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Crise no Iêmen

5 de junho de 2011

A viagem do presidente para se tratar em hospital saudita cria esperança de um fim para violência que assola o país. Milhares comemoraram nas ruas. Oposição diz que se esforçará para impedir o retorno de Saleh.

Foto: AP

A viagem do presidente do Iêmen para se tratar em um hospital árabe trouxe esperanças de um fim para os conflitos no país. Milhares de pessoas comemoram neste domingo (05/06) a saída do presidente, Ali Abdullah Saleh. Ele viajou à Arábia Saudita, onde se submete a uma cirurgia no tórax para retirada de estilhaços, após ser atingido em um ataque contra o palácio presidencial.

Entretanto, há dúvidas se a internação realmente abrirá caminho para um afastamento definitivo de Saleh. De acordo com um porta-voz do partido do governo, Saleh voltará a seu país dentro de dias. Além disso, apesar de um cessar-fogo mediado pela Arábia Saudita, neste domingo ocorreram novos tiroteios e explosões na capital, Sanaa.

Segundo fontes do governo, Saleh desceu andando do avião ao aterrisar na Arábia Saudita. Entretanto, podiam ser vistos ferimentos na nuca, cabeça e rosto do político. Ele chegou a Riad com alguns membros de sua família e foi transferido para um hospital militar.

Ataque provocou escalada em conflito

Saleh foi ferido na noite de sexta-feira durante um ataque a granadas contra o palácio presidencial, em que, conforme as últimas informações, teriam morrido 11 pessoas e mais de 120 ficaram feridas, entre elas várias autoridades do governo.

O ataque provocou uma escalada do conflito, iniciado por protestos, em maioria pacíficos, contra as mais de três décadas do governo de Saleh. No sábado, milhares de pessoas fugiram dos combates na capital. A embaixada da Alemanha foi fechada e o ministro alemão da Relações Exteriores, Guido Westerwelle, apelou a todos os alemães para saírem do Iêmen imediatamente.

Presidente Saleh foi para a Arábia SauditaFoto: dapd

"As pessoas estão preocupadas sobre o que vai acontecer após a viagem de Saleh”, disse um morador da cidade portuária de Aden. "O que mais temem é um golpe militar ou lutas internas dentro do Exército". Dúvidas sobre o fim do conflito foram alimentadas pelo fato de a liderança militar ter permanecido no país, conforme fontes do governo.

Vice assumiu poder interinamente

Também permanecem no Iêmen influentes filhos e sobrinhos de Saleh, com quem o vice-presidente e atual presidente interino, Abdel Rabbo Mansur Hadi, se encontrou no domingo. Hadi também manteve conversações com o embaixador norte-americano. Os Estados Unidos pediram a Saleh que renuncie ao poder.

A oposição no parlamento disse que a ida de Saleh à Arábia Saudita marcou "o começo do fim deste regime tirânico e corrupto". "Vamos usar nossos poderes para impedir seu retorno", disse o porta-voz da oposição, Mohammed Kahtan. Uma reunião entre representantes da oposição, dos EUA e da União Europeia foi agendada ainda para este domingo em Sanaa. A 33 ª Divisão Blindada do Exército iemenita passou para a oposição, segundo afirmou um general em Taez, depois de a unidade ter se recusado a atirar em manifestantes.

A Arábia Saudita intermediou no sábado um cessar-fogo entre os lados opostos, pouco antes de Saleh ter voado para o país vizinho. Saleh agora deverá ter dificuldade para assegurar o poder do exterior em um Iêmen instável, avaliam especialistas.

Milhares festejaram nas ruas, em Sanaa e TaezFoto: dapd

Explosões, tiroteios e festas

A partida de Saleh foi comemorada principalmente na cidade de Taez, ao sul do país, onde milhares de pessoas saíram nas ruas e celebraram com fogos de artifício. Mas a estação de televisão Al Jazeera também relatou sobre tiroteios pesados em Taez.

Na capital, Sanaa, houve explosões. Os tiros foram ouvidos sobretudo no bairro de Hassaba, segundo testemunhas, onde nas últimas semanas violentos combates
ocorreram entre os partidários do presidente e membros do poderoso clã Hashid. No centro da capital, jovens comemoraram a partida Saleh. "O regime caiu!", gritavam manifestantes em frente à Universidade de Sanaa. "Hoje nasceu um novo Iêmen", bradavam. Muitas pessoas organizaram um banquete improvisado e sacrificaram ovelhas para comemorar a "queda" de Saleh.

MD/rtr/afp
Revisão: Nádia Pontes

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