Fotos mostram atividade em fábrica norte-coreana de mísseis
9 de março de 2019
Fotografias aumentam temor de retomada de lançamentos após cúpula fracassada entre Trump e Kim Jong-un. Presidente dos EUA afirma que ficará "decepcionado" se ditador prosseguir com testes nucleares.
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Fotos de satélite analisadas neste sábado (09/03) por especialistas mostram atividade recente em uma instalação de montagem de mísseis norte-coreanos, aumentando as especulações sobre um possível lançamento após a fracassada cúpula de Hanói.
As imagens, analisadas pelo especialista em proliferação no Instituto de Estudos Internacionais de Middlebury, Jeffrey Lewis, e postadas em sua conta do Twitter, mostram atividade na chamada usina de Sanumdong, localizada no distrito de Ryongsong, em Pyongyang.
As fotografias mostram uma concentração de veículos em frente ao centro de montagem e um trem estacionado e guindastes erguidos no centro de carregamento próximo, usado para transportar projéteis e componentes.
As imagens parecem confirmar o que o diretor do Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul, Suh Hoon, informou a um grupo de parlamentares na última quinta-feira: que a Coreia do Norte pode estar preparando um novo lançamento.
No entanto, as imagens de Sanumdong, onde acredita-se ter sido fabricado o míssil intercontinental (ICBM), o mais sofisticado do regime, foram tiradas no último dia 22 de fevereiro, quase uma semana antes que da cúpula entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, em Hanói (Vietnã), terminasse em fracasso.
Por sua vez, muitos especialistas acreditam que o regime poderia estar preparando o lançamento de um satélite a bordo de um foguete e não um míssil, depois que também se detectasse recentemente atividade na base de lançamento espacial norte-coreana de Sohae.
Em todo caso, as Nações Unidas sempre consideraram que os lançamentos espaciais de Pyongyang são na verdade testes disfarçados de mísseis balísticos intercontinentais – que usam tecnologia semelhante a de um foguete espacial.
Com estes preparativos, o regime poderia estar tentando pressionar os EUA a retomar o diálogo o mais rápido possível após a reunião em Hanói, entre o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, e o presidente americano, Donald Trump, chegar ao fim sem acordo.
Na sexta-feira, a Coreia do Norte admitiu pela primeira vez, através da sua agência de notícias oficial, o fracasso da recente reunião entre Kim Jong-un e Trump.
"A opinião pública aqui e no estrangeiro (...) lamenta, acusando os Estados Unidos pela reunião que foi concluída sem um acordo", escreve em editorial a agência KCNA, que até ao momento não tinha mencionado o fracasso do encontro entre os dois dirigentes em 28 fevereiro.
No mesmo dia, Trump disse que ficaria decepcionado se a Coreia do Norte retomasse testes de armas nucleares. "Eu ficaria surpreso de uma forma negativa se ele fizesse algo que não fosse do nosso conhecimento. Mas vamos ver o que acontece", disse Trump a repórteres na Casa Branca. "Eu ficaria muito decepcionado se soubesse de testes."
JPS/efe/afp/lusa
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Família governa a Coreia do Norte desde a fundação do país, há quase sete décadas, com um culto quase divino às personalidades de Kim Il-sung, Kim Jong-il e Kim Jong-un.
Foto: picture alliance / dpa
Um jovem líder
Kim Il-sung, o primeiro e "eterno" presidente da Coreia do Norte, assumiu o poder em 1948 com o apoio da União Soviética. O calendário oficial do país começa no seu ano de nascimento, 1912, designando-o de "Juche 1", em referência ao nome da ideologia estatal. O primeiro ditador norte-coreano tinha 41 anos ao assinar o armistício que encerrou a Guerra da Coreia (foto).
Foto: picture-alliance/dpa
Idolatria
Após a guerra, a máquina de propaganda de Pyongyang trabalhou duro para tecer uma narrativa mítica em torno de Kim Il-sung. A sua infância e o tempo que passou lutando contra as tropas japonesas nos anos 1930 foram enobrecidas para retratá-lo como um gênio político e militar. No congresso partidário de 1980, Kim anunciou que seria sucedido por seu filho, Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo
No comando até o fim
Em 1992, Kim Il-sung começou a escrever e publicar sua autobiografia, "Memórias – No transcurso do século." Ao descrever sua infância, o líder norte-coreano afirmou que ao 6 anos participou de sua primeira manifestação contra os japoneses e, aos 8, envolveu-se na luta pela independência. As memórias permaneceram inacabadas com a sua morte, em 1994.
Foto: Getty Images/AFP/JIJI Press
Nos passos do pai
Depois de passar alguns anos no primeiro escalão do regime, Kim Jong-il assumiu o poder após a morte do pai. Seus 16 anos de governo foram marcados pela fome e pela crise econômica num país já empobrecido. Mas o culto de personalidade em torno dele e de seu pai, Kim Il-sung, cresceu ainda mais.
Foto: Getty Images/AFP/KCNA via Korean News Service
Nasce uma estrela
Historiadores acreditam que Kim Jong-il nasceu num campo militar no leste da Rússia, provavelmente em 1941. Mas a biografia oficial afirma que o nascimento dele aconteceu na montanha sagrada coreana de Paekdu, exatamente 30 anos após o nascimento de seu pai, em 15 de abril de 1912. Segundo uma lenda, esse nascimento foi abençoado por uma nova estrela e um arco-íris duplo.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Problemas familiares
Kim Jong-il teve três filhos e duas filhas com três mulheres, até onde se sabe. Esta foto de 1981 mostra Kim Jong-il sentado ao lado de seu filho Kim Jong-nam, fruto de um caso com a atriz Song Hye-rim (que não aparece na foto). A mulher à esquerda é Song Hye-rang, irmã de Song Hye-rim, e os dois adolescentes são filhos de Song Hye-rang. Kim Jong-nam foi assassinado em 2017.
Foto: picture-alliance/dpa
Procurando um sucessor
Em 2009, a mídia ocidental informou que Kim Jong-il havia escolhido seu filho mais novo, Kim Jong-un, para assumir a liderança do regime. Os dois apareceram juntos numa parada militar em 2010, um ano antes da morte de Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo/V. Yu
Juntos
Segundo Pyongyang, a morte de Kim Jong-il em 2011 foi marcada por uma série de acontecimentos misteriosos. A mídia estatal relatou que o gelo estalou alto num lago, uma tempestade de neve parou subitamente e o céu ficou vermelho sobre a montanha Paekdu. Depois da morte de Kim Jong-il, uma estátua de 22 metros de altura do ditador foi erguida próxima à de seu pai (esq.) em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Passado misterioso
Kim Jong-un manteve-se fora de foco antes de subir ao poder. Sua idade também é motivo de controvérsia, mas acredita-se que ele tenha nascido entre 1982 e 1984. Ele estudou na Suíça. Em 2013, ele surpreendeu o mundo ao se encontrar com Dennis Rodman, antiga estrela do basquete americano, em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Um novo culto
Como os dois líderes antes dele, Kim Jong-un é tratado como um santo pelo regime estatal totalitário. Em 2015, a mídia sul-coreana reportou sobre um manual escolar que sustentava que o novo líder já sabia dirigir aos 3 anos. Em 2017, foi anunciado pela mídia estatal que um monumento em homenagem a ele seria construído no Monte Paekdu.
Foto: picture alliance/dpa/Kctv
Um Kim com uma bomba de hidrogênio
Embora Kim tenha chegado ao poder mais jovem e menos conhecido do público que seu pai e seu avô, ele conseguiu manter o controle do poder. O assassinato de seu meio-irmão Kim Jong-nam, em 2017, serviu para cimentar sua reputação externa de ditador impiedoso. O líder norte-coreano também expandiu o arsenal de armas do país.