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Imigrantes viram esperança para economia alemã

Sabine Kinkartz | Kate Brady md
10 de maio de 2019

Projeto para facilitar imigração de profissionais de fora da UE pode ajudar a suprir falta de mão de obra. País necessita de cerca de 1,2 milhão de profissionais qualificados.

Centro de auxílio de emprego em Munique: falta mão de obra na Alemanha
Centro de auxílio de emprego em Munique: falta mão de obra na AlemanhaFoto: picture-alliance/dpa/J. Stratenschulte

Suhl é uma pequena cidade no meio da Alemanha, no estado da Turíngia, no lado que pertencia antigamente à Alemanha Oriental. Desde a queda do Muro, ela experimenta um declínio contínuo. Um terço dos habitantes se mudou. Agora apenas 35 mil pessoas vivem na cidade. A média de idade é superior a 50 anos. É a "cidade mais velha" da Alemanha.

Isso tem consequências: as pensões ficam cada vez mais baixas, faltam planos de aposentadoria, e a mão de obra fica cada vez mais escassa. Agora, um projeto em Suhl, apoiado pela Câmara de Comércio e Indústria da Turíngia, quer aliviar a escassez de trabalhadores qualificados através de uma cooperação com jovens trabalhadores vietnamitas.

Um deles é Cao Quang Truong. Ele mora na Alemanha há oito meses e está fazendo curso profissionalizante para se tornar operário de construção. O jovem de 22 anos diz estar feliz com a oportunidade.

"Meus colegas são ótimos. Às vezes, o trabalho é bem duro, mas depois todos rimos juntos e isso é motivador", diz. Após seu curso, ele quer ficar em Suhl. Mas isso não é tão fácil. Porque o vietnamita precisaria de uma autorização de residência permanente, que não é assim tão fácil de conseguir.

Quase 11 milhões de pessoas sem passaporte alemão vivem na Alemanha. Todos os anos, mais de 100 mil estrangeiros se tornam cidadãos alemães. Mesmo assim, nas últimas décadas, a Alemanha nunca se considerou como um país de imigração. Isso deve mudar agora. Uma nova lei visa facilitar a imigração para trabalhadores qualificados de fora da UE.

No Parlamento alemão, o Bundestag, deputados debateram o projeto pela primeira vez nesta quinta-feira (09/05). O texto estipula que, na Alemanha, os trabalhadores qualificados, mesmo de países de fora da UE, também podem trabalhar caso tenham um contrato de trabalho e uma qualificação reconhecida. A restrição a determinadas profissões será abolida, assim como a condição de que não haja cidadãos alemães ou da UE que possam ocupar a mesma vaga de emprego pretendida pelo cidadão de país de fora da UE. No entanto, este tipo de procedimento deverá poder ser reintroduzido temporariamente a nível regional.

Quem tiver qualificação e falar bem alemão poderá permanecer na Alemanha por período máximo de seis meses para procurar emprego. Isso só é permitido até agora para estrangeiros que acabaram de se graduar na Alemanha. Entretanto, o estrangeiro candidato a emprego deverá ter que provar ter capacidade para se sustentar e não terá direito aos benefícios sociais destinados a desempregados alemães. Esta lei deve ser testada durante cinco anos.

O ministro alemão do Interior, Horst Seehofer, classificou a medida como uma ação importante rumo a uma "política de migração moderna", acrescentando que o governo alemão, com essa nova lei, poderá criar as condições para garantir que os profissionais de que a economia alemã "necessita tão urgentemente" entrem no país "de forma controlada e ordenada".

Atualmente, a economia alemã sofre com a falta de cerca de 1,2 milhão de profissionais qualificados. A situação é especialmente dramática nas áreas de cuidados para idosos e de construção.

Debate acalorado

O debate no Bundestag ocorreu de forma acalorada. Enquanto os parlamentares do Partido Liberal (FDP), do A Esquerda e do Partido Verde acusaram o projeto de lei de não ir longe o suficiente, os populistas de direita da Alternativa para a Alemanha (AfD) rejeitaram os planos do governo, argumentando que a Alemanha não necessita de mais estrangeiros.

O projeto prevê também uma flexibilização das regras para estrangeiros que não têm permissão de residência na Alemanha, como os que têm obrigação de sair do país mas não podem ser deportados. O pré-requisito para isso é que a pessoa em questão trabalhe por mais de 35 horas por semana por pelo menos um ano e meio, garantindo, assim, seu sustento. Além disso, ela deve ser capaz de falar "suficientemente" alemão, como diz o projeto, e ter ficha policial limpa.

A coalizão de governo alemã, formada pelos conservadores União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU) e o Partido Social-Democrata (SPD), já havia aprovado a lei de imigração de mão de obra qualificada emdezembro de 2018. O projeto só começou a ser debatido agora no Bundestag devido a resistências de CDU e CSU. Os partidos conservadores condicionam a aprovação do projeto a novas regras para facilitar a deportação de estrangeiros ilegais.

A ideia é apoiada pela Federação Alemã de Cidades e Municípios. Seu diretor-geral, Gerd Landsberg, alertou o governo federal para possíveis casos de estrangeiros que não consigam encontrar empregos e, após a busca infrutífera, também não retornem voluntariamente a seus países.

Já para a Câmara de Comércio da Turíngia, no entanto, a lei de imigração de trabalhadores qualificados é absolutamente necessária. Só então projetos como o realizado em Suhl podem também ser realizados com sucesso em todo o país. Para a pequena cidade da Turíngia, a nova lei é uma espécie de última esperança. Segundo estatísticas governamentais, se nada mudar, Suhl pode ter em 2030 apenas 27,4 mil habitantes.

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