Imprensa alemã: "Trump é exatamente o que os EUA querem"
6 de novembro de 2024
Nas primeiras análises pós-eleição, imprensa alemã tenta entender os motivos da vitória de Trump e conclui que americanos veem nele a mudança pela qual anseiam.
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Spiegel Online – Eles querem Trump
Harris era a antítese de Trump: uma mulher negra, uma política de carreira. Depois de um início bem-sucedido, a premissa de sua campanha eleitoral – de não fazer nada de errado – provavelmente deveria ter dado lugar a um plano de maior visibilidade: não se leva a melhor sobre o radical livre Trump repetindo sempre as mesmas fórmulas com um sorriso perfeito.
Porém, a nova vitória de Trump não pode ser explicada apenas pelos erros de Harris. Para a maioria dos americanos, mudança era o que eles mais queriam de seu próximo presidente. E, de acordo com as pesquisas, Trump tinha mais chances de incorporar essa mudança do que Harris.
Nesse caso, no entanto, mudança também significa que os eleitores de Trump não têm medo de tendências autoritárias, do iliberalismo que Trump cada vez mais representa. Talvez seja isso que eles queiram.
Isso também significa que eles não se importam se alguém – no caso, o presidente dos EUA – faça piadas racistas ou misóginas – ou as duas coisas juntas. Talvez eles achem isso engraçado.
Süddeutsche Zeitung – Donald Trump é exatamente o homem que os americanos querem
A vitória de Donald Trump é tão esmagadora que, num primeiro momento, cala os críticos desse homem. Os americanos o elegeram seu presidente numa eleição democrática com uma maioria tão convincente que qualquer relativização com referência ao sistema, às mentiras ou ao caráter, à estupidez de supostos caipiras cai por terra. Este país queria Donald Trump e sua promessa de liderança e força. Os Estados Unidos queriam o radicalismo, a brutalidade e a clareza que Trump exala. Trump não é um acidente de percurso na história, o país tomou uma decisão consciente. O poder dele se baseia na vontade de uma maioria aterrorizante.
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Frankfurter Allgemeine Zeitung – Por que Kamala perdeu para Trump
Há semanas era evidente que um clima de mudança estava se espalhando pelos Estados Unidos. Muitos cidadãos lutam contra a inflação e veem seu país no rumo errado. O que não estava claro era se a vice-presidente Harris, de 60 anos, ou Trump, de 78 anos, que foi presidente de 2017 a 2021, encarnava melhor a mudança.
A resposta a essa pergunta foi clara: 41% disseram numa pesquisa pós-eleitoral que o republicano traria a mudança necessária. Apenas 14% atribuíam isso a Harris.
Ela aparentemente não conseguiu marcar pontos na questão eleitoral mais importante: a política econômica. Pelo contrário: os eleitores acreditam que o ex-empresário e milionário Trump é mais competente nessa área.
Isso também explica por que um grande número de latinos migrou para o campo republicano, um grupo de eleitores que, historicamente, costumava favorecer o campo democrata e cuja importância tem aumentado constantemente nos últimos anos. Enquanto pouco mais de 14 milhões de latinos estavam aptos a votar em 2000, esse número aumentou para mais de 36 milhões. Os latinos são agora o segundo maior grupo de eleitores entre os grupos étnicos, à frente dos negros.
Die Tageszeitung – Mas por quê?
O que os democratas não quiseram ver: em quase todas as pesquisas pós-eleitorais, cerca de 70% dos entrevistados disseram estar insatisfeitos ou irritados com a situação do país. E eles não estão dizendo isso pela primeira vez, mas já há pelo menos dois anos.
Esse é um clamor por mudanças à luz do qual o tamanho da vitória de Trump até parece relativamente moderado. Explicar às pessoas que os números da economia são excelentes e que elas não deveriam estar assim não foi uma boa ideia. Com isso ninguém paga aluguel ou compra mantimentos.
as/cn (ots)
O mês de novembro em imagens
O mês de novembro em imagens
Foto: Jörg Carstensen/dpa/picture alliance
Biden pede união e promete transição pacífica nos EUA
“Você não pode amar seu país somente quando vence. Você não pode amar seu vizinho somente quando concorda. Algo que esperamos que possamos fazer, não importa em quem você votou, é nos vermos não como adversários, mas como concidadãos americanos. Reduzam a temperatura”, disse o presidente dos EUA, Joe Biden, em discurso na Casa Branca (07/11)
Foto: Ron Sachs/Pool/CNPZUMA Press Wire/IMAGO
Scholz demite ministro das Finanças e governo alemão fica por um fio
A tríplice coalizão partidária que governa a Alemanha desmoronou após o chanceler federal Olaf Scholz, do Partido Social Democrata (SPD), exonerar o ministro das Finanças, Christian Lindner, que também é presidente do Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão). Num pronunciamento na televisão, Scholz explicou as razões da demissão e dirigiu palavras duras ao ex-ministro. (06/11)
Foto: ODD ANDERSEN/AFP/Getty Images
Trump derrota Kamala e retorna à Presidência dos EUA
Donald Trump foi eleito novamente presidente dos Estados Unidos, protagonizando um retorno dramático e triunfal à Casa Branca. O republicano derrotou de maneira decisiva sua rival democrata Kamala Harris ao superar a marca de 270 votos no Colégio Eleitoral dos EUA. E, em contraste com sua vitória anterior, em 2016, Trump ainda ficou à frente no voto popular. (06/11)
Foto: Brian Snyder/REUTERS
EUA vão às urnas para escolher o novo presidente
Os EUA foram às urnas para definir quem vai comandar a maior potência econômica e militar do mundo. Na disputa estão a democrata Kamala Harris – que pode ser eleita a primeira mulher a ocupar a Casa Branca – e o republicano Donald Trump – que tenta um retorno à Presidência quase quatro anos após deixar Washington em desgraça, na esteira de uma tentativa de golpe. (05/11)
Foto: Timothy D. Easley/AP Photo/picture alliance
Morre Agnaldo Rayol aos 86 anos
Após mais de 60 anos de carreira artística, morreu o carioca Agnaldo Rayol, em consequência de uma queda em sua residência. Cantor romântico, com o auge do sucesso na década de 1960, também protagonizou telenovelas e filmes em papéis de galã, e apresentou programas próprios na TV. Descendente de imigrantes, tocou os corações de seus fãs com canções em italiano, até nos anos 90. (04/11)
Foto: Fotoarena/IMAGO
População joga lama em rei da Espanha durante protestos pós-enchentes
Uma visita do rei e da rainha da Espanha e do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, às áreas atingidas pelas enchentes em Valência, no leste do país, terminou em confusão. Uma multidão atirou lama, pedras e objetos na comitiva e hostilizou as autoridades com gritos de "assassinos". O barro atingiu o rosto do rei Felipe VI e da rainha Letizia. (03/11)
Foto: Manaure Quintero/AFP/Getty Images
Espanha intensifica busca por sobreviventes após enchente
O governo espanhol enviou 10 mil agentes de segurança para auxiliar nas buscas por desaparecidos na região de Valência, leste do país, atingida por uma enchente de grandes proporções que deixou 211 mortos nesta semana. Esse é o maior emprego de forças do Exército espanhol em tempos de paz. A inundação já é considerada a segunda mais mortal deste século na Europa. (02/11)
Foto: Alberto Saiz/AP Photo/picture alliance
Alemanha facilita mudança legal de gênero
Maiores de 18 anos poderão requerer a alteração dos registros oficiais, adotando um novo prenome e gênero, ou até eliminando a indicação de gênero. Menores acima dos 14 anos também podem recorrer às novas regras, sob aprovação paterna ou por recurso legal. Em Berlim, que tem comunidade LGBT+ atuante, cerca de 1.200 requerimentos foram apresentados no primeiro dia de vigência da nova lei. (01/11)