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Imprensa alemã festeja "o maior campeão de todos os tempos"

23 de outubro de 2020

No aniversário da maior lenda do futebol mundial, jornais alemães relembram grandes momentos de sua carreira, destacando a habilidade, a "leveza inimitável" e a "técnica brilhante" do "deus do futebol".

Pelé em 2012, no aniversário de 100 anos do Santos
Pelé em 2012, no aniversário de 100 anos do SantosFoto: Imago/Zuma/

FAZ: "O brasileiro perfeito" (23/10)

Seu nome inesquecível, ele já ganhou nos tempos de escola. Como ele pronunciava o nome de seu jogador favorito – Bilé, do Vasco da Gama – de forma muito efusiva, seus companheiros de equipe o chamaram de Pelé. Hoje esse nome é uma marca mundo afora. O tricampeão mundial de 1958, 1962 e 1970 é identificado como nenhum outro com a época em que o Brasil se tornou uma potência mundial do futebol. E Pelé era "O Rei".

No triunfo por 4 a 1 contra a Itália na final de 1970, quando ele usou sua leveza inimitável para preparar um dos gols mais bonitos da história das Copas do Mundo, as cores amarela e azul do uniforme brasileiro brilharam nas telas pela primeira vez para muitas pessoas.

A seleção de 1970 foi também a que se tornou o fardo do futebol brasileiro. Pois com Pelé no comando, ela celebrava o futebol como uma obra de arte. Quase nenhuma geração que veio depois conseguiu alcançar tal técnica, leveza e beleza. A grande estrela de hoje, Neymar, fica a uma boa distância de um Pelé. 

Especialmente por parte da comunidade afro-brasileira houve críticas ocasionais no passado. Pelé poderia ter usado mais sua celebridade e sua presença na mídia para abordar as questões de seus compatriotas afetados pelo racismo estrutural. Mas Pelé não era e não é um político. Ele é um jogador de futebol que ama o jogo e não quer deixar que este amor seja destruído.

Sport Bild: "O maior campeão mundial de todos os tempos!” (21/10)

Ainda hoje, Pelé fica arrepiado quando vê as emocionantes fotos de 29 de junho de 1958 do estádio Råsunda, perto de Estocolmo. Então com 17 anos de idade, ele se apoiou no ombro do colega Gilmar e chorou. O Brasil tornou-se campeão mundial pela primeira vez, com uma vitória de 5 a 2 sobre a anfitriã Suécia, e Pelé se tornou uma estrela mundial da noite para o dia. Nesse dia nasceu o deus do futebol Pelé.

Nesta sexta-feira, 23 de outubro, Pelé completa 80 anos de idade. Ao falar sobre sua gloriosa carreira, seus olhos castanhos escuros brilham. "Nunca pensei que me tornaria alguém grande", admite.

Um grande? Ele se tornou o maior. Pelé venceu a Copa do Mundo três vezes (1958, 1962 e 1970) com a Seleção – um feito que nenhum outro jogador conseguiu até hoje. Ele ganhou a Copa Intercontinental duas vezes, a Libertadores duas vezes e o Campeonato Brasileiro seis vezes com o Santos e se tornou campeão da NASL Soccer Bowl com o Cosmos New York. "Eu me tornei campeão mundial, por assim dizer, cinco vezes. Três vezes com a Seleção, duas vezes com o Santos. Sou eternamente grato a Deus por tudo isso não ser esquecido quando eu não estiver mais aqui", diz Pelé.

Mas o que tornou Edson Arantes do Nascimento, como é o verdadeiro nome de Pelé, tão extraordinário? Ele era um atacante sem pontos fracos: sua técnica e seus truques eram brilhantes. Ele era incrivelmente rápido e ágil.

Além disso, ele era ambidestro e, apesar de sua altura de apenas 1,73 m, era incrivelmente bom ao cabecear. A prova de sua capacidade de fazer gols: Pelé marcou 1.281 gols em 1.363 jogos.

Die Welt: "Até a bola pediu um autógrafo a Pelé" (23/10)

Pelé faz 80 anos nesta sexta-feira. É uma idade perigosa, porque, nestes tempos apressados, uma lenda de 80 anos é um cadáver para muitos jovens. Eles só conhecem Messi e Ronaldo ou, na melhor das hipóteses, Maradona.

Vídeos impedem que as manobras acrobáticas que Pelé apresentou ao mundo caiam no esquecimento. As imagens brilhantes desse menino de 17 anos na final da Copa do Mundo de 1958 duram oito segundos: a bola voa para a área, o jovem mágico deixa-a quicar no peito, passa como uma enguia pelo desajeitado sueco Parling, dribla o alto Gustavsson, chuta e marca o gol. A partir de então, o futebol deixou de ser apenas um jogo sobre o gramado. A partir de então, o futebol era Pelé.

"Até a bola pediu um autógrafo a Pelé", disse um repórter de rádio brasileiro naqueles dias gloriosos.

Ele era o melhor? Ele próprio nunca o disse. Pelé sempre foi mais delicado em comparação com Maradona e Messi, preferindo dizer: "Michelangelo pintou, Beethoven tocou o piano - e eu joguei futebol."

Rheinische Post: "O perfeito” (22/10)

Aos 15 anos de idade, Edson Arantes do Nascimento, a quem todos acabavam de chamar de Pelé, conseguiu seu primeiro contrato profissional com o Santos. Ele se tornou o maior jogador de futebol de todos os tempos. "Ele era perfeito", disse a lenda do futebol alemão Uwe Seeler.

No Santos, o adolescente fez parte de um dos melhores times da história do futebol brasileiro. Pelé conquistou 60 títulos com o clube. E todas as estrelas adultas perceberam cedo que tinham um talento especial ao seu lado. Um atacante completo, que sabia driblar, chutar, cabecear e, com um senso de espaço e tempo excepcional, conseguia rebaixar os adversários a figurantes. É claro que a seleção nacional não conseguiu ignorá-lo.

O garoto de 17 anos brincou com os grandes defensores. Ele empurrou a bola entre suas pernas, levantou a bola acima de suas cabeças, passou por eles e marcou gols – três somente na semifinal contra a França (5x2) e um na final contra a Suécia (5x2). Os observadores elogiaram sua "capacidade de parar o tempo na área". Seu oponente sueco Sigvard Parling ficou tão emocionado com o desempenho que disse querer aplaudi-lo depois do gol. E Johan Cruyff, certamente um dos grandes do futebol mundial, observou mais tarde: "Ele superou os limites da lógica".

Pelé continua sendo uma marca global, mesmo que suas aparições públicas estejam diminuindo. A razão para isso é sua saúde frágil. O rei perdeu grande parte de sua mobilidade de outrora. E ele sofre com isso. Seu filho Edinho falou de depressão há dois anos. Pelé coloca isso em perspectiva: "Eu tenho dias bons e outros que não são tão bons. É normal para pessoas da minha idade." Duas operações de quadril e várias infecções do trato urinário mostram os efeitos tardios de uma vida nos gramados. "Eu joguei futebol durante 30 anos", diz ele. "Deus simplesmente mandou a conta agora."

LPF/ots

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