Incêndio destrói 10 mil hectares na Chapada dos Veadeiros
9 de setembro de 2024
ICMBio, Ibama e Corpo de Bombeiros de Goiás trabalham para conter as chamas numa das principais áreas de preservação do cerrado. Trabalho das equipes é prejudicado pelo difícil acesso até a linha de fogo.
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Um incêndio no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros já destruiu 10 mil hectares do bioma, comunicou neste domingo (08/09) a administração da unidade de preservação do local. O parque, em Goiás, é uma das principais áreas de preservação do cerrado.
A administração do parque afirmou não saber "o que ou quem" provocou o incêndio, iniciado na última quinta-feira, e acrescentou que o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o PrevFogo, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), trabalham juntamente com o Corpo de Bombeiros Militar de Goiás para conter as chamas.
As equipes de combate ao fogo disseram que dois aviões do ICMBio atuam na região. A chefe do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV), Nayara Stachesk, disse ao portal de notícias G1 que os aviões são utilizados para lançar água, enquanto os brigadistas atuam na linha do fogo.
A Rede Contrafogo, que articula brigadas de voluntários, e o Instituto Biorregional do Cerrado (IBC) também atuam na região. Segundo Stachesk, são mais de 55 brigadistas e voluntários trabalhando no combate às chamas.
"Estão na linha cerca de 25 brigadistas do ICMBio, 25 do PrevVogo, cinco bombeiros militares e dois voluntários. Hoje devem entrar outros cinco voluntários da Aliança da Terra", disse.
"A linha está num lugar de difícil acesso. A gente não está deixando a linha sem ninguém, mas isso cansa muito o brigadista, que tem que andar 10, 20 quilômetros para chegar até o fogo", disse a chefe do PNCV. Ela explicou que o Corpo de Bombeiros não pôde enviar um helicóptero porque a aeronave teve um acidente em julho deste ano.
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Incêndio deve aumentar
A linha de fogo está localizada entre o chamado Paralelo 14 e Simão Correa. O trânsito da rodovia GO-118, que liga Alto Paraíso de Goiás a Teresina de Goiás foi interrompido no sábado.
Mesmo que alguns focos de incêndio da região já tenham sido debelados, Stachesk alerta que o incêndio não foi controlado e ainda deve aumentar.
O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, conhecido como "berço das águas", está sob risco de perder cerca de 34% do fluxo dos rios até 2050, segundo um estudo realizado pelo Instituto Cerrados.
De acordo com monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram detectados, até este sábado, 48.966 focos de queimada no bioma em 2024, números que ficam atrás apenas da Amazônia, com 79.175 focos.
A seca recorde no Brasil e possíveis ações criminosas fizeram com que os incêndios florestais nas últimas semanas acumulassem 152.383 focos, uma quantidade 103% maior que a do mesmo período em 2023.
rc/as (EBC/ots)
Os devastadores incêndios florestais no Brasil
Fogo da Amazônia a São Paulo: agosto respondeu por quase metade da área queimada no Brasil ao longo de 2024.
Foto: JOEL SILVA/REUTERS
Metrópoles cobertas de fumaça
Somente no dia 24 de agosto de 2024, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou cerca de 5 mil incêndios no Brasil. Várias cidades que concentram milhões de habitantes ficaram totalmente cobertas por nuvens densas de fumaça, incluindo Manaus (foto), no Amazonas. Na Amazônia, foram contabilizados 1,7 mil incêndios, e muitas cidades decretaram situação de emergência.
Foto: Bruno Kelly/REUTERS
A dimensão da catástrofe ambiental
A fumaça se espalhou por mais de 4 mil quilômetros, da região amazônica, no Norte, passando pelo Pantanal, no Centro-Oeste, e chegando a uma das regiões agrícolas mais importantes do país, no sudeste do estado de São Paulo.
Foto: CARLOS FABAL/AFP/Getty Images
Por um triz
O fogo que se espalhava numa plantação próxima a um condomínio de luxo em São Paulo foi controlado pouco antes de as chamas atingirem as casas. De acordo com as autoridades, os incêndios deixaram pelo menos duas pessoas mortas no estado e destruíram mais de 20 mil hectares em menos de uma semana. O governo paulista estima um prejuízo de R$ 935 milhões.
Foto: Joel Silva/REUTERS
Incêndios criminosos
Na maioria dos casos, as chamas são provocadas intencionalmente. Práticas de queimadas ilegais são usadas para abrir áreas para agricultura e pecuária. A Polícia Federal e as autoridades ambientais investigam dezenas de casos. Três pessoas foram detidas no penúltimo fim de semana de agosto de 2024.
Foto: JOEL SILVA/REUTERS
Pior caso em 17 anos
Manaus, capital do Amazonas, foi coberta por fumaça no dia 27 de agosto. Esses são os piores incêndios registrados na Amazônia nos últimos 17 anos, com mais de 60 mil casos desde o começo do ano. A região amazônica como um todo enfrenta uma grave seca, que os especialistas acreditam estar relacionada com os efeitos do El Niño e das mudanças climáticas.
Foto: Edmar Barros/AP Photo/picture alliance
Seca recorde
Os incêndios são agravados pela seca. Bancos de areia estão aparecendo no Rio Madeira, um afluente do Rio Amazonas. Os níveis do rio vêm diminuindo desde o começo de junho, um mês antes do habitual, dificultando o acesso das vilas e cidades da região a suprimentos básicos. As autoridades temem que a atual seca seja ainda mais intensa que a de 2023, que já havia sido recorde.
Foto: EVARISTO SA/AFP/Getty Images
Agosto responde por metade da área queimada em 2024
De acordo com o Monitor do Fogo da plataforma MapBiomas, 56.516 km² foram queimados no Brasil em agosto, quase metade do total de 113.960 km² atingidos pelo fogo no país em 2024. A área queimada em oito meses equivale a mais que o dobro da registrada no mesmo período de 2023 (52.519 km²). Este foi o pior agosto desde que o MapBiomas iniciou as medições, em 2019.
Foto: Eraldo Peres/AP/picture alliance
São Paulo: metrópole com a pior qualidade de ar no mundo
Em setembro, São Paulo foi considerada por vários dias seguidos a grande cidade mais poluída do mundo pela agência de monitoramento IQAir. A fumaça vinda de focos de queimada na Amazônia e no interior do estado mudou a cor do céu paulistano. A Defesa Civil de São Paulo afirmou no dia 9 de setembro que quase todo o estado estava em situação de emergência para incêndios.
Foto: Paulo Lopes/ZUMA/picture alliance
Brasil concentra três quartos dos incêndios da região
Em 10 de setembro, o Inpe afirmou que, em 24 horas, o Brasil concentrou 75,9% das áreas afetadas pelo fogo em toda a América do Sul. Uma missão humanitária composta por 62 bombeiros do Brasil foi designada para combater incêndios florestais na faixa de fronteira com a Bolívia, que ameaçam atingir o Pantanal brasileiro.
Os incêndios estão sendo considerados um revés político para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que prometeu proteger a Amazônia e combater o desmatamento ilegal até 2030. Sob o governo antecessor do ex-presidente Jair Bolsonaro, a destruição da Amazônia alcançou patamares recordes.