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Imprensa terá circulação restrita na posse de Bolsonaro

31 de dezembro de 2018

Ao contrário de posses anteriores, jornalistas não poderão transitar livremente pela Esplanada. Sindicato da categoria afirma que restrições limitam "a livre atuação da imprensa". 

Brasilien Nationalkongress in Brasilia
Nas posses anteriores, a circulação da imprensa era livre entre o Congresso e o Paláciod do Planalto. Foto: picture-alliance/robertharding/I. Trower

Os jornalistas brasileiros e estrangeiros, credenciados para a posse de Jair Bolsonaro, na terça-feira (01/01) terão circulação restrita, de acordo com normas divulgadas nesta segunda-feira.

Profissionais de imprensa autorizados a fazer a cobertura do evento não poderão circular na Esplanada dos Ministérios nem falar com o público que acompanhará o desfile de Bolsonaro, que sairá da Granja do Torto e passará pela Catedral de Brasília, Congresso Nacional, Palácio do Planalto e o Itamaraty.

Ao contrário do que aconteceu em cerimônias anteriores, nesta posse, o credenciamento dos meios de comunicação foi feita por setores, e jornalistas, fotógrafos e equipes de filmagem só vão poder ter acesso a um único local de cobertura. 

Assim, profissionais autorizados a acompanhar o discurso solene de Bolsonaro no Congresso Nacional não poderão entrar no Palácio do Planalto, onde acontecerá a passagem da faixa presidencial, mesmo se possuírem credencial para trabalhar em ambos os lugares. 

Nas posses anteriores, a circulação da imprensa era livre. Segundo a equipe de transição, as medidas são necessárias para reforçar a segurança no local. Em setembro, Bolsonaro foi vítima de uma facada durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG).

As restrições também se estendem às formas de acesso às diferentes etapas da posse, já que todos os profissionais da comunicação social terão de utilizar um transporte destacado pelos organizadores, que sairá da sede do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), pela manhã.

Os profissionais só poderão sair da área onde realizaram a cobertura utilizando estes veículos especiais, disponíveis apenas em horários fixos, ainda indeterminados.  Todos os profissionais também serão revistados.

Em posses anteriores, jornalistas puderam transitar entre o Congresso e o Palácio do PlanaltoFoto: Agência Brasil/W. Dias

Em comunicado, a Secretaria de Comunicação da Presidência do Brasil informou que será permitido à imprensa levar comida, mas os jornalistas não poderão transportar água, já que as garrafas foram proibidas.  O comunicado, no entanto, assegura que haverá água potável disponível nas áreas de imprensa.

Além disso, apesar de a sequência de eventos da posse começar às 14h45, a organização exigiu que os profissionais de imprensa cheguem até 7h30 no CCBB. A última cerimônia do dia, no Itamaraty, está prevista para terminar às 21h. Dessa forma, os profissionais credenciados para cobrir esse evento vão ter uma jornada de trabalho superior a 14 horas se cumprirem os horários determinados pela equipe da posse.

Diante das dificuldades impostas à cobertura jornalística da posse, o Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal (SJPDF) divulgou uma nota criticando a organização da cerimónia. Até momento, nenhum grande veículo da imprensa brasileira ou sindicato patronal se pronunciou sobre as restrições.

O SJPDF alegou que a poucos "dias da posse presidencial, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal foi surpreendido por reclamações de colegas sobre a cobertura do evento. De acordo com informações da assessoria de imprensa da equipe de transição de governo, as restrições ao público também serão aplicadas aos profissionais de imprensa escalados para trabalhar". 

O sindicato frisou que não é novidade que a cerimónia de posse ocorra, em diferentes momentos, em diferentes pontos da Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes, mas, "pela primeira vez, os jornalistas credenciados não poderão transitar entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, num ato claro que limita a livre atuação da imprensa".

Na conclusão do comunicado, o SJPDF fez um apelo ao bom senso e pediu que a equipe envolvida na organização valorize o momento da posse "como a consagração da democracia, em que o povo escolheu, por meio do voto, o governante que ficará no poder até 2022".

 "E, como toda democracia, precisa garantir o direito ao livre exercício da imprensa e a segurança dos jornalistas e radialistas envolvidos na cobertura", concluiu o Sindicato.

JPS/lusa/ots

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