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Imprensa alemã: corrupção e crise motivaram protestos

Roberto Crescenti17 de agosto de 2015

Jornais destacam participação de "centenas de milhares de pessoas" em manifestações contra a presidente e o PT. "Frankfurter Allgemeine" noticia presença de políticos do PSDB e afirma que público caiu em relação a março.

Foto: Getty Images/AFP/E. Sa

A imprensa europeia deu destaque aos protestos ocorridos em mais de cem cidades brasileiras neste domingo (16/08). Os escândalos de corrupção e a crise econômica foram apontados como os grandes motivadores das manifestações, convocadas através das redes sociais.

Destaques também para as "centenas de milhares de pessoas" que pediram a renúncia da presidente Dilma Rousseff, a presença de políticos do PSDB e a menor intensidade dos protestos em relação à manifestação de março.

Alemanha

A revista alemã Focus destacou que "centenas de milhares de brasileiros expressaram seu descontentamento com um dramático escândalo de corrupção" e lembrou que uma pesquisa recente indica que 66% da população defende a saída de Dilma da Presidência. Os protestos, afirmou a Focus, também foram dirigidos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na "terceira onda de protestos neste ano", muitos cidadãos demonstraram sua revolta com os escândalos de corrupção e com a situação econômica, que resultou em alta da inflação e queda do consumo, afirmou a revista.

O jornal Die Welt lembrou que os protestos ocorreram poucos dias antes da visita da chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, ao Brasil, e colocou o escândalo da Petrobras, que envolve "dezenas de membros do partido governista", como o principal motivo da insatisfação dos manifestantes.

A publicação ressaltou também que não pesa nenhuma acusação de corrupção contra Dilma, apesar de ela ter liderado o conselho de administração da empresa durante a época em que houve as maiores suspeitas de suborno na instituição.

O diário Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ) mencionou a perda de intensidade dos protestos deste domingo em relação aos de março. Por outro lado, o FAZ destacou que, pela primeira vez, o PSBD, o maior partido de oposição, participou das manifestações contra o governo, contando com a presença de Aécio Neves, o candidato derrotado por Dilma nas últimas eleições presidenciais.

O FAZ também afirmou que, apesar dos pedidos, um fim prematuro do mandato de Dilma continua parecendo distante. Nos últimos dias, até a Rede Globo, que "tradicionalmente critica duramente Dilma e o PT", publicou um editorial contra o afastamento da presidente, lembrou o correspondente do jornal.

O site alemão Spiegel Online destacou a corrupção e a crise econômica como os princiais motivos dos protestos, e citou pesquisas de opinião que apontam que 66% da população defendem a saída da presidente do cargo.

França

O francês Le Monde deu destaque para o sentimento generalizado dos manifestantes contra as forças de esquerda do país, e lembrou o "panelaço" ocorrido durante o programa do PT, transmitido em rede nacional, em São Paulo, que chamou de "cidade rica onde a exasperação é, sem dúvida, mais visível do que em outros locais".

O jornal Libération destacou que Dilma está na "linha de tiro" do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que infligiu "reveses dolorosos" à presidente no primeiro semestre, mas que a presidente ganhou um "sopro de oxigênio" com o apoio à Dilma expressado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, do PMDB, partido que "tem um pé na maioria governista e outro na oposição".

Reino Unido

O jornal britânico The Guardian ressaltou que uma minoria dos manifestantes defendeu uma intervenção militar caso a presidente se recuse a deixar o cargo e afirmou que o PT, há mais de 12 anos no poder, foi acusado de institucionalizar a corrupção.

O Guardian destacou que mais de 50 políticos brasileiros, "na maioria, da coalizão governista", foram acusados de envolvimento no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.

O Financial Times afirmou que uma "atmosfera carnavalesca caracterizou a maioria das manifestações", mobilizadas em grande parte através das redes sociais, e citou analistas que diziam que a maior ameaça para Dilma não são os protestos, mas sim a "contínua investigação de corrupção na Petrobras". O jornal destacou que a presidente se recusa a renunciar, e que investigadores independentes não apresentaram provas contra ela.

Espanha

O espanhol El País reportou que, em razão dos escândalos de corrupção que "saem à luz diariamente" no Brasil, as manifestações ganharam as ruas de quase 150 cidades brasileiras.

O jornal destacou que "todas as pesquisas asseguram que a maioria dos brasileiros deseja a destituição" de Dilma, mas alertou que a população já não está mais tão segura sobre a "eficácia de uma queda da presidente". O motivo seria que não se sabe ao certo quais alternativas a oposição ou o vice-presidente, Michel Temer, poderiam oferecer caso Dilma viesse a deixar o cargo. O pessimismo no Brasil é "unânime e generalizado", afirmou o El País.

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