Mapeamento em três dimensões de monumentos sírios é esperança para preservação das construções em meio à guerra civil, ao menos em memória. Grande Mesquita de Damasco é um dos locais que já ganharam versão 3D.
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Uma equipe francesa de peritos digitais vem colaborando com arqueólogos da Direção-Geral de Antiguidades e Museus Síria (DGAM) para mapear em detalhes os monumentos culturais do país ameaçados pela guerra civil, iniciada há exatos cinco anos. O banco de dados da instituição, considerado o maior registro em três dimensões do patrimônio sírio, foi divulgado na internet nesta sexta-feira (15/03).
A start-up francesa Iconem desenvolveu uma tecnologia fotogramétrica que permite ao menos preservar a memória dessas construções. "Esta solução dá a nossos sítios arqueológicos uma verdadeira esperança de renascimento e permite que a memória dele seja preservada, aconteça o que acontecer", disse o diretor da DGAM, Maamoun Abdulkarim.
Três locais já têm sua versão 3D, incluindo a Mesquita de Umayyad ou Grande Mesquita de Damasco, cuja construção foi finalizada no século 8º e que é vista por alguns muçulmanos como o quarto lugar mais sagrado do islã. Novas versões 3D de patrimônios serão publicadas a cada semana, segundo Eric Thibaut, colaborador da Iconem.
Outro lugar famoso que já foi reconstruído em três dimensões é o Krak dos Cavaleiros, castelo próximo à devastada cidade de Homs. Apesar de a construção, localizada no topo de uma montanha, ter cicatrizes, os danos sofridos durante o conflito intenso na região felizmente são limitados. O castelo está entre um dos seis locais sírios na Lista de Patrimônios Mundiais da Unesco em perigo.
"Por ora, o mapeamento tem como foco construções que ainda existem, como uma medida de prevenção", afirma Thibaut. Diferentemente de sua mesquista-irmã em Damasco, a Mesquita de Umayyad de Aleppo foi destruída em 2013 devido à guerra civil.
Arco do Triunfo de Palmira
Outra iniciativa similar, liderada pelo Instituto de Arqueologia Digital, forneceu 5 mil câmeras 3D a funcionários de ONGS e arqueólogos para reunir milhões de registros desses locais ameaçados. O banco de imagens deve ser publicado até o fim deste ano.
O objetivo é usar a maior impressora 3D do mundo para reproduzir em tamanho real do Arco do Triunfo de Palmira, na Síria, destruído pelo "Estado Islâmico" (EI) em outubro do ano passado. A reprodução deve ser exposta na Times Square de Nova York e na Trafalgar's Square de Londres.
Militantes do EI também provocaram indignação mundo afora ao destruírem os templos de Bel, do século 1º, e de Baalshamin, em Palmira, em agosto do ano passado. A Unesco lamentou a destruição de tesouros de "um dos centros culturais mais importantes do mundo antigo".
Os tesouros arqueológicos de Palmira
Ruínas dessa antiga cidade são testemunhas de tempos de glória e uma importante herança cultural. Elas estão ameaçadas pela guerra civil na Síria e pela presença do "Estado Islâmico".
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Ruínas de um passado glorioso
No meio do deserto da Síria ficam as ruínas da antiga cidade de Palmira, que em tempos passados floresceu graças ao comércio. Por centenas de anos, caravanas de comerciantes passaram pela cidade, seguindo a chamada Rota da Seda, que ia até a China. Quando os tempos áureos viraram história, as areias do deserto acabaram tomando conta a cidade.
Foto: Fotolia/bbbar
Templo de Bel
Esta construção foi erguida para um grande deus mesopotâmio. No primeiro século depois de Cristo, os habitantes de Palmira construíram um tempo em estilo romano para a divindade Bel. O custo da obra teria sido arcado pelos romanos, em agradecimento pela adesão da cidade ao Império Romano. As paredes do templo carregam marcas de balas, resultado da guerra civil na Síria.
Foto: picture-alliance/blickwinkel/F. Neukirchen
Caminho das preciosidades
Esta avenida marcada por colunas tem quase um quilômetro de extensão e foi construída no século 2. Na entrada está o Arco de Adriano, erguido em homenagem ao imperador romano. O estilo greco-romano estava na moda na época, com alguns arabescos orientais. Pela estrada eram transportados temperos, perfumes, pedras preciosas e outros tesouros.
Foto: Louai Beshara/AFP/Getty Images
Monumento em estilo romano
Este tetrápilo fica num cruzamento de ruas. São quatro nichos cobertos, cada um deles formado por quatro colunas de granito rosa, extraído das pedreiras da cidade egípcia de Assuã. Antigamente, os nichos abrigavam estátuas. Quase todas as colunas foram reconstituídas. Apenas uma é original.
Foto: Fotolia/waj
Deus do vento
O deus do vento se chamava Baal-Shamin. De fato, o templo dele foi menos deteriorado pelas tempestades de areia do que os templos fúnebres localizados no outro extremo da avenida das colunas. Acredita-se que o templo tenha sido construído pelos fenícios, que posteriormente ocuparam a região. Não se sabe ao certo, porém, quando exatamente ele foi construído.
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Dramas orientais
Palmira tinha muitas características de uma cidade greco-romana: as colunas, as termas e também o anfiteatro. No palco dele, que era a fachada de um palácio, eram encenados dramas orientais. As peças, escritas em aramaico, se perderam. O teatro também era usado como palco de lutas de gladiadores e de animais.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Marczok
Fórum da classe alta
Estas colunas da ágora, o espaço público central da cidade, ostentavam 200 estátuas que homenageavam as figuras mais poderosas da elite de Palmira. Na parte sudoeste da ágora estão as ruínas de uma construção que possivelmente serviu para as reuniões do conselho da cidade. Dele faziam parte as mais influentes famílias de comerciantes, aquelas que definiam os rumos de Palmira.
Foto: picture-alliance/Robert Harding World Imagery/C. Rennie
Túmulos luxuosos
Do lado de fora da cidade há vários mausoléus. Famílias importantes construíam torres altas, com espaço para os mortos de várias gerações. As últimas moradas de alguns representantes dessas famílias são sarcófagos ricamente ornamentados. Há ainda diversos sepulcros subterrâneos, adornados com afrescos. As sepulturas são um testemunho do cotidiano e das riquezas dos tempos áureos.
Foto: Imago/A. Schmidhuber
Ameaçada pela guerra
No século 3, Palmira se tornou uma base militar. A queda da rainha Zenóbia deu origem a uma reviravolta no poder. Os tempos áureos ficaram para trás, o brilho da cidade começou a ser apagado pela areia. Desde 2001, as ruínas sofrem as consequências da guerra civil na Síria. A nova ameaça são os jihadistas do "Estado Islâmico".