Mais de 500 pessoas tiveram de deixar suas casas enquanto o fogo consumia uma área equivalente a 400 campos de futebol. Estiagem e até antiga munição da Segunda Guerra prejudicam os esforços dos bombeiros.
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Um incêndio florestal levou à evacuação de três vilarejos próximos a Berlim nesta sexta-feira (24/08), após as chamas cobrirem uma área equivalente a 400 campos de futebol. Mais de 500 pessoas tiveram de deixar suas casas em razão do rápido avanço do fogo perto de Treubenbrietzen, a cerca de 50 quilômetros da capital alemã.
O fogo começou na tarde de quinta-feira. À noite as autoridades já haviam evacuado os vilarejos de Frohnsdord, Klausdorf e Tiefenbrunnen. Durante a madrugada, o vento carregou a fumaça até a capital, em alguns bairros foi pedido aos moradores que mantivessem suas janelas fechadas. Os serviços de emergência receberam diversas ligações de pessoas preocupadas. Durante a manhã, algumas ruas de Berlim estavam esfumaçadas.
Mais de 300 bombeiros foram deslocados até o local do incêndio. Algumas clareiras foram abertas para evitar que o fogo se espalhasse. Os serviços de emergência utilizam helicópteros e canhões de água no combate às chamas. A fumaça podia ser vista a até dez quilômetros de distância.
A polícia disse que os esforços para conter o fogo foram prejudicados pelo fato de antigas munições da Segunda Guerra Mundial estarem enterradas na floresta. Autoridades locais afirmam que diversas explosões já ocorreram na região.
"Ainda não conseguimos conter as chamas, mas nenhuma das casas foi atingida", afirmou o legislador local Christian Stein.
A maioria dos 540 residentes que tiveram de deixar a região se abrigou em casas de familiares, mas várias pessoas tiveram de passar a noite em abrigos.
"Nunca passamos por nada desse tipo, nem mesmo durante a guerra", disse a moradora de 76 anos Anita Biedermann, enquanto a polícia pedia que ela apanhasse sua identidade, um casaco e medicamentos antes de levá-la para passar a noite em um ginásio nas proximidades.
No início da tarde desta sexta-feira, o fogo havia sido contido o suficiente para permitir que os moradores de um dos três vilarejos, Frohnsdorf, retornassem às suas casas. O governador do estado de Brandemburgo, Dietmar Woidke, deu a boa notícia pessoalmente aos residentes, embora tenha informado que cerca de 250 hectares de floresta ainda estavam em chamas.
Woidke também afirmou que os moradores dos outros dois vilarejos, Tiefenbrunnen e Klausdorf, ainda não poderão passar a noite em suas residências, mas terão uma hora para ir às casas buscar os pertences necessários e alimentar animais de estimação.
"É provável que leve dias até que a situação esteja segura", disse o governador. Segundo ele, este foi o pior caso de incêndio enfrentado por Brandemburgo, onde fica Treubenbrietzen, em 20 anos.
"Já tivemos incêndios florestais antes, mas nunca dessa magnitude", acrescentou o prefeito de Treubenbrietzen, Michael Knappe.
O fogo prejudicou o tráfego ferroviário local, interrompendo parte do trajeto dos trens. Algumas estradas foram fechadas.
A Alemanha atravessa um verão com temperaturas elevadas e poucas chuvas, o que deixou diversas partes do país em alerta para a ocorrência de incêndios florestais. O encarregado das florestas do estado de Brandemburgo disse que cerca de 400 incêndios florestais foram registrados em 2018.
"Espero que o tempo colabore e que os ventos não aumentem", afirmou. "Estamos implorando por chuvas."
O Serviço Meteorológico Alemão (DWD) prevê para esta sexta-feira chuvas esparsas na região.
As temperaturas em meados de 2018 surpreendem os europeus: de quase 48 graus em Portugal a verão recorde de 260 anos na Suécia. Apesar das chuvas escassas por toda parte, há também quem se divirta.
Foto: Getty Images/AFP/T. Schwarz
Portugal: É bom estar na sombra...
Num banco de parque em Lisboa, este cidadão aproveita o calor do sol. E tem havido bastante em Portugal, pois a Península Ibérica recebe as ondas quentes vindas do Norte da África. Até o momento, o recorde de temperatura está com Amareleja, no sul: 47,4°C. Porém também em outras partes do país vigora o alerta vermelho.
Foto: Getty Images/AFP/P. de Melo Moreira
... mas melhor ainda estar na água
Fontes, como esta na praça do Rossio, na capital, oferecem bem-vindo alívio do verão inclemente. Além das temperaturas elevadas, Portugal é alvo de nuvens de areia oriundas do deserto do Saara, tingindo o céu de amarelo escuro em alguns locais.
Foto: Getty Images/AFP/P. de Melo Moreira
Espanha: Perigo de vida
Na vizinha ibérica Espanha, o mercúrio está igualmente em alta, e foram expedidas advertências sobre os perigos para a saúde. No fim de julho, pelo menos três pessoas morreram por complicações relacionadas ao calor excessivo. Este homem de Madri segue os conselhos das autoridades: abrigar-se do sol e beber muito líquido.
Foto: picture-alliance/AP Photo/F. Seco
Itália: Proteção a todo custo
Parece uma cena de chuva, mas é justamente o contrário: um grupo de turistas se protege do sol na Praça de São Pedro, no Vaticano. Apesar das altas temperaturas na Itália, o fluxo de visitantes à cidade-Estado, sede da Igreja Católica, permanece miraculosamente intenso.
Foto: Reuters/M. Rossi
Problema de longa data
As fontes de Roma são numerosas e belas, e uma das grandes atrações turísticas da capital italiana. Na hora do aperto, porém, qualquer fio d'água serve como salvação. Apesar de 2018 ser um ano extremo, ambientalistas lembram que na península as ondas de calor são um problema de longa data: nos últimos 11 anos quase 24 mil morreram na Itália em decorrência de temperaturas veranis excessivas.
Foto: Reuters/M. Rossi
Alemanha: Pouca chuva e castigo solar
Apesar de sua posição setentrional no continente europeu, também a Alemanha tem sofrido temperaturas inusualmente altas, acompanhadas por muito menos chuva do que o normal. Os agricultores solicitaram ajuda governamental para compensar as safras perdidas.
Foto: Getty Images/AFP/T. Schwarz
Paisagem desértica?
O calor fez o nível da água no rio Reno cair dramaticamente, expondo trechos de seu leito – como aqui, em Düsseldorf. Embarcações de transporte estão sendo forçadas a reduzir suas cargas, a fim de não correr o risco de encalhar.
Foto: Reuters/W. Rattay
Áustria: Moda veranil para cães policiais
Na capital austríaca, Viena, o asfalto ficou quente demais para as patas dos cães policiais. A solução não se fez esperar: sapatos feitos sob medida para os agentes caninos da lei. Pelo menos o cão da foto, chamado "Spike", parece ter se adaptado rapidamente a essa moda de verão.
Foto: picture-alliance/Keystone
Inglaterra: Perigo de incêndio nos parques
Na ilha britânica normalmente conhecida por seu clima frio e chuvoso, o verão inusitadamente longo deu cabo de muitos gramados e jardins, como o Greenwich Park de Londres. O Corpo de Bombeiros alerta que parques e outras áreas gramadas se transformaram em verdadeiros palheiros, e o perigo de incêndio é grande, após um julho que foi o terceiro mais quente no Reino Unido em mais de um século.
Foto: Getty Images/AFP/D. Leal-Olivas
Frescor líquido em Londres
Porém mesmo no centro da capital há onde buscar alívio, como nesta fonte da Trafalgar Square. Uma vítima do calor é o comércio londrino: segundo a firma de contabilidade BDO, as vendas no varejo caíram 1,1% em julho. "O calor escaldante não encorajou as compras físicas e dificultou a frequência às lojas."
A nórdica Suécia teve seu julho mais quente em 260 anos. As altas temperaturas propiciaram incêndios florestais que se estenderam até o Círculo Ártico. Na capital Estocolmo, por outro lado, esses habitantes urbanos estão dispostos a ver o tempo quente como um presente de férias, indo nadar no parque Tantolunden.