquisas anteriores.
Em quinto lugar está Marina Silva (Rede), que perdeu dois pontos percentuais e atualmente tem 4%. Logo após aparece João Amoêdo (Novo), com 3% das intenções.
Após esse grupo, seguem empatados com 2% das intenções de voto os candidatos Alvaro Dias (Podemos) e Henrique Meirelles (MDB). Cabo Daciolo (Patriota) foi indicado por 1% dos eleitores entrevistados.
Como não cair em "fake news"?
02:20
Os presidenciáveis Guilherme Boulos (Psol), Vera Lúcia (PSTU), João Goulart Filho (PPL) e Eymael (DC) não pontuaram na pesquisa, ou seja, atingiram menos de 1% das intenções.
Os votos brancos ou nulos somaram 12%, ante os 11% da sondagem anterior. Além disso, 5% não souberam ou não quiseram responder – dois pontos percentuais a menos do que no outro levantamento.
A pesquisa Ibope também ouviu eleitores sobre possíveis cenários para o segundo turno, todos com a participação de Bolsonaro. O levantamento mostrou uma possível derrota do ex-militar em apenas uma disputa e um empate técnico em outros dois embates. O presidenciável do PSL só ganharia contra Marina, com 43% contra os 38% alcançados pela candidata.
Apenas Ciro ganharia de Bolsonaro num segundo turno. O presidenciável do PDT teria 45% dos votos, diante de 39% para o ex-militar.
Em uma possível disputa isolada com Alckmin ou Haddad, o candidato do PSL aparece tecnicamente empatado com ambos. Bolsonaro teria 39% contra os 42% do tucano. Já contra o petista, empataria também, mas ambos exatamente com 42%.
Além de líder da corrida presidencial, Bolsonaro continua em primeiro lugar no ranking de candidatos em quem os eleitores não votariam de jeito nenhum. A rejeição do deputado continua em 44%. Já Haddad viu sua rejeição disparar 11 pontos percentuais e chegar a 38%. Marina tem 25%, Alckmin, 19%, e Ciro, 18%.
Em seguida vêm Meirelles, Boulos, Cabo Daciolo e Eymael, com 10%, seguidos por Vera Lúcia e Alvaro Dias, com 9%, Amoêdo, com 8%, e João Goulart Filho, com 7%.
O Ibope ouviu 3.010 eleitores em 208 cidades brasileiras. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos de cada resultado apurado. A pesquisa, encomendada pela Rede Globo e pelo jornal O Estado de S. Paulo, foi realizada entre 29 e 30 de setembro.
1989: a primeira eleição direta da redemocratização
Os brasileiros voltaram a escolher diretamente um presidente depois de 27 anos. Um total de 22 candidatos se apresentou – até hoje um recorde. O pleito foi marcado por debates na TV e acusações de manipulação jornalística. Fernando Collor, filiado a um partido nanico, largou na frente ao se apresentar como “caçador de marajás”. No final, Collor derrotou o líder sindical Lula (PT) no 2° turno.
Foto: Radiobras/Roosewelt Pinheiro
1994: o início da era tucana
No início de 94, o pleito tinha um favorito: Lula. No entanto, alguns meses antes da eleição foi lançado o Plano Real, bem-sucedido em conter a inflação. A popularidade de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), um dos autores do plano, disparou. Lula, que havia criticado o real, afundou nas pesquisas. FHC acabou vencendo a eleição ainda no 1° turno. Era o início de oito anos de hegemonia do PSDB.
Foto: Acervo FHC
1998: a reeleição entra em cena
Em 1997, foi aprovada a emenda da reeleição– com denúncias de compra de votos –, abrindo caminho para FHC disputar mais um mandato. Mais uma vez seu adversário foi Lula, que indicou Leonel Brizola, seu antigo rival na esquerda, como vice. Durante a campanha, o governo omitiu que o real estava sobrevalorizado. FHC foi eleito no 1° turno. Depois da posse, o real sofreu uma desvalorização recorde.
Foto: Acervo FHC/Secretaria de Imprensa
2002: o início da hegemonia petista
Lula chegou à eleição com uma nova imagem: se comprometeu a apoiar o plano real, nomeou um empresário como vice e recorreu a marqueteiros. A estratégia para acalmar o mercado deu certo. Ciro Gomes chegou a despontar em segundo lugar, mas afundou após uma série de declarações que repercutiram mal. No final, Lula derrotou o candidato do governo FHC, José Serra, no segundo turno, com 61% dos votos.
Foto: Agência Brasil/M. Casal Jr.
2006: escândalos não impedem reeleição de Lula
Lula se candidatou novamente após a eclosão do escândalo do Mensalão. Parecia destinado a vencer no 1° turno, mas a prisão de assessores do PT na reta final abalou sua campanha. No 2° turno, os petistas contra-atacaram. Rotularam o tucano Geraldo Alckmin de privatista e de ser contra o Bolsa Família. Alckmin acabou recebendo menos votos no 2° turno do que na primeira rodada, e Lula foi reeleito.
Foto: Instituto Lula/R. Stuckert
2010: a primeira presidente mulher
Com alto índice de popularidade, Lula apresentou Dilma Rousseff como candidata à sucessão. Os tucanos voltaram a lançar José Serra, e a ex-ministra Marina Silva disputou pela primeira vez. A campanha de Serra tentou encurralar Dilma ao acusá-la de ser favorável ao aborto. No final, pesou a popularidade de Lula, e a petista ganhou no 2° turno, se tornando a primeira mulher a chegar à Presidência.
Foto: Agência Brasil/W. Dias
2014: a campanha mais cara e acirrada
Nova polarização entre PSDB e PT: Dilma disputou um novo mandato com Aécio Neves. Após a morte de Eduardo Campos (PSB), Marina Silva entrou na corrida, mas desabou nas pesquisas após ataques do PT. Dilma foi reeleita com apenas 3,28 pontos percentuais a mais que Aécio no 2° turno. A petista e o tucano gastaram R$ 570 milhões - com muitas doações de empresas acusadas de corrupção na Lava Jato.
Foto: Reuters/R. Moraes
2018: polarização entre PT e Bolsonaro
Após uma campanha que acirrou ânimos e dividiu o país, Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito com 55,13% dos votos, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT). A vitória do ex-capitão defensor do regime militar marcou a volta da extrema direita brasileira ao poder e representou um fracasso para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nesse pleito estava preso por corrupção e impedido de se candidatar.
Foto: Reuters/P. Whitaker/N. Doce
2022: inédita disputa entre presidente e ex-presidente
Os candidatos mais bem posicionados nas pesquisas são o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa reeleição, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recuperou os direitos políticos. Bolsonaro ampliou benefícios sociais às vésperas da campanha e vem questionando o sistema eleitoral. Já Lula busca aliança ampla contra extrema direita e capitalizar sua experiência anterior no governo.