Estudo aponta que água gelada liberada por grandes icebergs em derretimento aumenta a quantidade de carbono armazenada nos oceanos, o que retardaria o avanço das mudanças climáticas.
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Parece um paradoxo: icebergs gigantes, um símbolo das mudanças climáticas, podem, na realidade, retardar o aquecimento da Terra. Isso é possível porque a água gelada e rica em minerais liberada por icebergs em derretimento alimenta o fitoplâncton, diz um estudo publicado nesta segunda-feira (11/01) na revista científica Nature Geoscience.
Esses pequenos organismos marinhos absorvem gás carbônico da atmosfera e, quando morrem, se depositam no fundo dos oceanos, criando um verdadeiro banco de carbono.
"Quando o fitoplâncton cresce, ele libera material fecal e morre, e parte desse material vai para o fundo do oceano, onde permanece por séculos ou milênios", explica Grant Bigg, um dos autores do estudo, professor da Universidade de Sheffield, na Inglaterra.
Os cientistas analisaram imagens de satélite de icebergs gigantes – aqueles com ao menos 18 quilômetros de extensão – no oceano Antártico, medindo a intensidade da clorofila produzida pelo fitoplâncton. A área de produtividade se estende por cinco a dez vezes o tamanho do iceberg, diz Bigg, o que significa que a "o armazenamento de carbono líquido é muito maior do que se suspeitava".
"Isso está essencialmente diminuindo o ritmo em que o dióxido de carbono se deposita na atmosfera", afirma o pesquisador.
A concentração de carbono na atmosfera é atualmente de 400 partes por milhão (ppm) e ela está aumentando em cerca de 2 ppm por ano. "Icebergs gigantes retardaram esse aumento em 5% a 10%", afirma Bigg.
A Antártica está esquentando mais rapidamente do que outras regiões do planeta, o que está fazendo com que o manto de gelo derreta e contribuindo para o aumento do nível do mar. O aquecimento ali é comumente entendido como um ciclo de realimentação positiva, no qual o calor faz com que mais gelo derreta, acelerando, assim, ainda mais o aumento de temperatura.
Algumas pesquisas afirmam que o aquecimento na Antártica já alcançou um ponto de virada para o derretimento, a partir do qual não seria mais possível voltar atrás. A descoberta de que icebergs gigantes podem retardar o aquecimento global foi uma surpresa.
"Nós ainda não entendemos completamente o sistema climático. Eu não ficaria surpreso se ainda houvesse tanto realimentação negativa quanto positiva que pudessem acelerar ou retardar o aquecimento global", conclui Bigg.
Natureza extrema
Do árido deserto do Atacama até a aldeia mais chuvosa do mundo, na Índia, do pico mais alto à profundeza mais obscura: a Terra guarda recantos extremos surpreendentes.
Foto: gemeinfrei
O local mais frio: Plateau da Antártica Oriental
Aqui nunca faz um "friozinho". Numa noite de inverno realmente fria, as temperaturas podem baixar para até 92 graus negativos. Mas essa situação pode mudar em breve: pesquisadores norte-americanos registraram recentemente o maior nível mensal de CO2 na atmosfera desde o início das medições. Mesmo assim, dificilmente o lugar se tornará mais acolhedor.
Foto: EPA/YONHAP NEWS AGENCY
O local mais quente: Vale da Morte, EUA
O calor opressivo do Parque Nacional do Vale da Morte, no estado da Califórnia, pode ser demais até para aqueles que curtem um bom banho de sol. A temperatura máxima registrada aqui foi de 56,67 graus Celsius, em 10 de julho de 1913, em Greenland Ranch. Aqui, passar os dias de verão sob o sol sempre foi algo impensável.
Foto: gemeinfrei
O ponto mais alto: Monte Everest, Nepal
O pico mais alto do mundo, com 8.848 metros, é o Monte Everest, no Himalaia. O alpinista neozelandês Edmund Hillary e o indiano Tenzin Norgay foram os primeiros vitoriosos a chegarem ao cume, em 29 de maio de 1953. As recentes avalanches no Everest, causadas pelo terremoto de 25 de abril no Nepal, mataram ao menos 18 pessoas. Um triste fim para a temporada de escaladas.
Foto: Getty Images/P. Bronstein
O ponto mais profundo: Depressão Challenger
Para atingir o ponto mais profundo da Terra é preciso estar a bordo de um submarino. A Depressão Challenger está situada a 11 quilômetros de profundidade na Fossa das Marianas, a sudoeste da ilha de Guam, no Oceano Pacífico. Até hoje, apenas três pessoas alcançaram essa profundeza. Uma delas foi o cineasta James Cameron, que usou este submarino em 2012.
Foto: REUTERS
O local mais seco: Deserto do Atacama, Chile
Se você vive num lugar úmido ou está cansado de chuva e garoa, vá para o deserto do Atacama, no Chile, simplesmente o lugar mais árido e seco do mundo. Em sua região central há lugares onde nunca caiu uma gota de chuva sequer – pelo menos desde o início das medições.
A população do estado de Meghalaya, no nordeste da Índia, na fronteira com Bangladesh, certamente não se importaria em repassar alguns litros de chuva para o Atacama. Com uma precipitação anual de 11.873 milímetros (ou seja, 11,86 metros!), a aldeia Mawsynram é o lugar mais úmido do planeta. A título de comparação, a precipitação média anual em Londres é de 650 milímetros.
Foto: BIJU BORO/AFP/Getty Images
O lugar mais populoso: Xangai, China
Na cidade chinesa de Xangai moram 24,15 milhões de pessoas – isso é mais do que as populações do Paraná e do Rio Grande do Sul somadas. Devido ao número elevado de habitantes, a cidade sofre com a crescente deterioração da qualidade do ar. O aumento das emissões de automóveis e um número crescente de projetos de construção são responsáveis pela poluição atmosférica em Xangai.
Foto: Imago
O lago mais alto: Titicaca
O Lago Titicaca fica 3.810 metros acima do nível do mar e é o lago navegável mais elevado do mundo. Mas isso não é tudo: o lago situado na fronteira entre o Peru e a Bolívia é o maior da América do Sul em volume de água. Particularmente interessantes são as ilhas flutuantes dos uros, construídas pelos nativos com totora, uma espécie de junco do Titicaca.