Incêndio florestal ameaça detonar munições da Segunda Guerra
1 de julho de 2019
Bombeiros evacuam vilarejos e lutam contra as chamas no leste da Alemanha. Fogo, que já atingiu mais de 400 hectares de floresta, se aproxima de terreno onde há toneladas de explosivos da antiga marinha nazista.
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Cerca de 400 bombeiros e soldados das Forças Armadas da Alemanha trabalham nesta segunda-feira (01/07) para combater um dos maiores incêndios florestais já registrados no estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, no leste do país.
Até o início da tarde, o incêndio já havia afetado 430 hectares de floresta a cerca de 50 quilômetros a sudoeste da cidade de Schwerin. Agora as autoridades temem que as chamas invadam uma antiga área militar onde estão enterradas toneladas de antigas munições, muitas delas da época da Segunda Guerra Mundial.
O secretário do Meio Ambiente de Mecklemburgo, Till Backhaus, afirmou que serviços de emergência estão lutando para conter o incêndio por causa das munições não detonadas no solo. Durante a tarde, as chamas chegaram a aproximadamente 50 metros do terreno onde estão enterradas as munições.
As autoridades estimam que 45 toneladas de explosivos e munições ainda estejam enterradas na área, que abrigou um antigo paiol da Kriegsmarine (marinha de guerra da Alemanha nazista) até 1945.
Veículos especiais e helicópteros do Exército dão apoio aos bombeiros, que estão sendo obrigados a ficar a um quilômetro de distância das chamas perto da antiga área militar por causa do risco de explosões.
Cerca de 650 pessoas de três cidades e 100 crianças que estavam em um acampamento de férias perto das chamas foram retiradas da região pelos bombeiros nesta segunda-feira.
A escala do incêndio levou a fumaça a se deslocar para os estados vizinhos de Brandemburgo, Berlim e Saxônia. As autoridades pediram aos moradores que fechem suas janelas e portas.
O cheiro do incêndio podia ser facilmente sentido na capital alemã, que fica a 200 quilômetros, nesta segunda-feira. "O cheiro é irritante, mas não perigoso", escreveu o serviço de bombeiros de Berlim no Twitter.
As autoridades suspeitam que a origem do incêndio é criminosa, e acreditam que ele foi iniciado deliberadamente em três locais diferentes. Os primeiros registros de chamas ocorreram na sexta-feira, mas as autoridades informaram pouco depois que elas haviam sido extintas. No domingo, contudo, a região voltou a ser atingida por um incêndio em outro ponto.
Mais de 70 anos após o conflito mundial, estima-se que milhares de explosivos continuem escondidos em solo alemão. Todos os anos, peritos desarmam cerca de 5 mil bombas, além de toneladas de outras munições.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Bockwoldt
Caos no coração de Berlim
Uma bomba da Segunda Guerra Mundial provocou caos na movimentada região em torno da estação central de Berlim em 20 de abril de 2018. O artefato de 500 quilos foi encontrado por trabalhadores de uma construção na área. Cerca de dez mil pessoas tiveram que deixar suas casas. A estação ferroviária e partes do centro da cidade foram bloqueadas e evacuadas.
Foto: picture-alliance/dpa/Polizei Berlin
Megaoperação em Frankfurt
A maior operação para o desarmamento de uma bomba da Segunda Guerra Mundial na Alemanha ocorreu em Frankfurt. Mais de 60 mil pessoas – cerca de 8% da população da cidade – foram obrigadas a deixar suas casas em 3 de setembro de 2017. Muitos aproveitaram o tempo em museus ou foram ao centro de exposições da cidade, onde comida e sofás foram disponibilizados.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Arnold
Outras grandes cidades
Em maio de 2017, cerca de 50 mil pessoas tiveram que deixar suas casas em Hannover para que especialistas desativassem ao menos cinco bombas encontradas numa obra. Dois meses antes, em Düsseldorf (foto), a descoberta de um artefato de 500 quilos levou à retirada de 8 mil moradores.
Foto: picture alliance/dpa/R.Weihrauch
Uma bomba no Natal
Em 2016, especialistas em Augsburg, no sul da Alemanha, precisaram agir em pleno Natal para desarmar uma bomba de quase duas toneladas. Após 12 horas de muito trabalho, o artefato foi neutralizado, e as cerca de 54 mil pessoas retiradas de suas residências puderam retornar.
Foto: picture alliance/dpa/S. Puchner
Em último caso, explodir
Em agosto de 2012, uma bomba aérea americana da Segunda Guerra precisou ser detonada em Munique, após falharem as tentativas de desativar o artefato de 250 quilos. As ondas de choque causadas pela explosão assistida destruíram fachadas e quebraram janelas. O mesmo ocorreu em 2017 em Oranienburg, no estado de Brandemburgo, que possui a maior concentração de bombas enterradas em solo alemão.
Foto: picture-alliance/dpa
Trabalho arriscado
Em meados de 2010, no meio do processo de desarmar uma bomba em Göttingen, na Baixa Saxônia, o artefato acabou explodindo acidentalmente. Três especialistas morreram, e várias pessoas ficaram feridas. Anos antes, a detonação acidental de uma bomba aérea também deixou mortos na pequena cidade de Wetzlar. Apesar de raros, incidentes desse tipo já mataram 11 peritos desde 2000.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Decker
Munição no fundo do mar
Artefatos explosivos da Segunda Guerra, como bombas e granadas, estão também no Mar Báltico, no Mar do Norte e em águas continentais da Alemanha. Estima-se que 1,5 milhão de toneladas dessas munições sigam debaixo d'água. Muitas foram despejadas pelos próprios alemães durante a guerra para que não caíssem nas mãos dos Aliados; outras foram jogadas no mar a mando das forças vitoriosas.
Alvo de muitos ataques aéreos durante a Segunda Guerra Mundial, Koblenz viu várias bombas serem desarmadas ao longo dos últimos anos. Os residentes da cidade precisaram deixar suas casas em 1999, 2011 e 2015 para que peritos pudessem fazer seu trabalho. Em dezembro de 2011, a desativação e detonação de uma série de artefatos no rio Reno levou à retirada de 45 mil pessoas.
Foto: picture-alliance/dpa/F. von Erichsen
Grande evacuação em Ludwigshafen
Em 1997, uma mina aérea britânica de quatro toneladas foi encontrada na cidade de Ludwigshafen, ao sul de Frankfurt. A desativação do explosivo levou à maior evacuação da história pós-guerra até aquela época: 26 mil pessoas tiveram que deixar suas casas.