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Migração

6 de abril de 2009

A crise econômica mundial está fazendo com que a grande leva de latino-americanos, que deixou o continente na metade da década de 1990 rumo à Europa, tome o caminho de volta para casa.

Governos europeus apoiam retorno de imigrantesFoto: AP

Na Europa, a Itália e a Espanha foram, na década de 1990, os destinos preferidos de imigrantes sul-americanos, que procuravam melhor sorte no Velho Continente.

Segundo dados da Secretaria espanhola de Imigração e Emigração, cerca de 4 mil desempregados já se inscreveram no chamado plano de retorno voluntário, criado pelo governo espanhol e em vigor desde novembro de 2008. Destes inscritos, 1.688 são do Equador, 713 da Colômbia e 393 da Argentina.

Nos últimos anos, o crescimento e a rotatividade da população estrangeira na Espanha foram avassaladores. No começo da década de 1990, a maior parte dos 360 mil estrangeiros registrados no país era composta por britânicos (13,9%), marroquinos (13,7%) e alemães (8%). Em 2002, o número de estrangeiros subiu para mais de 1,3 milhão de imigrantes, um total composto por marroquinos (21,3%), equatorianos (8,7%) e colombianos (5,4%).

Os números de 2008 apontaram que, após a admissão de países do Leste Europeu na UE, de um total de quase 4,5 milhões de imigrantes, a quantidade de romenos (715.700) superou a de marroquinos (681.829), seguidos de equatorianos (387.927) e colombianos (259.946).

Mudanças vertiginosas

Crise no setor imobiliário afetou mercado de trabalho espanholFoto: APTN

Yaneth Cadena, jornalista colombiana que vive há nove anos em Barcelona, apresentava um programa de televisão direcionado a imigrantes. A crise, no entanto, obrigou o canal a cortar pessoal, conta Cadena à Deutsche Welle.

Segundo ela, num determinado momento uma leva de imigrantes latino-americanos encontrou oportunidades de trabalho na Espanha. No entanto, as mudanças nas estruturas sociais espanholas foram vertiginosas, acresce a jornalista.

"Anteriormente, quando íamos tratar da documentação, eram somente duas pessoas fazendo fila. Há três ou quatro anos, as pessoas já tinham que dormir ali para conseguir seus documentos. Vieram então as anistias pelas quais os imigrantes puderam legalizar sua situação, optar por trabalho digno e ter direito a seguro-desemprego", relata Cadena.

No caso da Espanha, os anos da grande leva de imigração latino-americana coincidiram com uma boa fase para o ramo da construção civil. Muitos imigrantes encontraram emprego nesse setor do mercado de trabalho, como também nos serviços domésticos.

Plano de retorno voluntário

Gloria Carbo Proaño, encarregada de assuntos consulares na Embaixada do Equador em Berlim, explica que o problema é grave, porque foi justamente o setor imobiliário o que mais sofreu com a crise. Mas também o setor de serviços foi atingido, já que em tempos de dinheiro curto, os gastos com serviços são os primeiros a serem cortados. "Principalmente na Itália e na Espanha, países de maior imigração, os imigrantes sul-americanos estão sentido tais efeitos", explica Carbo Proaño.

Para enfrentar a situação, o plano de retorno voluntário dos espanhóis oferece a imigrantes – que trabalhavam de forma legal, pagavam encargos sociais e querem retornar ao seu país – um montante correspondente ao seguro-desemprego, acrescido de uma ajuda complementar para o translado ao país de origem.

A condição é deixar a Espanha em um prazo máximo de 30 dias, contados a partir da data do recebimento da primeira ajuda do governo. A segunda parcela é recebida em casa. Os familiares do imigrante também têm que retornar. Caso contrário, não poderão mais voltar à Espanha para morar ou exercer qualquer tipo de atividade remunerada. Esse plano de retorno vale para países com os quais existam convênios bilaterais com a Espanha, como é o caso de 11 nações latino-americanas.

Imigrantes sul-americanos na Alemanha

Quanto à Alemanha, a funcionária da embaixada do Equador em Berlim explica que os imigrantes de seu país estão numa situação um pouco singular. A grande maioria dos imigrantes equatorianos no país está constituída por estudantes, que resolveram ficar e dispõem de trabalho. Ou por pessoas que se casaram com cidadãos alemães.

Segundo Carbo Proaño, não existe na Alemanha o fenômeno do imigrante equatoriano trabalhador, como acontece em grande escala na Itália ou Espanha. Pelo idioma e pelo clima, a imigração na Alemanha tem outro aspecto. Isso não quer dizer que não haja imigrantes que chegaram com a leva de imigração entre 1999-2000, explica.

Segundo dados de 2008 do Departamento Federal de Estatísticas da Alemanha, vivem no país atualmente por volta de 73 mil imigrantes sul-americanos. A maior parte deles é composta pelos cerca de 32 mil brasileiros, 10 mil colombianos, 9 mil peruanos e 4,5 mil equatorianos. Na Alemanha, o contingente feminino entre os imigrantes brasileiros é quase três vezes maior do que o masculino.

Autora: Mirra Banchón/Carlos Albuquerque

Revisão: Soraia Vilela

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