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Incêndio devasta campo de refugiados na Grécia

19 de abril de 2020

Fogo que se espalhou em meio a protestos pela morte de migrante iraquiana destruiu abrigos e instalações em centro de acolhimento superlotado na ilha de Chios. Autoridades avaliam dimensão dos estragos no local.

O campo de refugiados em Chios abriga mais de 5 mil pessoas em instalações com capacidade para de em torno de mil
O campo de refugiados em Chios abriga mais de 5 mil pessoas em instalações com capacidade para de em torno de milFoto: imago images/ANE Edition/M. Karagiannis

Um incêndio em um dos maiores campos de refugiados da Grécia, iniciado na noite deste sábado (18/04) durante protestos pela morte de uma migrante iraquiana, destruiu estruturas e deixou muitas pessoas desabrigadas.

As chamas iniciadas no campo de Vial, na ilha de Chios, destruíram instalações dos serviços europeus de asilo, uma das cantinas, alguns barracões de armazenamento e diversos alojamentos, informou o secretário do Ministério da Imigração, Manos Logothetis.

"Uma grande parte dos serviços administrativos do campo foi destruída", disse o secretário, assegurando que não haver relatos de pessoas feridas.

"As autoridades ainda avaliam os danos, mas, provavelmente, algumas centenas de pessoas foram afetadas, uma vez que seus abrigos foram incendiados. Doamos às autoridades barracões que podem ser rapidamente colocados em uso e ajudaremos a substituir os locais de armazenamento", disse o porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) em Atenas, Boris Cheshirkov.

A polícia informou que dois afegãos e um iraquiano foram presos durante os distúrbios no campo, iniciados após a morte de uma iraquiana de 47 anos. Segundo a agência de notícias grega ANA, ela havia sido levada com febre para um hospital na semana passada onde foi testada para covid-19, mas o resultado foi negativo.

"Conseguimos restaurar a ordem por perto da 1 hora da madrugada [...] muitas pessoas tomaram parte nos incidentes", afirmou um policial em Chios.

Os campos de refugiados na Grécia estão sob quarentena em razão da pandemia de covid-19, enquanto as autoridades tentam manter os ocupantes do local separados dos moradores. Até o momento, o coronavírus matou 110 pessoas no país. Outras 67 estão internadas em UTIs. 

Apenas dois campos de refugiados na parte continental da Grécia registraram casos de covid-19, mas nenhuma ocorrência foi detectada nos centros de acolhimento nas ilhas.

Assim como os demais abrigos para requerentes de asilo no país, o campo de Vial está superlotado, com mais de 5 mil pessoas em instalações com capacidade para em torno de mil ocupantes.

A Grécia abriga em torno de 100 mil refugiados vindos da Turquia, que se acumularam no país após outras nações europeias fecharem suas fronteiras. Ao todo, 36 mil refugiados estão em campos instalados nas ilhas gregas próximas ao território turco, que foram projetados para acolher 6,1 mil pessoas.

Na semana passada, a União Europeia (UE) deu início a um programa para realocar 1,6 mil menores desacompanhados abrigados na Grécia, que serão levados para outras nações do continente.

Neste sábado, a Alemanha recebeu o primeiro grupo composto por 47 crianças e adolescentes desacompanhados vindos do Afeganistão, Síria, Iraque e Eritreia. Após quarentena, eles serão transferidos para vários estados do país.

RC/afp

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