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SociedadeHolanda

Igreja viola lockdown na Holanda e fiéis atacam jornalistas

29 de março de 2021

Homem agrediu repórter que registrava entrada para missa que desrespeitava normas de isolamento. Em outra cidade, fiel usou carro para atingir cinegrafista.

Fieis fazem fila para entrar em igreja na Holanda. Em primeiro plano, placa mostra os horários das missas.
Algumas igrejas na Holanda realizaram missas sem obedecer às normas de contenção da pandemiaFoto: Robin Utrecht/picture alliance

Policiais holandeses prenderam neste domingo (28/03) um homem que golpeou e chutou um jornalista em frente a uma igreja protestante aberta para uma missa normal, desobedecendo as normas do confinamento em vigor no país para conter a covid-19.

Alguns jornalistas haviam ido à igreja Mieraskerk, na cidade de Krimpen aan den Ijssel, perto de Roterdã, cobrir a decisão da paróquia de infringir as regras de distanciamento social no país que enfrenta uma alta no número diário de novos casos.

Um dos fiéis se aproximou e atacou o jornalista Jacco van Giessen, que compartilhou um vídeo do incidente no Twitter. "A dor já passou, mas ainda estou chocado – fui atacado nesta manhã durante meu trabalho por um fiel que ia à missa em Krimpen", escreveu. O acusado do ataque, de 43 anos, foi escoltado para fora da igreja e detido.

Ataque com veículo

O caso não foi isolado. Frequentadores da igreja Sion, na cidade de Urk, a nordeste de Amsterdam, também atacaram neste domingo jornalistas durante uma missa realizada fora de todas as medidas de restrição em vigor.

Um fiel deliberadamente usou seu carro para atingir um cinegrafista do lado de fora da igreja, segundo a agência de notícias alemã DPA. Um suspeito de 35 anos foi detido após o incidente.

A igreja Sion havia informado, na semana anterior, que não cumpriria mais as normas do confinamento, como a exigência de máscaras e distanciamento, a fim de atender ao bem-estar espiritual" da sua comunidade. O local tem capacidade para cerca de 500 fiéis

Os jornalistas atingidos nos dois ataques sofreram apenas ferimentos leves. Outros repórteres já haviam sido alvo de violência durante protestos antilockdown realizados na Holanda em janeiro.

Autoridades repudiam ataques

Políticos holandeses de partidos diversos reagiram com veemência aos relatos de violência e desrespeito às medidas de isolamento.

"Jornalismo independente é necessário para um estado democrático constitucional", disse o ministro da Justiça, Ferd Grapperhaus.

"Deixem os jornalistas fazer o trabalho deles", tuitou Lilianne Ploumenm, líder dos social-democratas. A polícia holandesa compartilhou uma mensagem semelhante no Twitter.

O primeiro-ministro Mark Rutte já havia criticado a decisão das igrejas de realizar missas presenciais durante o lockdown.

A Constituição da Holanda veta ao governo impedir a reunião de comunidades religiosas, mas a maioria delas está cumprindo as regras de confinamento, permitindo a presença de, no máximo, 30 pessoas durante as missas.

Casos semelhantes na Alemanha

Em janeiro, policiais da Alemanha também foram acionados para interromper uma missa com cerca de 150 fiéis na cidade de Herford, no estado da Renânia do Norte-Vestfália, violando as normas antipandemia.

Segundo a polícia, o numeroso grupo, que incluía crianças, não estava usando máscaras nem respeitando as regras de distanciamento, além de cantar durante o culto, o que é proibido.

Há evidências de que cantar em conjunto em ambientes fechados produz aerossóis com potencial de espalhar a infecção. Diversos eventos promovidos por corais na Europa se tornaram eventos de superdisseminação da covid-19.

Um caso similar ocorreu pouco antes do Natal numa igreja pentecostal da cidade alemã de Essen, onde a polícia interrompeu um culto e aplicou quase 60 advertências por violações ao confinamento.

bl (dpa, AP, ots)