Processo de separação de bloco de gelo do tamanho da Grande Londres começou há quase uma década. Nos próximos meses, iceberg pode se deslocar para o oceano ou encalhar na região.
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Um iceberg gigante, de tamanho maior do que a maioria das cidades europeias, se separou da Antártida, perto de uma estação de pesquisa britânica, afirmou nesta sexta-feira (26/02) a British Antarctic Survey (BAS), que cuida dos interesses do Reino Unido na região.
O iceberg mede 1.270 quilômetros quadrados, aproximadamente a área da Grande Londres, se separou da plataforma de gelo Brunt, que possui umas espessura de 150 metros. As primeiras grandes rachaduras surgiram há quase uma década, e desde então cientistas esperavam o "parto" deste bloco de gelo.
"Nossas equipes da BAS estavam preparadas para o parto de um iceberg na plataforma de gelo Brunt há anos", afirmou a diretora da British Antarctic Survey, Dame Jane Francis.
Em comunicado, a BAS afirmou que os eventos que levaram à separação do iceberg começaram a se acelerar em novembro do ano passado.
Base de pesquisa em segurança
Por razões de segurança, a estação de pesquisa britânica foi transferida de posição há quatro anos. Localizada a cerca de 20 quilômetros de onde ocorreu a ruptura, a base monitora diariamente o estado da plataforma de gelo.
A estação estava vazia no momento da separação do iceberg, pois a equipe de 12 pesquisadores que trabalha no local deixou a Antártida no início de fevereiro devido à aproximação do inverno na região.
No período em que a estação está vazia, cientistas monitoram a plataforma por meio de instrumentos de GPS que enviam os dados a Cambridge, na Inglaterra, para a análise.
"Nas próximas semanas ou meses, o iceberg pode se afastar ou encalhar e permanecer próximo à plataforma de gelo Brunt", afirmou Francis, acrescentando que a estação britânica continuará monitorando o bloco.
Icebergs se soltam naturalmente da Antártida em direção ao oceano, mas esse processo tem sido acelerado pelas mudanças climáticas. A BAS, porém, afirmou não haver evidências de que o aquecimento global tenha tido um papel importante neste caso.
cn (DW)
Mudanças climáticas reduzem populações de pinguins
Fevereiro foi mês mais quente já registrado na Antártida. Alterações do clima afetam seriamente a região remota, e a população de pinguins de Chinstrap caiu para menos da metade, como cientistas constataram recentemente.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Em missão antártica
Uma equipe de cientistas de duas universidades americanas partiu para uma expedição antártica no início de 2020. Por várias semanas eles estudaram o impacto das mudanças climáticas sobre a região remota. Mais especificamente, queriam avaliar quantos pinguins de Chinstrap restavam na Antártida Ocidental em comparação com a última contagem da população, na década de 1970.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Manso e curioso
Os pinguins de Chinstrap habitam as ilhas e costas do Pacífico Sul e dos oceanos antárticos. Seu nome se deve à estreita listra preta na parte inferior da cabeça. Mesmo antes de os cientistas escutarem os estridentes sons dos pássaros, um cheiro cáustico de excrementos indica a proximidade de uma colônia. Os pinguins não aprenderam a temer os seres humanos, por isso ignoram seus visitantes.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Resultados chocantes
Os cientistas usaram técnicas de contagem manual e por drones para contabilizar os pinguins de Chinstrap. Suas constatações revelaram que algumas colônias sofreram uma queda de mais de 70%. "Os declínios que vimos são definitivamente dramáticos", disse à agência de notícias Reuters Steve Forrest, biólogo da conservação que fez parte da expedição.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Cadeia alimentar em declínio
Os pinguins de Chinstrap se alimentam de pequenos animais marinhos, como krill, camarões e lulas. Eles nadam até 80 quilômetros todos os dias à busca de alimentos. Suas penas bem compactas funcionam como um casaco impermeável e permitem nadar em águas geladas. Mas as mudanças climáticas estão diminuindo a abundância de krill, o que dificulta a sobrevivência das aves.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Desafios de reprodução
Pinguins de Chinstrap preferem aninhar em lugares particularmente inacessíveis e remotos. Quando procriam, constroem ninhos circulares de pedras e põem dois ovos, que o macho e a fêmea se revezam para incubar, em turnos de cerca de seis dias. Como o aquecimento global está derretendo as camadas de gelo e reduzindo a abundância de alimentos, porém, a reprodução é menos bem-sucedida.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Implicações mais abrangentes
Estima-se que haja 8 milhões de pinguins de Chinstrap em todo o mundo, razão pela qual eles não foram motivo de preocupação até agora. Mas nos últimos 50 anos sua população na Península Antártica foi reduzida a menos da metade. Eles não estão em perigo iminente de extinção, mas o declínio de suas populações é um forte alerta sobre as grandes mudanças ambientais em curso.