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Incerteza sobre destino de sonda europeia em Marte

20 de outubro de 2016

Depois de quase sete meses de viagem, módulo Schiaparelli toca o solo marciano para realizar testes científicos e tecnológicos. Perda de sinal, porém, impede saber estado da sonda após pouso.

ExoMars Landung des Moduls Schiaparelli auf dem Mars
Ilustração mostra como seria o posuo da Schiaparelli em MarteFoto: picture-alliance/dpa/ESA

Depois de sete meses de viagem pelo espaço e de uma manobra tecnicamente complicada na fase decisiva da jornada espacial, a sonda Schiaparelli chegou nesta quarta-feira (19/10) a Marte. Cientistas, porém, ainda esperam para descobrir em que estado ela se encontra.

Durante a descida de seis minutos para a superfície, a sonda usou um paraquedas e propulsores para desacelerar a velocidade – de quase 21 mil quilômetros por hora. O sinal, porém, foi perdido pouco antes de o veículo tocar o solo, o que impede saber se o pouso foi suave o suficiente.

"Nós não temos condições de determinar a condição dinâmica em que a sonda tocou o solo", disse Andre Accomazo, chefe de missões planetárias da Agência Espacial Europeia (ESA). "Mais dados serão necessários para saber se ela sobreviveu estruturalmente ou não."

A missão da Schiaparelli é obter imagens e conduzir medições científicas na superfície, mas seu principal objetivo é testar a tecnologia para um pouso futuro de um robô europeu. 

O voo da Schiaparelli é a primeira etapa do ExoMars, um ambicioso programa espacial conduzido em conjunto pela ESA e a Agência Espacial Russa (Roscosmos), que visa examinar a existência de vestígios e formas de vida bacteriana no Planeta Vermelho.

Enquanto a sonda Schiaparelli desbrava Marte, sua nave-mãe, a sonda Gas Orbiter Trace (TGO), entrará na órbita de Marte e, a partir de 2018, começará a analisar o metano e outros gases da atmosfera.

Apreensão

Foi justamente o momento mais complicado, o do pouso da sonda Schiaparelli em Marte, que causou apreensão no Centro Europeu de Operações Espaciais (ESOC), em Darmstadt, na Alemanha, no começo desta semana.

A ESA informou que recebeu o sinal do módulo em Pune, na Índia. As informações indicam que a Schiaparelli entrou na atmosfera de Marte, mas teve dificuldades nos momentos mais complexos da viagem, quando pode haver tempestades de pó, pouco antes de pousar.

O diretor de voo da ESA, Paolo Ferri, disse que no primeiro sinal foi possível observar o início da aterrissagem, a abertura do paraquedas e a separação do escudo frontal do módulo. Depois, o sinal se perdeu e não se sabe se o equipamento pousou em Marte.

Dados do satélite Mars Express, que também orbita Marte e gravou a sequência da queda, indicam que o módulo seguiu os passos programados até se desprender do paraquedas e da proteção térmica. A partir deste ponto, os cientistas não sabem o que ocorreu

Alto custo

Se confirmada a aterrissagem, a sonda de 600 quilogramas – batizada em homenagem ao astrônomo italiano Giovanni Schiaparelli (1835-1910) – vai testar por alguns dias tecnologias que visam preparar o pouso subsequente de um robô explorador de seis rodas na superfície de Marte. Este robô faz parte da segunda missão do programa ExoMars, cujo lançamento está previsto para 2020.

A Schiaparelli está equipada com uma pequena estação meteorológica para medir temperaturas, pressão e velocidade dos ventos, além de campos elétricos na superfície de Marte. Sua bateria não é recarregável, portanto sua missão estará encerrada no máximo em dez dias.

Enquanto isso, a TGO entrará numa órbita circular em torno do planeta. Devido às complexas manobras de frenagem, este processo leva um ano inteiro. Por isso, sua missão de analisar os gases na atmosfera marciana pode ser iniciada somente em 2018.

Com as caríssimas missões ExoMars 2016 e ExoMars 2020, Rússia e Europa querem rastrear traços de vida no planeta vizinho. Os cientistas esperam especialmente encontrar vestígios de gases como o metano, pois possíveis fontes destes gases poderiam ser organismos biológicos – porém, também vulcânicos.

Originalmente, a ESA planejou realizar a missão em conjunto com os EUA, mas os americanos deixaram o projeto em 2011 por questões financeiras. Em seguida, os europeus buscaram a parceria da Roscosmos. Ambos veem o projeto como uma prova de que uma cooperação entre Ocidente e Oriente em tempos politicamente complicados é possível.

Para a Agência Espacial Europeia, os custos de ambas as missões estavam orçados em 1,5 bilhão de euros. O valor, porém, deve aumentar – também como consequência do adiamento em dois anos da missão final, agendada para 2020.

A ExoMars é a segunda tentativa da Europa em aterrissar em solo marciano. Dá 13 anos, a sonda europeia Mars Express lançou a minissonda Beagle 2, que nunca deu sinal de vida. Somente em 2015 é que as imagens de uma sonda americana permitiram constatar que a Beagle 2 tinha efetivamente aterrissado, mas que os seus painéis solares não estavam todos armados.

Até agora, só os Estados Unidos tinham conseguido pousar no Planeta Vermelho com equipamentos que possibilitaram se comunicar com a Terra.

PV/dpa/afp/rtr/lusa/ap

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