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Imprensa vê oportunidade perdida em discurso de Bolsonaro

23 de janeiro de 2019

Jornais da Europa e dos EUA afirmam que fala do presidente brasileiro, descrito como "Trump dos trópicos", no Fórum Econômico Mundial em Davos surpreendeu por sua curta duração e superficialidade.

Presidente Jair Bolsonaro discursa no Fórum Econômico Mundial em Davos
Discurso de Bolsonaro em Davos durou apenas oito minutos e foi seguido por sete minutos de perguntas e respostasFoto: picture-alliance/dpa/Keystone/G. Ehrenzeller

O discurso do presidente Jair Bolsonaro no Fórum Econômico Mundial em Davos nesta terça-feira (22/01) chamou a atenção da imprensa internacional por sua curta duração e pela falta de um conteúdo mais aprofundado sobre as plataformas do novo governo.

Veículos citaram as semelhanças entre o brasileiro e o presidente dos EUA, Donald Trump, se referindo a Bolsonaro como "Trump dos trópicos".

O jornal alemão Die Welt afirmou que o "mini-Trump brasileiro perdeu uma oportunidade única". Bolsonaro, diz a publicação, não tirou os olhos do teleprompter, evitando "deslizes retóricos". Mas, como desvantagem de tal estratégia, o jornal aponta que "nada do que Bolsonaro possa ter em termos de charme, humor ou calor veio à tona".   

O Welt avaliou que o presidente entregou uma sequência de frases vazias "em staccato", que poderiam ter sido tiradas de um guia para o fomento à economia local. 

Ao citar a curta duração da fala do brasileiro, o jornal mencionou que poucos no auditório não estavam contentes quando ele encerrou o discurso, "principalmente o próprio Bolsonaro".

O pouco tempo utilizado por Bolsonaro em Davos também foi destacado pelo jornal Süddeutsche Zeitung, que qualificou o discurso de "superficial e surpreendentemente curto".

"Trinta minutos foram reservados para ele, e foi pedido aos jornalistas que chegassem com horas de antecedência para garantir um lugar [no auditório]. Nada disso teria sido necessário: Bolsonaro sequer precisou de 15 minutos, e a sala não estava cheia", afirmou a publicação.

O diário alemão também comparou o brasileiro a Trump, afirmando que são muitas as semelhanças entre ambos e que, nos bastidores do fórum, Bolsonaro é chamado de "Trump dos trópicos".

O britânico The Guardian destacou em manchete que a estreia de Bolsonaro em Davos foi "ofuscada pelo crescente escândalo em torno de seu filho", o senador eleito Flávio Bolsonaro, desencadeado por operações bancárias suspeitas envolvendo um ex-assessor.

O jornal afirma que, enquanto o presidente se preparava para subir no palco, surgiam relatos na imprensa brasileira de que seu filho estaria ligado a um "esquadrão da morte chamado de Escritório do Crime". 

O escândalo envolvendo o senador eleito "contrasta com as afirmações de Bolsonaro em Davos de que vai liderar uma cruzada contra a corrupção e o crime organizado", diz o Guardian. Segundo o jornal, "observadores políticos e membros da plateia ficaram pouco impressionados com a chegada de Bolsonaro ao palco mundial".

O The New York Times abordou o discurso do presidente brasileiro com a manchete: "Bolsonaro é o rosto do populismo no Fórum de Davos". O jornal americano ressaltou que, com a ausência de Trump, o brasileiro foi o representante dos populistas no evento.

A publicação, que também menciona o apelido "Trump dos trópicos", diz que os dois líderes se assemelham pelo fato de alegarem ter chegado ao poder apesar de serem alvo de "ataques injustos" da imprensa.

Outra semelhança apontada pelo NYT é o fato de ambos utilizarem casacos de inverno em salas aquecidas. Trump fez o mesmo recentemente durante uma recepção na Casa Branca, onde serviu hambúrgueres a uma equipe de futebol americano que o visitou.

"Assim como Trump fez ao chegar a Davos no ano passado, Bolsonaro tentou suavizar a mensagem insurgente que o levou à presidência", disse o NYT.

"Com seus instintos nacionalistas, estilo de homem forte e histórico de declarações duras contra mulheres, gays e grupos indígenas, Bolsonaro é, de várias maneiras, a antítese de um 'homem de Davos'", afirmou o jornal, em referência ao termo que descreve as personalidades que comparecem ao encontro anual no resort alpino.  

O francês Le Monde avaliou que Bolsonaro "fez o mínimo para vender um novo Brasil em Davos", com um discurso que "não será um marco nos anais [do fórum], como foram os de alguns de seus antecessores".

O diário afirma que o interesse pelo brasileiro foi ampliado pela ausência de figuras de maior destaque como Trump, além do presidente da França, Emmanuel Macron, e da primeira-ministra britânica, Theresa May, "todos muito ocupados em administrar crises domésticas".

RC/ots

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